Werner Herzog lembra bastidores espantosos de filmes em suas memórias

"Muitas coisas na minha vida se afiguram para mim como se eu andasse numa corda bamba, a maior parte do tempo sem perceber que à minha esquerda e à minha direita um abismo se escancarava."

É assim que o alemão Werner Herzog se descreve em "Cada Um por Si e Deus Contra Todos", seu livro de memórias.

Não são poucas as passagens em que o diretor de obras como "O Enigma de Kaspar Hauser" e "O Homem Urso" parece tentar, por meio da palavra, compreender a si e dar concretude a lugares, pessoas e experiências que o constituem e que, por consequência, habitam seus filmes.

Artista prolífico, que fez os primeiros curtas aos 21 anos e segue em atividade aos 82, o diretor revela também um pleno domínio desta forma literária: quando se dedica à genealogia familiar ou à descrição de gente que cruzou seu caminho, faz lembrar Pedro Nava, o grande memorialista brasileiro.

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Acontece que a vida de Herzog é a de um cineasta andarilho, que rodou o mundo, às vezes a pé, em busca de locações perfeitas, personagens improváveis e atores ideais. Por isso, "Cada Um por Si e Deus Contra Todos" é também sobre a produção de imagens. Mas, diferentemente de muitos livros de cineastas, seu fio condutor é a vida —com seus encontros, mistérios e tragédias.

A narrativa começa com a descrição de uma construção de pedra no cemitério de uma aldeia em Creta. Herzog, então 16 anos, se impressiona não só com o morto, com dois tufos de algodão no nariz, mas com o mar ao redor, "liso como um espelho". Foi também ali que esbarrou nos moinhos de vento que dariam origem ao roteiro de seu primeiro longa-metragem, "Sinais de Vida".

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