Pretas e pardas, do Norte e do Nordeste: dados inéditos traçam perfil de mulheres submetidas à escravidão contemporânea

Nascidas no Norte ou no Nordeste, pretas ou pardas, analfabetas ou com o ensino básico incompleto. Esse é o perfil da maioria das 💥️2.488 mulheres resgatadas do trabalho análogo à escravidão durante os últimos 💥️20 anos no país.

Os dados são inéditos e foram compilados a pedido do 💥️g1 pela 💥️Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), órgão que integra o Ministério do Trabalho e Previdência (MTP).

Mulheres corresponderam a apenas 5% do total de pessoas resgatadas em duas décadas. Segundo a auditora-fiscal do trabalho Jamile Virginio, que integra o Detrae, essa diferença se dá, em parte, porque a atuação do Detrae sobre atividades historicamente ligadas ao gênero feminino é recente.

"Foi somente em 2017 e 2023 que ocorreram os primeiros resgates no 💥️trabalho doméstico e no 💥️mercado do sexo".

A região que concentrou o maior número de casos foi o 💥Sudeste, enquanto a maior parte das vítimas era natural de estados do Norte ou do Nordeste.💥Os estados que concentraram mais de 💥️80% dos resgates são:

O Detrae também compilou dados sobre as 💥️atividades desenvolvidas pelas resgatadas e as funções desempenhadas na zona rural são as que mais concentram casos. 💥️Mais de 70% dos casos são relacionados às seguintes ocupações:

Jamile conta que a diferença numérica nos resgates de homens e mulheres é tema frequentemente discutido entre inspetores do trabalho. Ela aponta que papeis sociais tradicionalmente ligados a homens e mulheres podem ajudar a entender o cenário.

Para ela, essa dinâmica torna comuns os processos migratórios em busca de trabalho. "A condição de 💥️migrante é causa de 💥️vulnerabilidade frequentemente associada à exploração em condições análogas à escravidão."

A auditora ressalta outro ponto como explicação para os números. "O trabalho doméstico não remunerado e os cuidados com os familiares recaem de forma desproporcional sobre as mulheres, limitando seu potencial econômico."

Outro fator citado por ela é geográfico. "O foco, durante muitos anos, foi em atividades realizadas na 💥️zona rural, atividades preponderantemente masculinas".

As violações começaram a ser identificadas no 💥️ambiente urbano só a partir de 2022, em áreas como construção civil e confecção de roupas.

Mesmo diante desse contexto, a fiscal do trabalho aponta que são necessárias medidas para aumentar o número de resgates de mulheres. "O primeiro passo é reconhecer que as atividades frequentemente desempenhadas por elas necessitam de um 💥️olhar mais atento de nossa parte."

As políticas públicas de combate ao trabalho escravo se iniciaram em 1995, mas só a partir de 2003 é que informações sobre o perfil das vítimas começaram a ser coletadas.

A mudança se deu após a criação do 💥️Seguro-Desemprego Trabalhador Resgatado, estabelecido em 💥️2002 para amparar vítimas de regimes forçados ou em condições análogas à de escravo.

Para receber o benefício, as trabalhadoras forneceram informações pessoais e, desta maneira, os dados passaram a ser compilados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

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