Imprecisões recheiam falas de pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate
No segundo debate entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, nesta quarta-feira (14), além de ofensas e agressões, houve muita desinformação e dado incorreto. O evento, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, em parceria com o Portal Terra e com a Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), contou com a presença de Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
Em sua estreia em debate, Marina citou a primeira informação imprecisa. Ao comentar sobre o tema da educação com o prefeito Ricardo Nunes, a economista afirmou que a prefeitura teria um documento abordando o "bloqueio hormonal da puberdade para meninos e meninas trans a partir dos 8 ou 9 anos de idade", mas não é bem assim.
Há um documento, lançado em 2023 e chamado de "Protocolo para Cuidado Integral à Saúde de Pessoas Trans, Travestis ou com Vivência de Variabilidade de Gênero", que, de fato, fala em bloqueio puberal, mas menciona que, no Brasil, a prática só é permitida em caráter experimental e em serviços com projeto de pesquisa, mediante aprovação de responsáveis.
Após o debate, a prefeitura afirmou, em nota, que "é inteiramente falsa a afirmação irresponsável de que a Secretaria Municipal da Saúde promove o bloqueio puberal em crianças por meio de hormônios".
Concorrendo pela primeira vez ao cargo, Marçal repetiu ataque sem evidências que havia feito no debate da Band, na quinta-feira da semana passada (8), sobre Boulos ser usuário de cocaína. "Eu sou o Golias [personagem bíblico] e vou derrubar o Davi ali aspirador de pó", disse o empresário no debate desta quarta.
A Justiça Eleitoral de São Paulo já determinou duas vezes a derrubada de vídeos publicados pelo influenciador em que ele associa o deputado federal ao consumo de cocaína. Como a Folha mostrou, Boulos também pediu que Marçal seja investigado por crime contra a honra e divulgação de notícias falsas com o objetivo de influenciar a eleição —ainda não houve decisão sobre a ação.
Marçal também engana ao dizer que não foi condenado, acusação feita por Boulos. O coach foi condenado por furto qualificado em 2010, em crime que desviou dinheiro de bancos ocorrido em meados de 2005, quando tinha 18 anos.
Segundo o Ministério Público Federal, na época, Marçal capturava emails de vítimas para um dos líderes da organização, além de consertar os computadores dos criminosos. O empresário admite que colaborou com o grupo, mas diz que não tinha conhecimento dos atos ilícitos. A pena prescreveu.
Já Nunes exagerou ao falar sobre a redução da gravidez na adolescência. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde, houve uma redução de 41% no índice nos últimos seis anos, e não de 57%, como citado pelo prefeito durante o debate. Na faixa etária dos 10 aos 14 anos de idade, a diminuição foi de 45%.
Tecnicamente empatado com o prefeito nas pesquisas, Boulos também recorreu a informações imprecisas para atacar adversários. Ao falar sobre propostas para segurança pública na capital paulista, o deputado defendeu a ampliação da Guarda Civil Metropolitana e fez uma comparação incorreta com o tamanho do efetivo carioca: "Hoje a GCM [de São Paulo] é menor do que a do Rio de Janeiro".
Em São Paulo, a corporação tem cerca de 7.500 integrantes, enquanto o efetivo da Guarda Municipal do Rio de Janeiro tem 7.202 guardas. Por sua vez, no cálculo proporcional à população da cidade, na capital paulista o número é menor, sendo um GCM para cada 1.526 habitantes, contra 1 para 862 no Rio.
Boulos tambem desinformou ao dizer que o Programa Guardiã Maria da Penha conta com oito viaturas. Segundo a prefeitura, são 14.
O tucano Datena citou uma desinformação que circula desde o pleito municipal passado ao dizer que o psolista era contra o programa de creches conveniadas da prefeitura, o que não é verdade.
Na mesa de debate com Marçal, Tabata Amaral desinformou ao criticar Nunes e jogar para baixo o número de crianças estudando em período integral na cidade. Afirmou que apenas 6% delas estão neste sistema, o que não é verdade. Atualmente, na educação infantil, que vai até os 6 anos de idade, 100% das crianças são atendidas em diárias de oito horas ou mais, segundo dados do Conselho Municipal de Educação. E pouco mais de 40% de alunos de todas as idades estudam em tempo integral no sistema municipal paulistano.
ChecamosÉ um projeto dedicado ao combate da desinformação nas redes sociais patrocinado pela Philip Morris Brasil.
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