Um terço do planeta entrará em recessão em 2023, diz diretora do FMI
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fala durante uma entrevista coletiva em Washington — Foto: REUTERS/Mike Theiler/File Photo
O próximo ano será difícil para a economia mundial, com pelo menos um terço do planeta entrando em recessão, alertou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. Ela disse que mesmo que países que não entrarem em recessão vão “sentir” como se estivessem em uma, diante da abrangência da crise.
A fala da diretora-gerente do FMI foi feita dias antes da divulgação do relatório de projeções econômicas da instituição para o próximo ano, e indica revisões para baixo sobre o crescimento da economia mundial.
Segundo Georgieva, “múltiplos choques” mundiais, como a invasão da Ucrânia pela Rússia, os altos preços de energia e alimentos e as pressões inflacionárias persistentes são as principais razões para uma perspectiva negativa da economia para o próximo ano.
Ela disse que o crescimento em todas as maiores economias do mundo está desacelerando, provocando “tensões severas” em alguns lugares.
A fala da diretora-gerente prepara o terreno para um relatório com números preocupantes, ao ponto de dizer que a situação é "mais provável” que piore do que melhorar no curto prazo.
Diante da situação, ela disse que o FMI recomenda que os bancos centrais no mundo continuem com a tendência de aumentar as taxas de juros para lidar com as crescentes pressões inflacionárias como maneira de lidar com os aumentos de preços e blindar a população.
Apesar do pedido, ela alerta que muitos aumentos de juros podem levar a uma “recessão prolongada”, mas o risco de fazer muito pouco no momento é maior, disse ela.
A diretora-gerente também criticou medidas para blindar a população dos aumentos de preço de energia às custas do endividamento do Estado, políticas adotadas por Reino Unido e Alemanha. Sem citar os países, Georgieva disse que “controlar os preços por um longo período não é acessível, nem é eficaz”.
O FMI já repreendeu publicamente o governo do Reino Unido por seu apoio à energia e cortes de impostos não financiados.
Ela destacou os riscos inflacionários de injetar muito dinheiro na economia para proteger as famílias em um momento em que os bancos centrais estavam aumentando as taxas de juros para desacelerar os gastos e devolver a inflação a níveis baixos e disse que não se pode provocar uma expansão da política fiscal em momento de redução da política monetária.
A líder do FMI terminou seu discurso dizendo que não existe solução rápida para a economia mundial e que a única saída para este cenário é uma cooperação ampla entre todo o planeta.
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