Polícia indicia 4 jovens acusados por morte de líder ambiental por asfixia motivada por ciúme e pede prisão preventiva
A Polícia Civil indiciou por homicídio triplamente qualificado quatro jovens sob suspeita de participação na morte do líder ambiental Adolfo Duarte, o Ferrugem. As qualificadoras foram motivo torpe (ciúme), impossibilidade de defesa da vítima e asfixia.
Para a delegada Jakelline Barros, responsável pelo inquérito, os depoimentos de todos são contraditórios e não coincidem com tudo o que foi identificado pela perícia no corpo da vítima, no barco e nos celulares dos suspeitos.
O inquérito foi relatado para a Justiça nesta segunda-feira (18).
Agora, o Ministério Público irá se manifestar sobre o pedido de prisão e sobre o relatório da delegada.
1 de 1 O líder ambiental Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem — Foto: Reprodução/TV GloboO líder ambiental Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem — Foto: Reprodução/TV Globo
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No mês passado, um dos jovens presos temporariamente sob suspeita de participação no crime prestou novo depoimento à polícia e passou a acusar amigo dele pelo assassinato.
O corpo de Ferrugem foi localizado em 6 de agosto na represa Billings, no Cantinho do Céu, na Zona Sul, cinco dias após desaparecer. No dia 1º, ele caiu do barco que comandava durante um passeio que ofereceu a quatro jovens (dois homens e duas mulheres).
Até 7 de setembro, todos davam a mesma versão, que a morte foi um acidente. Diziam que Ferrugem caiu do barco junto com uma das jovens após um “tranco”.
Laudo do Instituto de Criminalística, no entanto, mostrou que Ferrugem morreu por asfixia e não por afogamento. No último dia 24, a Justiça determinou a prisão temporária dos quatro no inquérito que passou a investigar homicídio qualificado.
Em 6 de setembro, os quatro participaram da reconstituição do crime, ainda mantendo a versão de acidente. O trabalho Começou às 17h e só acabou às 2h do dia seguinte.
Após a simulação, porém, Mauricius da Silva prestou novo depoimento. Segundo a polícia, ele quis falar na ausência de advogados.
Em depoimento gravado em vídeo — que também foi transcrito e assinado por Mauricius — o jovem disse que Vithorio Alax Silva Santos disse a ele na carceragem que “zoou” a vítima.
Segundo Mauricius, o amigo teria atacado a vítima por ciúme. Ferrugem dançava com uma das jovens, Mikaelly da Silva Santos, quando ambos caíram na água.
De acordo com o depoimento, eles só caíram porque Vithorio assumiu o comando do barco e causou um tranco propositadamente para que Ferrugem caísse.
O jovem preso afirmou ainda que tanto Mikaelly como Ferrugem conseguiram subir no barco após a queda.
Mauricius relatou que, assim que ela subiu, passou a auxiliar a jovem junto com a outra jovem, Katielle Souza Santos, na parte da frente do barco. Vithorio e Ferrugem teriam ficado na parte de trás. E, a partir daí, não viu mais o que ocorreu. Alega que não presenciou a agressão de Vithorio contra Ferrugem.
Mauricius afirmou ainda que assumiu o comando do barco para tentar achar Ferrugem, dando uma volta, mas que o amigo o apressou para ir embora.
Todos os demais envolvidos negam que houve um assassinato e afirmam ter sido um acidente.
A polícia também usa trocas de mensagens entre os suspeitos para sustentar que eles tentaram articular versões.
O advogado André Nino, que defende os dois rapazes indiciados por homicídio qualificado, disse que está analisando as 59 páginas do relatório policial enviado à Justiça. Ele diz que os clientes dele mantêm a versão de que a morte de Ferrugem foi um acidente. A TV Globo não conseguiu contatar os advogados das duas jovens.
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