Servidora que atuava no Planalto relata à PF tentativa de reaver joias; veja trechos do depoimento
A servidora pública Priscila Esteves das Chagas, que atuava no Palácio do Planalto, relatou em depoimento à Polícia Federal como foi a tentativa do governo Jair Bolsonaro de reaver as joias milionárias da Arábia Saudita nos últimos dias do mandato.
Ela começou contando que recebeu ordens para comprar passagem para o sargento da Marinha Jairo Moreira viajar de Brasília para o aeroporto Guarulhos, onde as joias estão retidas pela Receita.
Jairo viajou com a missão de reaver as joias, retidas pela Receita. Em outubro de 2023, uma comitiva do governo Bolsonaro tentou entrar no país com os itens irregularmente.
"Que no dia 28/12 recebeu por e-mail a determinação do coordenador de dia da ajudância de ordens, ten. Cleiton, para compra de passagem aérea com trecho Guarulhos-Brasília para o dia 29, em nome de Jairo Moreira da Silva", registrou a PF sobre o depoimento de Priscila. Jairo acabou viajando de avião da FAB para Guarulhos.
Em seguida, no depoimento, Priscila disse que ficou sabendo que as joias eram um presente para Bolsonaro.
"Que foi informada pelo ten. Cleiton de que Jairo viajou para Guarulhos com o objetivo de retirar um presente destinado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, que estava retido na Receita Federal daquele aeroporto", relata a servidora.
Priscila afirmou que, por conta própria, decidiu catalogar as joias no acervo pessoal do ex-presidente.
"Que a declarante, por conta do tempo exíguo de mudança de governo, preencheu o formulário antecipadamente, considerando o êxito na retirada de tais objetos", registrou a PF.
No entanto, de acordo com apuração do blog do Valdo Cruz, ela recebeu ordens para registrar os itens no acervo pessoal.
Segundo contou à PF, Priscila teria se adiantado para preencher os formulários e incluir os itens no acervo pessoal de Bolsonaro em razão da troca de governo, que ocorreria dias depois.
"Que realça que preencheu previamente o formulário para agilizar o processo, por conta da proximidade do término do mandato presidencial. Que preencheu e inseriu os documentos por iniciativa própria", prossegue o depoimento de Priscila, de acordo com a PF.
Ela disse que elaborou um ofício em que "relatava que o presente foi transferido para a posse do presidente da república como presente pessoal e não institucional".
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Em outubro de 2023, uma comitiva do governo Bolsonaro, liderada pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltava de uma viagem oficial à Arábia Saudita.
Ao passar pela alfândega do aeroporto de Guarulhos, um assessor de Albuquerque, que havia optado pela fila do "nada a declarar", foi parado por agentes da Receita.
Os fiscais descobriram que o assessor carregava joias na mochila. Os itens são avaliados em R$ 16,5 milhões.
Albuquerque disse que eram um presente do governo saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Para entrar legalmente com as joias no país, a comitiva deveria ter declarado os itens e pagado imposto.
Ou então, deveria ter listado os itens como um presente de Estado. Nessa hipótese, as joias ficariam com a União, e não com a família Bolsonaro.
Como nada disso foi feito, as joias ficaram retidas na Receita. O governo Bolsonaro tentou diversas vezes retirar os itens de lá, sem pagar o que era devido.
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