Nobel da Paz vai para ativista de Belarus preso Ales Bialiatski e organizações da Rússia e da Ucrânia
O ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização internacional russa pelos Direitos Humanos Memorial e a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis venceram o Nobel da Paz de 2022, anunciado nesta sexta-feira (7).
Segundo os organizadores, os vencedores "representam a luta pela democracia em seus países de origem".
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O prêmio chega para os três países vizinhos em um dos momentos de maior escalada de tensões na Ucrânia desde o começo da guerra, em 24 de fevereiro💥️ (leia mais abaixo).
1 de 3 Vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: DivulgaçãoVencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: Divulgação
O anúncio do Nobel da Paz também foi feito no dia do aniversário de Vladimir Putin, mas a organização negou que a premiação tenha sido um recado ao líder russo. "Este prêmio não é endereçado ao presidente Putin, nem pelo seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo de que seu governo, assim como o de Belarus, representa um governo autoritário que suprime ativistas de Direitos Humanos", declarou a integrante do comitê do Nobel Berit Reiss-Andersen, que anunciou os vencedores.
Um dos vencedores, Ales Bialiatski está atualmente preso em Belarus. Fundador do centro para os Direitos Humanos Viasna (que significa primavera), ele é um dos principais nomes da oposição ao atual presidente do país, Aleksandr Lukashenko, aliado de Vladimir Putin e frequentemente acusado de perseguir e prender opositores e de violar os Direitos Humanos no país.
2 de 3 O bielorussi Ales Bialiatski, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: ReutersO bielorussi Ales Bialiatski, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: Reuters
A mulher de Bialiatski, a também belarusso Natallia Pinchuk, disse não ter certeza que seu marido saberá que foi um dos vencedores do Nobel da Paz deste ano. Ela contou à agência de notícias Reuters ter enviado um telegrama à prisão onde o ativista é mantido desde o ano passado, mas que não há garantias de que a mensagem chegará até ele.
"Foi uma notícia prazerosa e muito inesperada. Não havia absolutamente nada que sugeria que isso pudesse acontecer", afirmou.
Após o anúncio, os organizadores do Nobel pediram que as autoridades do país soltem o ativista.
Logo após a premiação, a porta-voz da oposição de Belarus afirmou que Bialiatski está atualmente preso "em condições desumanas". O líder da oposição no país, Pavel Latushko, disse que o Nobel reconheceu "todos os presos políticos em Belarus".
Já o Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia declarou estar "orgulhoso" de ser um dos laureados do Nobel da Paz deste ano. "Manhã com boas notícias. Estamos orgulhosos", declarou o centro, em sua conta em uma rede social.
O escritório da Alemanha da organização russa Memorial também falou sobre a premiação, que chamou de "um reconhecimento do nosso trabalho com os Direitos Humanos e especialmente dos nossos colegas na Rússia, que sofreram e sofrem ataques e repressões inomináveis".
3 de 3 Fachada da organização de Direitos Humanos da Rússia Memorial, uma das vencedores do Nobel da Paz 2022, em Moscou. — Foto: ReutersFachada da organização de Direitos Humanos da Rússia Memorial, uma das vencedores do Nobel da Paz 2022, em Moscou. — Foto: Reuters
O Prêmio Nobel da Paz, que dá de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,7 milhões) será entregue em Oslo em 10 de dezembro, que é a data do aniversário da morte do sueco Alfred Nobel, que fundou os prêmios em seu testamento de 1895.
Líderes mundiais comentaram a premiação deste ano. 💥️Veja alguns deles abaixo.
💥️Emmanuel Macron, presidente francês. "O Nobel da Paz rende homenagem aos defensores indefectíveis dos Direitos Humanos na Europa. Artesãos da paz, eles sabem que podem contar com o apoio da França", declarou.
💥️Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "O direito de falar a verdade sobre o poder é fundamental para sociedades livres e abertas".
A guerra na Ucrânia vive uma forte escalada nas últimas semanas, após Kiev anunciar um ambicioso plano de retomada de diversas regiões em território ucraniano invadidas por Moscou. Com a ajuda militar e estratégica de países do Ocidente, o governo ucraniano afirmou ter reconquistado cerca de 10% das áreas ocupadas por tropas russas.
Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento à nação pela TV anunciando a convocação de cerca de 300 mil reservistas no país inteiro, o que gerou uma grande onda de fuga de jovens russos. Dias depois, quatro regiões da Ucrânia - Kherson, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk - foram submetidas a um referendo organizado e realizado por Moscou sobre se os cidadãos locais queriam se separar da Ucrânia e se anexar à Rússia.
Putin anunciou vitória na consulta pública e, na semana passada, assinou a anexação dos quatro territórios em uma cerimônia transmitida por telões em Moscou. A ONU e a comunidade internacional não reconhecem a anexação.
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