Chefe de clima da ONU pede ação após furacão destruir casa de sua avó no Caribe

O chefe da convenção da ONU sobre mudanças climáticas pediu aos governos que tomem medidas urgentes para combater o aquecimento global depois que a casa de sua avó na ilha caribenha de Carriacou foi totalmente destruída pelo furacão Beryl, tempestade de categoria 5 mais precoce já registrada no Atlântico.

Em visita a Carriacou, Simon Stiell disse que o que ele e sua comunidade estão vivenciando é a mesma "devastação que se tornou muito familiar para centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo".

Stiell afirmou que relatórios iniciais indicam que 98% das casas e edifícios na ilha de Granadina foram destruídos ou severamente danificados pelo furacão, que atingiu o local em 1º de julho, antes de passar pelas Ilhas Cayman, pela península de Yucatán no México e chegar ao Texas na semana passada.

"Tragicamente, essa perturbação de vidas e meios de subsistência causada por Beryl não é única. É o crescente custo da carnificina climática desenfreada, em todos os países da Terra", disse Stiell.

"Se os governos em todos os lugares não agirem, toda economia e 8 bilhões de pessoas enfrentarão esse trauma contundente de frente, de forma contínua."

Anteriormente ministro do meio ambiente de Granada, Stiell assumiu o cargo de secretário-executivo da convenção da ONU sobre mudanças climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) em 2022.

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Apoiadores apostaram que sua experiência política e conhecimento dos problemas enfrentados por pequenas ilhas vulneráveis às mudanças climáticas poderiam ajudar a impulsionar uma ação maior dos países nas negociações climáticas da ONU. Mas Stiell enfrenta constante resistência dos grandes emissores de gases de efeito estufa entre os países do G20.

"O G20 é responsável por 80% da poluição por gases de efeito estufa", disse Stiell. "Eles devem liderar com novos planos climáticos nacionais inovadores —esperados para o início do próximo ano— que cumpram a promessa feita por todos os países no ano passado de fazer a transição para longe de todos os combustíveis fósseis."

Ele alertou que os países estão enfrentando "ciclos intermináveis de dívida" ao pedirem empréstimos para se reconstruírem e, logo mais, enfrentarem outro "desastre causado pelo clima", desviando recursos da educação e da saúde nesse processo.

"Esses desastres impulsionados pelo clima não apenas destroem vidas e comunidades quando ocorrem. Eles impõem enormes custos contínuos em todo o mundo", acrescentou, citando um relatório que apontou que não enfrentar as mudanças climáticas é muito mais caro do que a implementação de medidas para interromper o aumento da temperatura.

"Beryl é mais uma prova dolorosa: todos os anos, os custos climáticos impulsionados por combustíveis fósseis são uma bola de demolição econômica atingindo bilhões de lares e pequenas empresas."

As temperaturas do mar foram recorde nos últimos 15 meses. Os oceanos mais quentes alimentam, por sua vez, furacões ao gerarem taxas de precipitação aumentadas e velocidades do vento mais altas.

Os meteorologistas alertam para uma temporada de furacões no Atlântico mais severa, de junho a novembro, com concentração de eventos geralmente de meados de agosto a meados de outubro.

Em maio, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa, na sigla em inglês) disse haver uma chance 85% maior de uma temporada de furacões acima da média no Atlântico este ano, atribuída a uma "confluência de fatores", incluindo as mudanças climáticas e a transição para o La Niña, que também está ligado a um aumento na atividade de tempestades.

Em discurso gravado em vídeo, Stiell pode ser visto em meio aos destroços de um prédio que ele disse ser a sala de estar de seu vizinho. "A casa da minha própria avó, na rua ao lado, foi totalmente destruída."

Embora várias pessoas tenham morrido pelo furacão em Granada, a família de Stiell está em segurança, apesar dos danos materiais.

"O que a crise climática fez com a casa da minha avó não deve se tornar o novo normal da humanidade. Ainda podemos evitar isso, mas apenas se as pessoas em todos os lugares se manifestarem e exigirem ações climáticas mais audaciosas agora, antes que seja tarde demais", disse.

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