Necropsia de menina de 2 anos torturada no RJ aponta morte por 'politraumatismo torácico e abdominal' e produzid

Laudo da menina de 2 anos — Foto: Reprodução 1 de 3 Laudo da menina de 2 anos — Foto: Reprodução

Laudo da menina de 2 anos — Foto: Reprodução

O laudo da necropsia da menina 💥️Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de 2 anos, a que o g1 teve acesso apontou que ela morreu em virtude de politraumatismo torácico e abdominal causado por ação contundente e produzido por meio cruel.

A análise vai de encontro a desconfiança da médica da Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, em Guaratiba, que desconfiou do estado da criança na quinta-feira (9), e procurou a polícia.

Segundo a profissional, a criança já chegou a unidade de saúde sem vida e tinha morrido pelo menos uma hora antes de o pai dar entrada no local.

O laudo corrobora também a tipificação da polícia de morte por maus-tratos, já que fala em 💥️Síndrome da Criança Espancada - uma situação descrita na literatura médica em que a comunicação de um ferimento de uma criança não condiz com a análise clínica dela e revela um espancamento.

Segundo a delegada 💥️Márcia Helena Julião, titular da 43ª DP (Guaratiba), Quenia apresentava 💥️59 lesões pelo corpo. Ainda de acordo com a delegada, o pai disse em depoimento que a criança não se alimentava há pelo menos três dias.

O pai e a madrasta de foram presos em flagrante na quinta-feira (9). 💥️Marcos Vinicius Lino nega as agressões e diz que tudo “é um erro”. Já 💥️Patricia André Ribeiro afirma que a enteada se machucou caindo.

Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima — Foto: Reprodução 2 de 3 Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima — Foto: Reprodução

Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima — Foto: Reprodução

A médica, no depoimento à polícia, disse que a causa da morte foi “grave agressão física e provável abuso sexual” e detalhou as lesões:

A profissional destacou uma 💥️queimadura no umbigo e uma 💥️fissura no ânus da menina.

Policiais foram até a clínica e deram voz de prisão a 💥️Marcos Vinicius Lino e a 💥️Patricia André Ribeiro, o pai e a madrasta de Quenia. Eles responderão por homicídio.

“O crime bárbaro chocou a todos os policiais desta unidade e causou grande comoção, diante dos atos cruéis de tortura”, destacou a delegada.

Marcos Vinicius Lino, pai de Quenia — Foto: Reprodução/TV Globo 3 de 3 Marcos Vinicius Lino, pai de Quenia — Foto: Reprodução/TV Globo

Marcos Vinicius Lino, pai de Quenia — Foto: Reprodução/TV Globo

A médica lembrou que Quenia já tinha sido atendida na clínica em novembro do ano passado com um corte de 5 cm no couro cabeludo. Na ocasião, a madrasta informou que uma louça tinha caído na cabeça da enteada.

A profissional contou ainda que dentre as 59 lesões havia recentes e antigas.

A polícia também ouviu dois vizinhos da criança que ajudaram no socorro.

Um deles disse ter percebido lesões em Quenia em outras ocasiões e que a ouvia chorar algumas vezes. Na quinta, segundo esse vizinho, a madrasta “bateu forte” na sua porta, informando que Quenia “não estava respirando e que tinha se engasgado”.

Outro vizinho, no depoimento, contou ter levado os três de carro até a clínica da família.

Em depoimento após ser preso, Marcos Vinícius disse que cuidava de Quenia desde quando ela tinha 3 meses de vida. Ele começou a namorar Patrícia antes mesmo de a filha nascer. Segundo a madrasta de Quenia, a mãe pediu pensão, mas Marcos se negou a pagar, e os dois concordaram que a guarda da menina ficaria com o pai.

O pai da garota declarou que a filha entrou para uma creche no mês passado e que em pouco tempo a direção entrou em contato para questionar lesões na criança. Ele respondeu que Quenia tinha caído, mas não possuía mais detalhes.

Ainda segundo Marcos, a responsável da creche disse que não receberia Quenia enquanto não a levasse para um médico.

À polícia, Marcos ainda afirmou que “acredita que a lesão no ânus seja da força que fez soprando a boca da criança para tentar fazê-la voltar a respirar”.

“[Marcos] afirma que algumas vezes Patrícia ligava e dizia que Quenia tinha caído e se machucado, mas não levava a um hospital, passando uma pomada e dando uma dipirona para febre”, descreve o termo.

Patrícia também declarou à polícia que a enteada estava havia três dias sem se alimentar, fato comunicado inclusive pela creche.

“A creche chegou a questionar as lesões que a criança tinha, e [Patrícia] afirma que a criança pegou uma cadeira, colocou sobre o sofá e caiu”, descreve o termo.

“Das 59 marcas pelo corpo, [Patrícia] não sabe dizer como aconteceram, podendo ter sido queda da criança. Mesmo tendo ciência das lesões, não levaram a criança no médico”, continua o depoimento.

“Quando eu vi as fotos da criança já morta, eu senti repulsa. Mais que isso. Uma dor enorme de ver um ser tão frágil e tão indefeso sofrendo aquele tipo de tortura”, disse a delegada Márcia Julião.

“As lesões demonstram que essa criança sofreu muito antes de morrer. Sem falar que ela tinha uma fissura anal e uma marca de queimadura muito grande no umbigo. Ainda não dá para dizer como fizeram aquilo”, emendou.

“A morte dessa criança não aconteceu ontem. As torturas vieram evoluindo com o tempo até causar a morte”, destacou a delegada.

Segundo Márcia, “graças à atitude da médica”, foi possível prender os dois. “A doutora veio para a delegacia, mostrou a cara e descreveu todas as lesões. Ela veio correndo, a pé, chegou esbaforida, e em seguida eu mandei a minha policial ir lá. Que em seguida, deu voz de prisão ao pai e a madrasta”, narrou.

O que você está lendo é [Necropsia de menina de 2 anos torturada no RJ aponta morte por 'politraumatismo torácico e abdominal' e produzid].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...