Voto em Lula é 'proteção necessária', diz Amoêdo: Bolsonaro se mostrou 'péssimo gestor e muito autocráti
O empresário João Amoêdo, ex-candidato à Presidência da República e ex-presidente do partido Novo, afirmou nesta segunda-feira (17) que o voto em Lula (PT) no segundo turno das eleições "é uma proteção necessária".
"Chegamos a um momento em que a discussão nem é mais corrupção, mas sobre você ter o direito de ser oposição, de estar em um Estado Democrático de fato. Nessa visão, Bolsonaro me preocupa muito por todas as declarações que ele faz, inclusive, sobre o Supremo Tribunal Federal. Acho que ele é uma pessoa que se mostrou não só um péssimo gestor, mas muito autocrático", declarou ele.
"Isso foi o que me levou a dizer 'bom, é um sacrifício enorme, serei oposição no dia seguinte, mas hoje terei que votar no número 13", disse em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews.
Amoêdo também comentou a reação do partido Novo após declarar voto no candidato petista.
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"Me estanhou muito porque, primeiro, é um direito meu como cidadão; segundo: o estatuto do Novo permite que eu faça essa escolha; terceiro: o Novo declarou que os filiados tinham liberdade para fazer o voto conforme sua consciência; quarto: o Novo tem uma diretriz partidária colocando o partido como oposição ao Bolsonaro e eu exerço um direito meu e sou xingado de estar traindo, fazer um negócio vergonhoso", apontou.
"Isso me deixou preocupado e triste", completou.
O empresário declarou publicamente seu voto no último sábado (15): "É uma decisão difícil, pois não concordo com nenhum dos dois. A qualquer um que seja eleito, serei oposição desde o primeiro dia, mas meu direito de oposição tem mais chance de ser preservado com Lula do que Bolsonaro”.
Amôedo foi um crítico constante dos governos petistas e disputou a eleição presidencial de 2018 apoiado no discurso do liberalismo econômico. Ele ficou em 5º lugar, com 2,6 milhões de votos no primeiro turno.
“Bolsonaro tem atentado contra os poderes, cooptou o Legislativo com o orçamento secreto e vem testando essa ideia de aumentar os membros do Supremo para formar maioria. Apesar das discordâncias, serei obrigado a fazer algo que nunca fiz na vida, que é votar no PT”, disse.
O empresário, inclusive, tentou disputar novamente a cadeira do Palácio do Planalto neste ano, mas foi preterido por Luiz Felipe D'Avila. O candidato foi anunciado em convenção nacional do partido, que ficou marcada pela divisão entre os filiados favoráveis e contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O racha no partido persiste e a posição de Amoêdo contrasta com outro expoente do Novo, o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema. Dois dias após o primeiro turno, Zema anunciou o apoio a Bolsonaro após uma reunião com o presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Zema disse que herdou uma “tragédia” do governo petista de Fernando Pimentel, e que esse foi um dos motivos que o levaram a Brasília para declarar apoio ao candidato do PL.
O partido Novo não formalizou apoio a Bolsonaro, mas disse, em 3 de outubro, que é contra o PT e o lulismo e liberou seus filiados e eleitores a votar no segundo turno de acordo com a “consciência” e “princípios partidários”.
Após a declaração de Amoêdo, neste sábado (15), o atual presidente do partido Novo, Eduardo Ribeiro, divulgou uma nota nas redes sociais e chamou a decisão de "vergonhosa, constrangedora e incoerente".
"O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João", disse Ribeiro.
O perfil do partido Novo no Twitter também postou contra Amoêdo. "É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história. Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos", diz a mensagem.
Em resposta, Amoêdo disse, também em post, que lamenta "que o partido utilize meios oficiais para atacar a liberdade de expressão e política de um filiado. Ao responder o questionamento acerca do meu voto em segundo turno, apenas exerci um direito que me é conferido pela nossa Constituição".
E acrescentou: "Tal direito não apenas dialoga com um dos pilares do NOVO - a liberdade de expressão - como também encontra amparo no seu Estatuto, em Diretriz Partidária vigente e em uma nota recente que textualmente reafirmou a liberdade de seus filiados em votar segundo suas convicções".
Amoêdo é um dos fundadores do partido Novo, que foi fundado em 2011 com apoio de empresários no Rio de Janeiro. O objetivo inicial do partido era participar da política sem vínculos com políticos tradicionais e inserir a agenda liberal nas propostas para a economia. O registro foi aprovado no Tribunal Superior Eleitoral em 2015.
Na primeira eleição que disputou, Amoêdo, se apresentou com um discurso em favor de uma “nova forma de fazer política”. Sem coligação com outro partido, Amoêdo tinha direito a somente 5 segundos por bloco de propaganda no rádio e na TV.
Amoêdo é formado em engenharia e administração de empresas, trabalhou no Citibank, BBA-Creditansalt e na financeira Fináustria. Foi vice-presidente do Unibanco e membro do conselho de administração do Itaú-BBA.
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