Festival Arte Serrinha reúne artistas lusófonos para produzir em meio ao verde

Na manhã de uma quinta-feira ensolarada de inverno, Shirley Paes Leme saiu para coletar galhos de árvores na floresta de uma fazenda em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Com seus assistentes, a artista encheu a parte traseira de uma pequena caminhonete com o material, que usará para construir, nas suas palavras, uma escada para o infinito.

As cabanas montadas com galhos secos foram as primeiras moradias do homem quando ele saiu das cavernas, diz a artista, ao justificar a obra, que terá mais de 20 metros de comprimento e será fundida em bronze.

O trabalho —desenvolvido por ela numa residência artística na Fazenda Serrinha— está previsto para ser exibido ao público no primeiro semestre do ano que vem, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Assim como Paes Leme, outros artistas brasileiros, portugueses e angolanos passaram uma semana criando neste ambiente idílico localizado a pouco mais de uma hora de carro da capital paulista —em meio ao verde, com um gramado para tomar Sol depois do almoço e gatos que iam e vinham pelas estradas de terra.

A residência foi um convite aos artistas do Festival Arte Serrinha, que este ano chegou à 22ª edição na propriedade rural do idealizador do festival, Fabio Delduque. Também participaram o recifense Jonathas de Andrade, os angolanos Gegé M'bakudi e Wyssolela Moreira e os portugueses Jorge das Neves e Inês Moura, além do curador português Carlos Antunes, da Bienal de Coimbra.

Os artistas tinham a tarefa de desenvolver obras acerca do tema "atlânticos", que serão exibidas no Museu da Língua Portuguesa. A ideia da residência era reunir artistas lusófonos para pensar "que futuros podemos construir juntos", diz Delduque. "Mais de onde a gente é parecido do que das diferenças."

A questão da identidade fará parte da obra de Inês Moura, portuguesa de Coimbra que viveu em São Paulo por mais de dez anos e que investiga em sua prática artística a imigração e a travessia do Atlântico. Ela conta que, quando um vaso de plantas foi movido de seu lugar na varanda de uma casa na fazenda, viu impresso no piso a marca deixada por ele —um círculo partido ao meio.

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