Como Kamala Harris dominou o Partido Democrata em 48 horas

No final da manhã de domingo (21), a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, convocou um pequeno grupo de seus conselheiros e aliados mais próximos para o Observatório Naval, onde ela mora e trabalha, com pouco aviso e ainda menos informações.

O presidente Joe Biden havia informado Kamala mais cedo naquele dia que estava desistindo da corrida. A vice-presidente reuniu sua equipe para que, no exato momento em que o presidente formalmente desistisse, às 13h46 (14h46 no horário de Brasília) — um minuto depois que o presidente informou sua própria equipe sênior —, eles estivessem prontos para agir.

O tempo era essencial. Uma extensa lista de contatos dos democratas mais importantes a serem alcançados havia sido preparada antecipadamente, de acordo com duas pessoas com conhecimento da situação. A vice-presidente, de tênis e moletom, começou a ligar metodicamente para os líderes democratas.

"Eu não ia deixar esse dia passar sem você ouvir de mim", Kamala repetiu várias vezes, enquanto o dia virava noite, de acordo com cinco pessoas que receberam suas ligações ou foram informadas sobre elas.

Ela ligou para ex-presidentes democratas, muitos de seus potenciais adversários na corrida pela candidatura do partido —incluindo os governadores Gretchen Whitmer de Michigan, J.B. Pritzker de Illinois e Josh Shapiro da Pensilvânia—; líderes congressistas; o senador Bernie Sanders; e outros democratas de alto escalão, disse uma pessoa com conhecimento direto da lista de contatos.

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A blitz demonstrou exatamente o tipo de vigor e energia que havia faltado a Biden nas últimas semanas. O presidente havia feito supostamente 20 ligações para democratas do Congresso nos primeiros dez dias após o debate, enquanto sua candidatura estava em jogo. Kamala fez cem ligações em dez horas.

Ao mesmo tempo em que Kamala estava ligando, uma nova operação de mobilização foi criada para conquistar os delegados que, no final, escolherão o candidato, integrando sua equipe e a operação de delegados pré-existentes da campanha Biden-Harris.

Dentro de 48 horas, Kamala havia eliminado o campo democrata de todo adversário sério, conquistado o apoio de mais delegados do que o necessário para garantir a indicação do partido, arrecadado mais de US$ 100 milhões (R$ 563 milhões) e entregado uma mensagem mais clara contra o ex-presidente Donald Trump do que Biden havia conseguido em meses.

Foi uma exibição notável de domínio precoce para Kamala e um derramamento orgânico de entusiasmo. E permitiu que um Partido Democrata que havia prendido a respiração coletivamente no mês desde o debate desconfortavelmente inarticulado de Biden finalmente pudesse respirar aliviado.

A vice-presidente em exercício sempre seria a favorita para vencer a indicação democrata se e quando Biden se afastasse. Negar Kamala também significaria romper com um dos eleitorados mais valiosos e leais do partido: as mulheres negras.

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