Bíblia na escola: um debate que nasceu torto

A maioria dos políticos brasileiros nunca demonstrou grande preocupação em abastecer de boa literatura as nossas escolas e bibliotecas públicas. No entanto, mais recentemente surgiram várias iniciativas para que o Estado adquira e distribua para alunos e leitores um livro. Não se trata, é claro, de um livro qualquer. Trata-se da Bíblia.

As primeiras iniciativas partiram de políticos evangélicos, em geral situados à direita do espectro político. Mas o potencial eleitoreiro não se limitou aos conservadores. Recentemente, durante um congresso pentecostal, o governador petista do Ceará, Elmano de Freitas, prometeu fornecer Bíblias às escolas de seu estado. A fala ia ao encontro de uma proposta de lei que inclui o livro religioso como temática transversal nos currículos das escolas cearenses, de autoria do deputado Apóstolo Luiz Henrique.

A possibilidade de o Estado, que é laico, comprar com dinheiro público um livro religioso não passou desapercebida, e o Ministério Público já havia entrado com ações questionando a legalidade dessas ações. Com a grande dose de desinformação, típica desse debate, alguns afirmaram que o MP seria contra a Bíblia. Na verdade, o que os promotores questionam é a constitucionalidade de o poder público determinar através de uma lei a aquisição e distribuição de um livro religioso em detrimento de outros.

O caso está nos tribunais e, modestamente, eu penso que o MP tem perfeitamente razão. Em uma sociedade multirreligiosa e em um Estado que, além de ser laico, deve ser o garantidor de todas as manifestações religiosas, seria uma interferência indevida e indesejável na vida escolar e cultural.

Isso significa que a Bíblia não deva estar nas escolas e bibliotecas públicas? Pior ainda, que se deva proibi-la nesses ambientes? O fato é que esse debate nasceu tão torto que uma outra dimensão importante foi completamente perdida e merece ser resgatada.

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