Haddad diz que tratamento de usuários de drogas vai da 'redução de danos à internação', promete Bilhete Único Me

Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de São Paulo, afirmou ao 💥️g1 que a redução de danos, principal política utilizada durante o programa Braços Abertos para usuários de drogas na Cracolândia, Centro de São Paulo, não resolve todos os casos. Para alguns, o candidato defende a internação compulsória.

"Teto, trabalho e tratamento, os 3 'ts' que permitiram reduzir em 2/3 o consumo de drogas na Cracolândia, inclusive recuperando pessoas. Alguém vai perguntar, mas isso resolve todos os casos? Não resolve todos os casos. A chamada redução de danos é para um determinado público. Há pessoas que estão colocando em risco a própria vida ou a vida de terceiros. Essa pessoa, com um laudo médico, deve ser internada compulsoriamente e há pessoas que, de própria vontade ou com o apoio da família, pedem para ser internadas", disse.

Ao ser questionado se levaria o programa para outras cidades do interior, o petista diz que é preciso "ampliar o cardápio de soluções".

"A chamada internação voluntária, também passando por um laudo médico por uma consulta médica nós podemos, inclusive, conveniar com comunidades terapêuticas um tratamento adequado para essa pessoa. O que nós temos que fazer, portanto, é ampliar o cardápio de soluções. Nós vamos encontrar nesse cardápio amplo a solução para cada caso individual, que vai da redução de danos até a internação compulsória."

O petista também detalhou sua proposta de criar um Bilhete Único Metropolitano, mas não respondeu se pretende ampliar a tarifa do Metrô e da CPTM até o segundo ano de mandato.

"O que nós vamos fazer para estimular o uso do transporte público, até para diminuir o trânsito nas grandes cidades, é criar o Bilhete Único Metropolitano, e não só na capital. Nós temos várias regiões metropolitanas e muita gente mora em uma cidade e trabalha em outra e, para isso, se a gente criar o Bilhete Único Metropolitano, as pessoas vão deixar o carro em casa. Com o barateamento do custo da passagem, porque você vai pagar uma passagem só por quatro horas, digamos, e nessas quatro horas, você vai poder trocar de veículo, trem para o Metrô, do Metrô para o ônibus numa mesma tarifa, como acontece já na capital", disse.

Haddad explicou que o bilhete, além de integrar a região metropolitana de São Paulo, vai integrar o entorno de Campinas, o de Santos e o de Sorocaba.

Ao falar sobre propostas para os museus paulistas, Haddad disse que a primeira coisa que deve ser feita é garantir a segurança do patrimônio histórico.

"Nós não temos segurança nos museus. Eu não estou falando só de roubo, estou falando de incêndio, por exemplo. Nós tivemos vários incêndios em museus, nós tivemos o Museu do Ipiranga, que foi recém reaberto pela solenidade dos 200 anos da nossa Independência. Foi corroído por cupins. Teve o Museu da Língua Portuguesa, que foi sofreu um incêndio. Teve o Butantã, que sofreu um incêndio. Então, ou você preserva o patrimônio histórico começando pela segurança predial e patrimonial ou fica difícil", disse.

Fernando Haddad em entrevista ao g1. — Foto: Fábio Tito/ g1 1 de 1 Fernando Haddad em entrevista ao g1. — Foto: Fábio Tito/ g1

Fernando Haddad em entrevista ao g1. — Foto: Fábio Tito/ g1

O 💥️g1💥entrevistou os dois candidatos ao governo de São Paulo. A entrevista de Haddad foi gravada na sexta-feira (21). A de Tarcísio de Freitas (Republicanos), na quinta (20). O 💥️g1 fez dez perguntas para cada um, das quais sete idênticas e três específicas. Os candidatos tiveram 20 minutos para responder.

No primeiro turno das eleições, Haddad recebeu 8.337.139 de votos (35,70%). Ele disputa o segundo turno com Tarcísio de Freitas, que teve 9.881.995 votos (42,32%).

💥️Confira todos os trechos da entrevista:

Segundo o candidato, a implantação do bilhete será gradual, para que sejam avaliados os impactos desta política pública no orçamento.

"Porque nós temos que medir o impacto disso nas contas públicas, por onde nós vamos começar? Pelas cidades onde menos tem oportunidade de trabalho, ou seja, se tem muito morador e pouco posto de trabalho, é sinal que as pessoas estão se deslocando muito, e essas pessoas que nós vamos beneficiar em primeiro lugar."

O programa de atendimento a usuários de drogas, segundo Haddad, vai focar no tratamento das pessoas.

"Ninguém se recupera morando na rua. Então você precisa primeiro lugar, garantir um teto para essa pessoa. Em segundo lugar, referenciá-la a um centro de tratamento que é o Caps AD, Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas. Em terceiro lugar, abrindo frentes de trabalho. Teto, trabalho e tratamento. O que nós temos que fazer, portanto, é ampliar o cardápio de soluções."

Haddad afirmou que a lei será aplicada a todos, tanto cumprindo a função social das propriedades quanto garantindo o preço justo para o proprietário, em caso de desapropriação.

"Nós temos uma lei que prevê a função social da propriedade, ou seja, a propriedade rural tem que produzir, caso ela não produza, ela pode ser objeto de desapropriação, garantindo justo o preço para o proprietário. Nós precisamos a todo o custo ampliar a produção de alimentos. Nós precisamos voltar a fomentar a agricultura familiar, sem prejuízo do agronegócio, porque nós temos muita terra ociosa, que pode ser colocada a serviço da produção de alimentos, que é o que vai para a mesa do trabalhador."

Haddad afirmou que os rios Tietê e Pinheiros precisam passar por uma "ampla revisão", iniciando pelo desassoreamento, para evitar enchentes no entorno. Em segundo lugar, capitalizar a Sabesp, "para continuar fazendo o trabalho quem vem fazendo e parar de pensar em privatizá-la. O Pinheiros e o Tietê têm solução, mas essa solução passa pela Sabesp".

"A Sabesp é um grande guarda-chuva. Debaixo dela, você pode fazer muitas parcerias com o setor privado, concessões específica, parcerias público-privadas. Você pode fazer a emissão de ação, a emissão de debêntures. Tudo isso cabe, porque a Sabesp é uma companhia de capital aberto com ações em Bolsa de Valores. O que não se pode fazer: vender o controle acionário da Sabesp, porque aí o setor privado, que comprar a Sabesp e ficar com o controle, vai pensar no lucro. Não vai pensar em dar assistência para o usuário."

O candidato do PT disse que vai priorizar incluir, na Constituição estadual, a vinculação de recursos para custear universidades públicas estaduais e a Fapesp.

"A história demonstrou que essas instituições evoluíram muito com autonomia financeira. Hoje São Paulo responde por 50% da produção científica do Brasil. Nós temos que usar esse conhecimento em proveito do estado e uma das formas de produzir mais conhecimento é garantir a autonomia universitária. Então isso está garantido e tem um acréscimo na proposta, que a ao invés de vincular a um tributo o caso do ICMS nós podemos vincular uma cesta de tributos."

Haddad propõe unir os institutos federais, que, segundo ele, conta com 37 unidades no estado, às Etecs, Fatecs e ao Sistema "S" (Sesi, Senai, Senac) para "fazer uma reforma de todo o ensino médio paulista".

"Um jovem Paulista não tem que depender de onde ele está matriculado para concluir o ensino médio com o certificado profissional. Eu quero que todo o jovem paulista tenha acesso à educação profissional ao longo do ensino médio."

Questionado sobre investimentos em CPTM e Metrô, o petista afirmou que "sem trilho, uma metrópole não se desenvolve" e que irá acelerar as obras do Metrô e "cuidar da CPTM".

"CPTM está muito largada. As linhas concedidas para o setor privado não estão observando o padrão de qualidade exigido no edital de licitação. Ou seja, quem ficou com a linha não está fazendo os investimentos devidos, de acordo com o edital e aquilo que ficou com o estado está muito precário, sobretudo as estações da CPTM da Zona Leste da metrópole, aqui em São Paulo, estão realmente em petição de miséria. Você não tem nem elevador nem escada rolante para cadeirante."

O candidato afirmou que pretende, se eleito, juntar a Secretaria de Administração Penitenciária à Secretaria da Justiça e fazer com que a remissão de penas seja cumprida.

"Vai ser uma secretaria só que vai cuidar desses dois temas. Segundo lugar, eu quero o cumprimento da Lei de Remissão de Pena. Eu quero que os presos trabalhem e estudem. O ócio é um veneno num presídio. O trabalho e estudo ajudam na recuperação, sobretudo no que diz respeito àqueles crimes mais leves, com penas mais brandas em que você pode acelerar a punição e a ressocialização do preso. Nós temos que modernizar o nosso sistema carcerário para que ele seja mais eficiente e menos custoso e que ele promova a punição devida, de acordo com a gravidade do crime cometido e a ressocialização da pessoa que cometeu o delito."

Para os museus, o candidato do PT pretende fomentar a visitação desses espaços, até mesmo para fortalecer a área da Cultura.

"Uma parte da segurança do museu é ocupação, ou seja, você tem que fomentar a visitação e para isso você precisa ter uma Secretaria da Cultura forte. Nós só investimos 0,3% do orçamento estadual em cultura. Isso é uma barbaridade, porque a cultura é uma área da economia que permite a geração de emprego e renda como poucas outras. O mundo inteiro acordou para o turismo, para a cultura, para o meio ambiente como os setores de geração de emprego e renda, São Paulo não pode ficar para trás."

Segundo o candidato, as marcas de seu governo serão reindustrializar o estado e reduzir as desigualdades por meio de um programa de renda básica de cidadania para as pessoas mais pobres.

"Eu quero usar a capacidade criativa do povo paulista para reindustrializar o estado de São Paulo e para reduzir as colossais desigualdades do nosso estado. Eu acho que se a gente tiver como eixo reindustrializar o estado, desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, buscar a justiça social, nós vamos ter um estado cada vez melhor. O estado de São Paulo vive uma realidade dramática de desindustrialização. Eu quero usar o conhecimento produzido aqui por USP, Unesp, Unicamp, para sentar à mesa com o setor privado e o setor público, mais essas instituições de pesquisa, incluindo Fapesp, Centro Paula Souza, para que a gente coloque o conhecimento produzido a serviço da reindustrialização do estado."

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