Furacões, terremotos e outros desastres ameaçam 1 em 10 espécies de vertebrados

Cerca de uma em cada dez espécies de vertebrados no mundo sofrem ameaça de extinção devido a fenômenos naturais, como furacões, terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas.

Do total de vertebrados terrestres (34.035), 10,9% (3.722) têm algum risco de ameaça devido aos fenômenos naturais, sendo 16% dos anfíbios, 14,5% dos répteis, 7% dos mamíferos e 5,7% das aves. Ainda, 54% destas (2.001) apresentam alto risco.

Essas são as conclusões de um estudo que analisou, pela primeira vez, a relação entre a área de distribuição dos vertebrados e a sobreposição com regiões onde esses fenômenos ocorrem. Os efeitos nas populações animais de perda de habitat com, por exemplo, desmatamento, da caça e de outras ações antropogênicas que vivem em áreas de risco podem acelerar ainda mais essa extinção, dizem os autores.

A pesquisa foi liderada pelo biólogo brasileiro Fernando Gonçalves, do Centro para Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças no Clima, da Unesp (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho") de Rio Claro e também pós-doutorando na Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e foi coordenada por Mauro Galetti, professor titular de ecologia do Departamento de Biodiversidade, também da Unesp.

O artigo foi publicado no último dia 17 na revista especializada PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas

Os vertebrados são divididos entre peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. No entanto, a pesquisa analisou a influência dos fenômenos naturais como furacões, terremotos, tsunamis e vulcões em anfíbios, répteis, aves e mamíferos, que compõem o grupo dos vertebrados terrestres (ou tetrápodes).

Para avaliar o grau de impacto desses eventos, os pesquisadores analisaram 50 anos destas atividades naturais e cruzaram com a área de distribuição de espécies de vertebrados, bem como a sua classificação de risco conforme a lista IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).

Os fenômenos naturais têm maior impacto em espécies insulares (que vivem em ilhas) e naquelas cujas populações na natureza são reduzidas, podendo, assim, ultrapassar a capacidade de resiliência delas frente às mudanças, levando à extinção.

Foram identificadas 8.813 espécies com populações reduzidas ou com uma distribuição global restrita –também chamadas de espécies endêmicas. As 3.722 espécies com alguma ameaça vivem em áreas onde há a sobreposição desses dois fatores —isto é, fenômenos naturais e distribuição geográfica restrita ou populações com baixo número de indivíduos.

Já aquelas consideradas de alto risco (2.001) tinham até 25% da sua área de distribuição sobreposta aos eventos naturais. O problema é agravado quando, devido à crise climática, os eventos extremos se tornam mais frequentes e intensos, explica Gonçalves.

"O grande fator de novidade deste estudo é que, embora a gente tenha diversas publicações demonstrando o efeito antropogênico na extinção das espécies, não existe nenhum analisando o efeito de fenômenos naturais e se eles podem ou não acelerar a extinção. Mas vulcões, terremotos e tsunamis são eventos geológicos que ocorrem no planeta há muitos anos", explica.

Recentemente, os estragos causados pelo furacão Beryl, no Caribe, reforçam a necessidade de olhar com atenção para como esses fenômenos intensos podem provocar danos irreparáveis à fauna e flora locais. "Já trabalhei muito naquela região, do Caribe, e vi o dano que os furacões podem causar, ao mesmo tempo que vi poucas ações [de conservação] que ajudem a biodiversidade", afirma o biólogo.

O que você está lendo é [Furacões, terremotos e outros desastres ameaçam 1 em 10 espécies de vertebrados].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...