Rússia usa drones 'kamikazes' do Irã para atacar arredores de Kiev, diz Ucrânia
A Rússia lançou nesta quinta-feira (13) três drones "kamikazes" contra os arredores de Kiev, afirmou o governo ucraniano. A aeronave não tripulada, de fabricação iraniana e que se destrói ao ser lançada contra seus alvos, tem sido utilizada pela Rússia nas últimas semanas como forma de resistir à contraofensiva da Ucrânia para recuperar seus territórios.
Segundo o governo ucraniano, o ataque desta quinta-feira foi feito com drones do modelo Shahed-136. O governo do Irã, no entanto, nega ter fornecido o armamento a Moscou, que também não comentou a utilização desse tipo de armamento.
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Os drones foram lançados sobre Makariv, que fica a cerca de 50 quilômetros a oeste da capital ucraniana. As autoridades da cidade afirmaram que as aeronaves atingiram "instalações críticas de infraestrutura" - um tipo de ataque que também tem sido uma das táticas atuais das tropas russas.
Até a última atualização desta notícia, não havia registro de vítimas, mas equipes de resgate seguiam nos locais atingidos.
Também foram registrados ataques em cidades como Mykolaiv e Lviv.
1 de 2 Bombeiros trabalham em prédio residencial destruído durante ataque da Rússia em Mykolaiv — Foto: State Emergency Service of Ukraine/Handout via REUTERSBombeiros trabalham em prédio residencial destruído durante ataque da Rússia em Mykolaiv — Foto: State Emergency Service of Ukraine/Handout via REUTERS
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O ataque com os drones faz parte de uma retaliação da Rússia anunciada pelo próprio presidente Vladimir Putin após explosões na ponte da Crimeia na semana passada. A ponte - um símbolo de poder para Putin - foi construída em 2018 pelo governo russo para ligar por terra o território do país à península da Crimeia, que faz parte da Ucrânia, mas foi anexada pela Rússia em 2014.
Putin acusou o governo ucraniano de estar por trás das explosões na ponte e anunciou uma forte resposta. Dois dias depois, na segunda-feira (10), a Rússia lançou mísseis sobre a capital Kiev na maior ofensiva desde o início da guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e 14 pessoas morreram.
2 de 2 Militar ucraniano inspeciona "drone kamikaze" Shahed-136 — Foto: Vyacheslav Madiyevskyy/REUTERS
Militar ucraniano inspeciona "drone kamikaze" Shahed-136 — Foto: Vyacheslav Madiyevskyy/REUTERS
Segundo um relatório divulgado na quarta-feira (12) pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, o Shahed-136, também conhecido como "drone kamikaze", é uma aeronave não tripulada que voa mais baixo que aparatos similares, e, assim, escapam de radares antiaéreos.
O Shahed-136, ainda de acordo com o relatório, tem um ataque unidirecional com alcance de até 2.500 quilômetros.
O Ministério acredita ainda que sistemas semelhantes fabricados pelo Irã provavelmente foram usados em ataques no Oriente Médio, inclusive contra o navio petroleiro MT Mercer Street em julho de 2023.
Também nesta terça-feira, países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram que enviarão sistemas de proteção antimíssil à Ucrânia. Na terça-feira (11), durante uma cúpula de emergência convocada após os bombardeios russos a Kiev, os líderes do G7 - o clube dos países mais ricos do mundo - declararam apoio irrestrito e por tempo indeterminado à Ucrânia.
Mas a proximidade de Kiev com a Otan - um dos motivos alegados por Putin para atacar o país vizinho - voltou a escalar as tensões entre Ucrânia e Rússia. Nesta manhã, o conselheiro de segurança do governo russo alertou de uma possível "Terceira Guerra Mundial" caso a Ucrânia se una à aliança militar do Ocidente.
No começo do ano, durante os primeiros diálogos pela paz entre as duas partes, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que havia desistido de ingressar na Otan. Mas o caso teve uma reviravolta no fim de setembro, quando Zelensky surpreendeu ao afirmar que havia formalizado o pedido de adesão emergencial à aliança.
A mudança de estratégia de Zelensky vem em um momento de contraofensiva da Ucrânia, que, com apoio logístico e militar do Ocidente, tenta reconquistar territórios em seu país atualmente ocupados por tropas russas.
Em resposta, Vladimir Putin anunciou a convocação de cerca de 300 mil reservistas de seu país - gerando uma onda de fuga de jovens russos - e anexou quatro regiões da Ucrânia sob o pretexto de ter realizado referendos separatistas não reconhecidos pela comunidade internacional nos locais.
Segundo serviços de inteligência de países como os Estados Unidos e o Reino Unido, as tropas russas estão enfraquecidas e, em alguns casos, deixando voluntariamente regiões na Ucrânia. O Kremlin nega, e Putin garante que vencerá a guerra.
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