Festivais de heavy metal ganham fôlego e desafiam a resistência do Brasil ao ritmo

No Brasil, o heavy metal sempre foi considerado um gênero de público limitado a seu nicho de fãs. Surgiu nos anos 1980 em cenas underground e nunca figurou entre os ritmos mais ouvidos do país. Desde o fim da pandemia, no entanto, o estilo tem ganhado espaço no circuito nacional, com megaeventos que movimentam muito dinheiro.

Essa onda toda aconteceu principalmente por causa de festivais como o alemão Summer Breeze Open Air, que realizou sua segunda edição no Brasil em maio deste ano, em São Paulo; o Knotfest e o Bréa Extreme, que estão marcados para outubro, ambos na capital paulista; e o tradicional dia dedicado ao metal do Rock in Rio, que acontece em setembro na capital fluminense.

Os grandes shows de metal no país remontam à década de 1980, com apresentações que foram seminais para o gênero, como a turnê do Kiss, realizada em 1983, e a estreia do Rock in Rio, em 1985, que teve shows de Iron Maiden, Ozzy Osbourne e Scorpions.

Mas a realização de festivais no Brasil centrados no heavy metal nem sempre teve bons resultados —o Monsters of Rock, por exemplo, sucesso inconteste nos Estados Unidos e na Europa, teve edições espalhadas pelas décadas de 1990, 2010 e 2023 no Brasil, mas sem muita consistência.

O executivo Cláudio Vicentin, que criou a revista Roadie Crew, sobre heavy metal, no fim dos anos 1990, passou a se envolver com produção de eventos. Em 2005 e 2006, teve êxito com o festival Live’N’Louder em São Paulo, com Scorpions, Nightwish e Shaman.

O festival teve ainda outras edições nessa época, mas, por questões financeiras, não continuou, o que também aconteceu com os festivais estrangeiros, de organizadores que decidiram recuar. O maior sucesso de Vicentin veio com o Summer Breeze, que reuniu cerca de 35 mil pessoas em sua edição mais recente, em maio, no Memorial da América Latina.

"Quando comparamos com dez, 15 anos atrás, parece que o metal atingiu um novo nível de popularidade. Isso atingiu outra parte da mídia e também as marcas, que patrocinam esses festivais", afirma Vicentin. "Elas já entenderam que o público do metal é um público com poder aquisitivo, que pode viajar e consumir."

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