Ricos devem contribuir para preservar florestas

Merece apoio a proposta em gestação no governo federal de um fundo internacional chamado Florestas Tropicais para Sempre. Seria passo decisivo para países ricos demonstrarem, com desembolsos de recursos novos, um compromisso mais firme e equitativo com o desafio do aquecimento global.

A iniciativa brasileira esteve no centro da entrevista de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, à 💥️Folha. Segundo ela, calcula-se que o Brasil possa receber R$ 8 bilhões anuais do fundo inovador.

Há muitas e boas razões climáticas para preservar florestas tropicais, mesmo sem considerar a manutenção de sua biodiversidade. Derrubadas como são no ritmo atual, essas matas densas contribuem, dependendo do ano e da estimativa, com 10% a 20% do carbono emitido no planeta a intensificar o efeito estufa.

Reduzir o desmatamento constitui meio mais rápido e barato de mitigar a crise do clima do que reformar toda a base instalada em setores ciclópicos como energia e transportes. Ademais, florestas saudáveis retiram carbono da atmosfera, absorvendo com a fotossíntese CO2 emitido alhures.

Já existe mecanismo para remunerar nações detentoras de florestas tropicais, conhecido no jargão das negociações ambientais como REDD+, mas ele focaliza a redução do desmatamento. O Fundo Amazônia, mantido por Noruega e outros países, faz pagamentos ao BNDES quando recuam taxas de desflorestamento por aqui.

O Brasil fixou meta de reduzir o desmate a zero em 2030. Caso alcance o objetivo ambicioso, a biodiversidade remanescente na amazônia, no cerrado e na mata atlântica seguirá prestando benefícios à saúde do planeta, como a mitigação da mudança climática e a regularização de recursos hídricos.

Nada mais justo, portanto, que debater desde já como recompensar países por tais serviços. Faz bem a ministra em liderar essa formulação no governo federal e nas negociações internacionais sobre clima, para que ela amadureça a tempo de ser adotada na conferência de 2025 em Belém, a COP30.

Haverá resistências. Nações desenvolvidas sempre regatearam o cumprimento de compromissos de prover fundos para prevenir e arrefecer a crise do clima, em obediência ao princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, adotado na Rio-92.

No Brasil, obstáculos a tais iniciativas foram erguidos durante décadas por setores retrógrados do Itamaraty e do estamento militar. Escombros dessa paranoia ressurgiram no governo Jair Bolsonaro (PL), mas foram soterrados de novo pelas evidências em favor da realidade da emergência climática.

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