Lula faz comício na Baixada Fluminense, no RJ, após mudança de rumos da campanha no estado

Comício de Lula em Belford Roxo, no RJ — Foto: Raoni Alves/g1 1 de 3 Comício de Lula em Belford Roxo, no RJ — Foto: Raoni Alves/g1

Comício de Lula em Belford Roxo, no RJ — Foto: Raoni Alves/g1

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, participou nesta terça-feira (11) de compromissos de campanha em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense. Lula iniciou a agenda com uma caminhada pelo bairro Areia Branca e, em seguida, fez comício em um clube no bairro de Heliópolis.

O ex-presidente volta à Baixada Fluminense após um rearranjo da campanha petista na região e no estado do Rio de Janeiro.

Em caminhada ao clube no qual ocorreu o comício, Lula discursou aos apoiadores e voltou a repetir que pretende retomar o Minha Casa, Minha Vida e investir na indústria naval fluminense. O ex-presidente disse ainda que pretende investir em programas de inclusão social e no setor cultural.

"Vamos tratar as cidades como parceiras. Não é possível o Brasil estar bem se a cidade não está bem. Os prefeitos têm que ser muito respeitados. É com o prefeito que a gente tem que trabalhar", afirmou.

Ao longo da caminhada, 💥nem Lula nem os outros políticos em cima do carro usavam o tom vermelho característico do PT. Como antecipou o blog da Andréia Sadi, a campanha incorporou uma sugestão da senadora Simone Tebet (MDB) para tentar reduzir o impacto da rejeição associada ao partido.

Lula participa de ato em Belford Roxo — Foto: Raoni Alves/g1 Rio 2 de 3 Lula participa de ato em Belford Roxo — Foto: Raoni Alves/g1 Rio

Lula participa de ato em Belford Roxo — Foto: Raoni Alves/g1 Rio

Lula e a esposa Rosângela da Silva, a Janja, usaram camisas brancas no ato – mesma cor adotada por apoiadores como o deputado estadual André Ceciliano (PT) e o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (União). Entre os apoiadores, fora do carro, havia ainda bandeiras e trajes vermelhos.

A orientação para evitar um “mar vermelho” também foi feita pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha petista, em encontro de coordenação do setor cultural na noite de segunda (10).

"Vamos para as ruas levando nossas cores, mas vamos colorir”, disse o senador, acrescentando que é preciso utilizar cores da bandeira brasileira.

No comício em Belford Roxo, Lula fez críticas à gestão Bolsonaro e enumerou realizações de seus governos no Rio e na Baixada Fluminense. O candidato do PT também fez referência às origens nordestinas dos moradores da região.

"Esse cidadão não tem a menor noção do que o Nordeste brasileiro significou na construção deste país, não tem a menor noção da força da cultura nordestina. E é por isso que quero dizer a vocês que quem tiver uma gota de sangue nordestino correndo nas veias não pode votar nesse cidadão para presidente da República", disse.

"Nessa cidade [Belford Roxo], a gente tinha 42,2 mil pessoas que recebiam o Bolsa Família. Nós criamos 16,5 mil postos de trabalho, a gente fez 12,7 mil casas no Minha Casa, Minha Vida. A gente fez o novo campus do instituto federal, a gente colocou 713 alunos pelo ProUni, 763 pelo Fies [...] Eu desafio quem vai votar no Bolsonaro a encontrar um tijolo que ele colocou nessa cidade", disse.

Em entrevista coletiva antes do comício em Belford Roxo, no início da noite, Lula foi questionado sobre a geração de empregos no Rio. O candidato repetiu a promessa de reajustar o salário mínimo em percentuais acima da inflação e disse que pretende recuperar a indústria do país.

"A criação do emprego está ligada à volta das políticas de distribuição de renda, está muito ligada à inclusão do povo no orçamento, ligada às políticas de inclusão voltarem a acontecer. Já faz alguns anos que o salário mínimo não aumenta. Se o salário não aumenta, não aumenta o consumo, não havendo aumento de consumo, não havendo indústria, o emprego não cresce", declarou.

"Nós vamos recuperar a indústria naval brasileira, nós vamos recuperar a indústria do óleo e gás nesse país", acrescentou.

Cordão de isolamento, com camisetas brancas, e apoiadores da campanha de Lula em caminhada em Belford Roxo (RJ) — Foto: Raoni Alves/g1 Rio 3 de 3 Cordão de isolamento, com camisetas brancas, e apoiadores da campanha de Lula em caminhada em Belford Roxo (RJ) — Foto: Raoni Alves/g1 Rio

Cordão de isolamento, com camisetas brancas, e apoiadores da campanha de Lula em caminhada em Belford Roxo (RJ) — Foto: Raoni Alves/g1 Rio

"Para mim o emprego é obsessão. A retomada do desenvolvimento industrial passa por nós discutirmos também que nicho de indústria a gente quer fomentar. E cabe ao Estado brasileiro tomar a iniciativa de convencer a iniciativa privada a fazer investimentos e atrair investimentos do capital estrangeiro. E nós não queremos o capital estrangeiro aqui para levar as nossas indústrias", disse Lula.

O ex-presidente também comentou a operação Edema, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal com autorização da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz nesta terça.

A magistrada determinou o afastamento do cargo do governador Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição apoiado por Renan Calheiros (MDB) e por aliados de Lula. Do outro lado, no segundo turno, está Rodrigo Cunha (União), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

"Na minha opinião, foi precipitada, está cheirando a suspeição por ser um processo antigo. Na véspera da eleição, você tirar o candidato que tem como adversário o mesmo candidato do presidente da Câmara. Eu acho que as pessoas que são acusadas tem o direito de recorrer à Suprema Corte, e que a Suprema Corte se manifeste a tempo de ele disputar as eleições", disse.

"Eu já fui vítima de mentiras e espero que as pessoas tenham o direito a presunção de inocência e que possam se defender. Mas enquanto isso, eu acho que o candidato da Bahia estará sub judice, o candidato de Alagoas estará sub judice, e eu estarei prazerosamente fazendo campanha", afirmou.

Entre outras mudanças, nos últimos dias, o PT fluminense passou a contar com a participação do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), e do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que também preside o União Brasil no Rio.

No estado, terceiro maior colégio eleitoral do país, Lula foi derrotado pelo candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). A diferença foi de quase um milhão de votos entre os candidatos. Bolsonaro teve 51,09% dos votos válidos, e Lula, 40,68%.

Militantes e aliados do ex-presidente atribuem a derrota no estado, entre outros pontos, a uma subestimação da força bolsonarista no Rio e à falta de identificação do eleitor de classe média e pobre com a chapa petista.

Durante o primeiro turno, também foram feitas críticas à concentração de compromissos de Lula em áreas nobres da capital. Fora desse eixo, o petista participou apenas de um compromisso em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Nessa região, como mostrou o blog do jornalista Octavio Guedes, o presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT), avaliou que o crescimento do eleitorado evangélico e o foco da campanha adversária nesse perfil de eleitor também influenciaram.

No primeiro turno, Lula foi derrotado em todos os 13 municípios que fazem parte da Baixada Fluminense. A região representa 22,3% do eleitorado fluminense, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro liderou em todas as cidades com mais de 50% dos votos.

Para reverter a vantagem de Bolsonaro, a campanha atraiu o apoio de Waguinho e da mulher, Daniela do Waguinho, deputada federal reeleita com o maior número de votos no Rio.

Durante a caminhada, Lula agradeceu o apoio de Waguinho e destacou a importância da Baixada Fluminense para o estado.

"É uma visita da vitória, porque nós estamos aqui para ganhar as eleições no dia 30 de outubro. Quero agradecer ao companheiro Waguinho pela disposição, coragem e destemor de dizer em alto e bom som: ‘Belford Roxo é uma cidade livre, e o Lula vai vir aqui’”, disse.

O prefeito de Belford Roxo fez acenos ao petista e afirmou estar "muito feliz" com a visita do ex-presidente à cidade. "O Lula é o fortalecimento da democracia. O Lula representa o direito à liberdade", declarou.

Em comício, Lula reuniu lideranças que ingressaram recentemente na campanha, entre os quais o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi; os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e Belford Roxo, Waguinho (União); o candidato derrotado ao governo fluminense Rodrigo Neves (PDT); e a deputada federal eleita Daniela do Waguinho (União-RJ).

Waguinho disse que o apoio a Lula foi uma “decisão acertada” e que vai articular apoio à chapa em “todas as cidades da Baixada [Fluminense]”.

A deputada eleita Daniela do Waguinho destacou que a campanha precisará focar em conversar com eleitores que votaram em branco e deixaram de votar.

“[Precisamos conversar com] pastores, católicos e aquelas pessoas que se dizem realmente evangélicos. Evangélico tem que pregar o amor, a pacificação, e não o ódio”, disse, acrescentando que estará à disposição para apoiar a esposa do ex-presidente, Janja.

Ao blog do jornalista Octavio Guedes, Ceciliano afirmou que, para evitar eventuais ameaças, tem pedido a prefeitos da região que não declarem apoio explícito a qualquer um dos candidatos.

“Estamos pedindo neutralidade. Já conversei com todos os prefeitos da Baixada. Mas tudo no sapatinho”, disse, mencionando que Waguinho sofreu ameaças após declarar apoio a Lula.

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, disse ter sido informado que “muitos prefeitos” do estado darão apoio a Lula no segundo turno. Segundo ele, as declarações não são tornadas públicas porque eles têm “muito medo da ameaça desse governo autoritário”.

Dois terços do contingente almejado estão nas mãos do grupo político de Eduardo Paes, sobretudo de deputados recém-eleitos pelo PSD. Eles encontraram Lula na semana passada.

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