CPX: boné com sigla de 'complexo' foi presente de líder comunitário a Lula; 'recebi encomenda de 200&

Era para ser uma simples lembrança da visita à comunidade do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Mas o boné com a inscrição CPX, que o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou de presente, acabou entrando nos trending topics no Twitter nesta quinta-feira (13), ao ter seu significado alterado em fake news de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).

O líder comunitário Renê Silva, do jornal Voz das Comunidades – um dos organizadores do evento de campanha desta quarta-feira (12) no Alemão – contou que deu de presente a Lula o boné e uma camiseta da comunidade.

"CPX é abreviação que a gente usa para identificar o Complexo do Alemão, a nossa comunidade. Na véspera da visita, pensamos em presentear o Lula com um boné escrito 'favela'. Mas ninguém tinha esse boné e não havia tempo de mandar fazer. Aí, um dos nossos voluntários, o Hector, deve a ideia de dar o boné dele com o CPX. É uma lembrança da comunidade", disse o líder comunitário.

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1 de 2 Boné com inscrição CPX foi um presente do líder comunitário Renê Silva, do Voz das Comunidades, a Lula — Foto: Carlos Elias Júnior/ Fotoarena/Estadão Conteúdo

Boné com inscrição CPX foi um presente do líder comunitário Renê Silva, do Voz das Comunidades, a Lula — Foto: Carlos Elias Júnior/ Fotoarena/Estadão Conteúdo

Rene explicou que o boné CPX não é uma novidade na comunidade. Ao contrário, segundo ele, os jovens gostam de exibir com o orgulho o lugar onde vivem.

"Muitas comunidades usam a abreviação CPX, não só o Alemão, mas também a Maré, o Chapadão, a Penha. Assim como tem gente que há boné com a inscrição CDD (Cidade de Deus) e PPC (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo) ou Manga (Mangueira). É uma abreviação que se popularizou como uma sigla com o movimento funk e nos bailes dos anos 1990/2000. CPX é citada em músicas, como a "Poesia acústica", do MC Cabelinho", disse Renê Silva.

O boné dado de presente a Lula foi confeccionado na empresa JR Bordados, de Irajá, na Zona Norte. O proprietário Marcelo Dias contou que há tempos recebeu uma encomenda de moradores do Alemão.

"A gente compra os bonés já prontos de uma fábrica do Paraná, e faz aqui qualquer bordado que seja encomendado. O grupo do Alemão pediu a inscrição CPX, que também é usada por outras comunidades, já que quer dizer complexo. A gente trabalha por encomenda e borda qualquer coisa: camiseta, bermuda, boné, jaleco, toalha. Trabalhamos com bordados em geral", contou Marcelo.

Ele diz que ficou assustado com a repercussão que o boné dado de presente ao Lula teve nas redes sociais. Marcelo, que há cinco anos trabalha com bordados, disse que toda a polêmica criada em torno do boné, ao menos já está trazendo boas novas.

"Recebi a encomenda de 200 bonés com a inscrição CPX. Tem muita gente se manifestando nas redes sociais. Espero que isso sirva para incrementar meu negócio", disse Marcelo.

2 de 2 Post de Tainá de Paula sobre a deturpação do significado do CPX no boné usado por Lula, em campanha no Alemão — Foto: Reprodução/Redes sociais

Post de Tainá de Paula sobre a deturpação do significado do CPX no boné usado por Lula, em campanha no Alemão — Foto: Reprodução/Redes sociais

Artistas, influenciadores e políticos se manifestam nas redes sociais em defesa a Lula depois do candidato ser alvo de fake news relacionadas ao tráfico de drogas.

Renê Silva e Raul Santiago, que são moradores do Complexo do Alemão, defendem que o termo “CPX” é relacionado ao local e não tem associação com o crime.

“Se até a PMERJ escreve CPX, O Lula não pode usar o boné que é abreviar o nome Complexo?”, questiona Renê Silva em seu Twitter.

No Twitter, Zélia Duncan afirma que o candidato à presidência homenageava os moradores da comunidade.

“Lula homenageava os moradores do Complexo do Alemão, só isso. E foi lindo de ver! O resto é despeito e mentira”, escreveu a cantora.

As políticas Dani Monteiro, deputada estadual do Psol, e Tainá de Paula, vereadora do PT, afirmam que a comparação é preconceito e racismo.

“É covarde todo esse ódio e preconceito que estão destilando ao povo que vive nas favelas”, comentou Dani Monteiro.

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