Trump tentou bloquear informação precisa sobre Covid-19, diz relatório do Congresso

Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante discurso em 25 de junho de 2022 — Foto: Kate Munsch/REUTERS 1 de 1 Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante discurso em 25 de junho de 2022 — Foto: Kate Munsch/REUTERS

Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, durante discurso em 25 de junho de 2022 — Foto: Kate Munsch/REUTERS

O governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impediu que funcionários da saúde proporcionassem informações precisas sobre a covid-19 em uma tentativa de apoiar sua visão otimista da pandemia, de acordo com um relatório do Congresso publicado nesta segunda-feira (17).

Funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos disseram aos investigadores que trabalhadores da Casa Branca intimidaram o pessoal e tentaram reescrever seus relatórios.

Os funcionários tomaram "medidas sem precedentes" para conseguir que emissários de Trump participassem da "publicação e refutassem os relatórios científicos dos CDC, incluindo a redação de artigos de opinião e outras mensagens públicas para contrapor diretamente as descobertas dos CDC", diz o documento.

Os investigadores entrevistaram uma dúzia de funcionários atuais e anteriores dos CDC, assim como nomes do alto escalão do governo, para elaborar o documento de 91 páginas publicado pelo Subcomitê Selecionado de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para a Crise do Coronavírus.

O colegiado descreve como os indicados por Trump no Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) tentaram se apoderar da revista científica semanal dos CDC, o Boletim Semanal de Morbidade e Mortalidade (MMWR, na sigla em inglês), editando ou bloqueando os artigos que acreditavam que poderiam ser prejudiciais ao ex-presidente.

Os emissários de Trump tentaram "alterar o conteúdo, refutar ou atrasar a publicação" de 18 números do MMWR e um alerta sanitário, conseguindo fazê-lo em ao menos cinco ocasiões.

O relatório cita um funcionário de comunicação dos CDC que se queixou de que um aliado de Trump no HHS havia recorrido a um "comportamento intimidatório". Essa atitude fez com que os funcionários dos CDC "se sentissem ameaçados".

Jay Butler, subdiretor de doenças infecciosas dos CDC, disse que lhe pediram que não fizesse mais relatórios depois que suas declarações foram consideradas "alarmantes demais" pela Casa Branca.

"A investigação do Subcomitê Selecionado mostrou que a administração anterior se envolveu em uma campanha sem precedentes de interferência política na resposta à pandemia do governo federal, que minou a saúde pública para beneficiar os objetivos políticos do ex-presidente", disse o presidente do painel, o democrata Jim Clyburn, em comunicado.

"Como mostra o relatório de hoje [segunda-feira, 17], o presidente Trump e seus principais assessores atacaram repetidamente os cientistas dos CDC, comprometeram a orientação de saúde pública da agência e suprimiram os informes científicos em um esforço por minimizar a gravidade do coronavírus", acrescentou.

Os republicanos rejeitaram o relatório por considerá-lo enviesado e prometeram realizar sua própria investigação se recuperarem o controle da Câmara dos Representantes e do Senado nas eleições legislativas de meio de mandato que acontecem em novembro.

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