Resgate de 56 pessoas em situação semelhante à escravidão é o 3º maior da história do RS, diz MPT

Trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação 1 de 3 Trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação

Trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação

O resgate de 56 pessoas em situação semelhante à escravidão em duas lavouras de arroz no interior de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, é o maior no município e o terceiro maior da história do estado. A informação consta nos registros oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT).

O resgate de 207 pessoas em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, em fevereiro deste ano, foi o maior da história do estado, conforme o MPT. A segunda maior operação ocorreu em abril de 2022, quando foi identificada uma série de irregularidades contra um grupo de 80 pessoas que trabalhavam na colheita da maçã, no município de Bom Jesus.

Trabalho escravo Uruguaiana — Foto: Polícia Federal 2 de 3 Trabalho escravo Uruguaiana — Foto: Polícia Federal

Trabalho escravo Uruguaiana — Foto: Polícia Federal

A operação em Uruguaiana foi desencadeada a partir de uma denúncia de que haveria jovens trabalhando sem carteira assinada e em condições degradantes. Ao chegar ao local, a fiscalização identificou adolescentes e adultos em situação de escravidão.

Os trabalhadores atuavam na poda do arroz e no uso de agrotóxicos. Para a poda, eram usadas facas domésticas. Para o agrotóxico, era usada uma barra química.

As jornadas de trabalho começavam às 7h e terminavam às 17h, com intervalo entre 11h e 13h. No entanto, para ir até às lavouras, era necessário pegar um ônibus, então, os dias iniciavam às 4h30. Até chegarem em casa de volta, eram 19h30. A rotina se repetia diariamente. Parte do trajeto até as lavouras era feito a pé, sob o sol.

Os trabalhadores recebiam R$ 100 por dia de trabalho e o pagamento era feito semanalmente. O agenciador era quem pagava. Ele recebia dos responsáveis pelas lavouras e repassava uma parte do valor para os trabalhadores.

''Não é só um trabalho braçal ao sol, é esse trabalho sem fornecimento de água, sem local para guardar alimento e fazer a refeição. A comida deles azedava e eles tinham que repartir o que não azedava entre eles. Sem local de descanso, então muitas vezes tinham que dormir embaixo do ônibus, que era onde tinha sombra'', afirma o auditor-fiscal do trabalho Vitor Siqueira Ferreira.

Galpão onde parte dos trabalhadores dormia em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação 3 de 3 Galpão onde parte dos trabalhadores dormia em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação

Galpão onde parte dos trabalhadores dormia em Uruguaiana — Foto: Ministério Público do Trabalho/Divulgação

Os órgãos de fiscalização trabalham para identificar quem são os empregadores dos trabalhadores resgatados. A suspeita é que uma empresa tenha contratado o agenciador que forneceu a mão de obra. Ele chegou a ser preso, mas foi liberado após pagar fiança.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), entidade que representa as associações de arrozeiros regionais, disse, em nota, que "estará acompanhando as apurações decorrentes do caso concreto, de modo a colaborar com seus devidos esclarecimentos" .

Já o governo do estado divulgou, também em nota, que "fez os atendimentos iniciais para acolhimento dos resgatados" .

Com o caso de Uruguaiana, o RS já soma 265 trabalhadores resgatados em condições de escravidão nos primeiros meses de 2023. Ao longo de todo o ano passado, foram 156 ocorrências desse tipo.

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