Lula propõe Tebet na TV e agenda pelo Sudeste; candidata defende âncora fiscal contra orçamento secreto
Simone Tebet anunciou nesta quarta-feira (5) apoio a Lula no 2º turno da eleição presidencial — Foto: Miguel Schincariol/AFP
"Foi o dia mais difícil da minha vida". Assim define a senadora Simone Tebet (MDB-MS) a quem pergunta sobre o dia 5 de outubro de 2022 . Esta foi a data em que a candidata anunciou publicamente o voto em Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).
Tebet, que vem de um estado bolsonarista, tem brincado nos bastidores que não vai ser chamada mais para aniversários nem festas no seu berço político – mas que jamais fugiria de se posicionar contra um governo que vê como antidemocrático e com risco de perpetuação no poder de forma autoritária, caso reeleito.
O anúncio de Simone Tebet veio na quarta (5), após um almoço com Lula e convidados – entre eles, Geraldo Alckmin. No almoço, feito na casa de Marta Suplicy (Solidariedade), Simone apresentou cinco propostas a Lula. Todas foram imediatamente aceitas e serão incorporadas publicamente no programa de governo da chapa Lula-Alckmin nos próximos dias.
A chapa de Lula e Alckmin quer mais de Simone: propõe que Tebet apareça no programa de TV apresentado pelo PT e quer a candidata rodando o Sudeste – principalmente.
E Simone? "Eu vou andar o Estado, vou rodar. O quanto do meu engajamento vai depender da agenda que montarem e das propostas que avançarem", diz. Com o apoio, Tebet repete a aliados que não quer cargo, nem ministério.
"Eu estava pronta para voltar para casa, presidente", disse a candidata a Lula, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Lula respondeu: "Mas o Brasil não vai deixar, você agora é da política nacional: não é só do Mato Grosso do Sul. É do Brasil inteiro".
No encontro, Simone fez um diagnóstico do porquê acredita que Lula não resolveu a eleição no primeiro turno: quando pediu voto útil, Lula não avançou em nenhuma garantia em suas propostas para o futuro. "Sem uma palavra? O senhor precisa fazer novos acenos".
Simone avalia que Lula tem seus dois governos como garantia, mas que isso são ponta pés iniciais: é preciso falar de propostas para o novo Brasil. "Que governo vai ser? Eu estou diante do abismo político – só não pulo. Se não for suicídio político, estou pronta para tudo".
A candidata também falou a Lula a respeito de uma nova âncora fiscal e a relação do Congresso com o Orçamento Secreto. "A única forma de não ficar refém do orçamento secreto é apresentar a nova âncora fiscal: acena para o centro e retoma o orçamento".
Tebet não ouviu nomes sobre o ministério da Fazenda – mas avalia a interlocutores que Lula vai "surpreender" na composição do governo, pois repete o tempo todo ter consciência de que precisa fazer o "melhor" em quatro anos, pois será o governo de um mandato só.
No dia mais difícil de sua vida, como classifica, Simone ficou assustada com mensagens de integrantes do MDB que suplicavam para ela não declarar apoio a Lula.
O choque, no entanto, era pela pressão se dar a favor de um governo que dia sim dia também faz ameaças autoritárias e defende, como o 💥️blog já revelou, aumentar número de ministros do STF, tem ministros como alvo e pede impeachment – além do risco que a senadora acredita de que, se reeleito, Bolsonaro poder propor um terceiro mandato.
A dúvida da senadora nunca foi sobre apoiar ou não Lula – por uma questão de defesa da democracia –, mas como usar seu capital político que foi adquirido nessa eleição.
Sobre o futuro dentro do MDB, a ideia é esperar para ver como ficará o partido após a eleição e também uma possível composição com PSDB e Cidadania – depois de 2024, para esperar o resultado das eleições municipais.
O único futuro que Tebet discute, por ora, é o de curto prazo: está à disposição para rodar o País com Lula e Alckmin. Principalmente no Sudeste, com foco em mulheres.
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