Como bom aluno que trabalhava em lar de idosos se tornou autor de atentado contra Trump

Para Thomas Crooks, o lar de idosos nos subúrbios de Pittsburgh, onde ele servia refeições e lavava pratos por US$ 16 (R$ 89) por hora, era apenas mais um canto solitário de uma vida quase invisível. Ele era educado, mas distante, segundo um ex-colega, almoçava sozinho na sala de descanso e raramente falava com alguém.

Mas, na semana passada, enquanto a região oeste da Pensilvânia se preparava para o espetáculo barulhento de sediar um comício para o ex-presidente Donald Trump, Crooks se aproximou de seus chefes com um pedido, disseram autoridades policiais: ele queria folga no sábado.

Ele disse a eles que tinha algo importante para fazer.

Foi uma das poucas pistas que surgiram até agora de que o graduado em ciências da engenharia de 20 anos estava planejando se tornar um assassino político. Uma semana depois de Crooks abrir fogo no comício e ser morto pelo Serviço Secreto, sua ideologia e motivos continuam sendo uma questão intrigante para investigadores e pessoas que cruzaram seu caminho.

Em dezenas de entrevistas, ex-colegas de classe, professores e vizinhos disseram que ainda não conseguiam assimilar suas lembranças de Crooks —um adolescente desajeitado e inteligente que gostava de mexer com computadores e passava seus fins de semana jogando videogame— com a imagem do atirador de cabelos compridos no comício, armado com o rifle AR-15 de seu pai enquanto subia em um telhado e mirava no ex-presidente. Trump sofreu um ferimento na orelha, dois espectadores foram feridos e um foi morto.

"É aí que estou tendo dificuldade; eu vi fotos horríveis de um indivíduo com quem fiquei a 15 centímetros de distância, apertando sua mão, chamando-o na aula", diz Xavier Harmon, que via Crooks quase diariamente na aula de tecnologia da computação que ele lecionava em uma escola técnica.

Muitos dos jovens que atacaram escolas, cinemas, supermercados e igrejas nos últimos anos insinuaram de forma deliberada ou não intencional sua raiva, fantasias violentas ou planos antes de seus ataques —um fenômeno que os pesquisadores chamam de "vazamento".

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Investigadores descobriram o que agora poderia ser visto como sinais preocupantes: o telefone do atirador mostrou que ele leu notícias sobre o adolescente que matou quatro estudantes na Escola Secundária de Oxford, em Michigan. Crooks recebeu vários pacotes, incluindo vários marcados como "material perigoso", nos últimos meses. Ele pesquisou "grande transtorno depressivo" em um celular encontrado posteriormente em sua casa.

Crooks também pesquisou uma lista bipartidária de figuras políticas, incluindo Trump, o presidente Joe Biden e o procurador-geral Merrick Garland, disseram autoridades do FBI aos membros do Congresso. Ele também buscou as datas do comício de 13 de julho de Trump em Butler, Pensilvânia, bem como a Convenção Nacional Democrata em Chicago.

E, no mais recente detalhe a surgir, autoridades federais disseram na sexta-feira (19) que acreditam que Crooks voou com um pequeno drone sobre o local do comício no dia do tiroteio, em uma tentativa de vigiar a cena.

Os investigadores não encontraram, no entanto, evidências de que Crooks tivesse fortes convicções políticas ou uma motivação ideológica.

Especialistas que estudam as histórias de atiradores afirmam que a imagem emergente de Crooks se assemelha mais a um atirador de escola do século 21 do que a um John Wilkes Booth [o assassino de Abraham Lincoln].

"Quando alguém ataca um presidente, nosso instinto é dizer: 'isso deve ter motivações políticas'", diz James Densley, um dos fundadores do Violence Project, que compilou um banco de dados abrangente de ataques a tiro. "O que podemos estar vendo aqui é: isso foi alguém com a intenção de perpetrar violência em massa, e ele escolheu um comício político."

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