Nova linhagem do oropouche coincide com surto da febre na Amazônia, diz estudo
Um estudo feito por pesquisadores brasileiros sugere que o surgimento de uma nova linhagem do vírus oropouche (Orov) pode estar relacionado ao surto de febre oropouche na região amazônica que acontece desde 2022.
Segundo os pesquisadores, 382 análises genômicas em pacientes revelaram que o recente aumento de casos coincide com o surgimento de uma nova linhagem viral que provavelmente surgiu no estado entre 2010 e 2014 e se dispersou silenciosamente durante a segunda metade da década de 2010.
O artigo, em versão inicial para publicação, foi assinado por pesquisadores da Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz) e dos laboratórios centrais de saúde pública de Roraima, Amazonas, Rondônia, Acre, Paraná, dentre outros institutos.
O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (25), duas mortes por febre oropouche, que aconteceram na Bahia. Até então, não havia registros na literatura científica de mortes pela doença.
Em 2024, já há 7.236 casos em 16 estados, de acordo com a pasta. A doença é considerada endêmica da região amazônica, mas, de acordo com especialistas, houve uma melhora na testagem nacional desde o ano passado, o que contribui para os maiores registros de casos.
O vírus é transmitido pelo mosquito ✅Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim.
Ainda segundo o estudo, a nova linhagem contém o segmento de vírus detectados na região leste da Amazônia de 2009 a 2018 e dois segmentos de vírus detectados no Peru, Colômbia e Equador, de 2008 a 2023.
As descobertas apontam uma dispersão silenciosa de curto prazo da variante na década de 2010 até a sua detecção pela primeira vez na cidade de Tefé (AM), em 2015, e, mais tarde, na Guiana Francesa em 2023.
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De acordo com a pesquisa, a propagação do vírus foi impulsionada principalmente por movimentos de curto alcance, consistente com o padrão de um voo dos mosquitos infectados, mas também por migrações de longo alcance (maior que 10 km), consistente com a dispersão viral por atividades humanas.
No entanto, ainda não há evidências que apontam se a nova linhagem é mais infecciosa.
Os pesquisadores dizem que eventos climáticos extremos se tornaram mais frequentes na Amazônia, o que pode ter alterado a dinâmica de transmissão endêmica e epidêmica do vírus.
Paisagens florestais fragmentadas e a perda de vegetação devido ao desmatamento e à expansão do uso agrícola foram apontados como principais impulsionadores da transmissão pelos cientistas.
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