De MST a Persio Arida, ato na PUC consolida coalizão pró-Lula com aval de militância petista
Candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e apoiadores em evento na PUC-SP — Foto: YouTube/Reprodução
De João Paulo Rodrigues, do MST, ao economista Persio Arida. De Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, à herdeira do Itaú Neca Setúbal. Do socialista Juliano Medeiros, do PSOL, ao liberal Henrique Meirelles. O ato pró-Lula (PT) na noite desta segunda-feira na PUC de São Paulo consolidou a coalizão em torno do ex-presidente para derrotar Jair Bolsonaro (PL), dessa vez com o aval da militância que tomou o teatro Tuca e as ruas de Perdizes.
Nomes que jamais haviam dividido um palanque e que passaram os últimos 30 anos em campos opostos da política estavam ali, juntos, na fotografia do palco do Tuca. “Eles não sabiam o que nós sabemos. Que as paralelas de vez em quando se cruzam. E, quando se cruzam, saiam da frente porque somos invencíveis”, discursou José Gregori, 92 anos, tucano histórico e ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, dirigindo-se diretamente a Lula.
Quando a banda Francisco El Hombre puxou "Apesar de Você", de Chico Buarque, todos cantaram entusiasmados. A música, um símbolo da resistência contra a ditadura, se converteu ali na canção de exortação da "democracia contra a barbárie".
"Nosso governo não será um governo do PT”, declarou o ex-presidente. Em seguida, Lula dirigiu-se à presidente do PT, Gleisi Hoffmann. “É importante, Gleisi, você que é presidente, saiba: nós precisamos fazer um governo além do PT. Tem muita gente que nunca foi do PT e participou do meu governo - e vai ser assim. Não será um governo do PT, será um governo do povo brasileiro”, afirmou Lula.
O ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, algoz dos petistas no julgamento do mensalão, fez um depoimento em vídeo, declarando voto em Lula. “Em grandes democracias Bolsonaro é visto como um ser abjeto, desprezível (...) é preciso votar já em Lula.”
Lula sempre defendeu a ideia de que a candidatura dele representasse uma frente ampla contra Bolsonaro. A formação dessa unidade, no entanto, foi um processo com avanços e solavancos. A escolha de Alckmin para ser vice, decidida de cima para baixo, enfrentou oposição de boa parte da militância petista.
No início da campanha, o ex-governador chegou a evitar determinados eventos para fugir das vaias. Foi o que aconteceu, por exemplo, no dia 15 de agosto, num ato na USP, com um perfil de público parecido com o que estava na PUC na noite desta segunda. Havia a expectativa da presença de Alckmin, mas ele não apareceu. Seu aliado Márcio França, então candidato ao Senado, foi vaiado duas vezes.
Na noite de ontem, foi diferente. França e Alckmin foram muito aplaudidos por uma plateia formada em sua maioria por militantes e simpatizantes do PT. O mesmo ocorreu com figuras que, seis anos atrás, apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, como Henrique Meirelles, Marta Suplicy e Persio Arida. Bastante descontraída, Marina Silva (Rede) foi uma das mais celebradas.
Antes do evento, Marta disse que, no início, a campanha do PT estava muito sectária, mas que Lula percebeu a necessidade de ampliar os apoios. Afirmou ainda que, se eleito, o ex-presidente saberá dialogar com o MDB para ter a sigla na base de sustentação.
O pedetista Antonio Neto estava na plateia. Questionado por jornalistas sobre Ciro Gomes, brincou. “Eu sou o Ciro. Ciro está aqui”. Neto disse ainda não ver necessidade de uma nova declaração de apoio de Ciro, dessa vez citando o nome de Lula. “Ele já declarou o apoio. É suficiente.”
Simone Tebet estava em um ato de campanha em Niterói e chegou para o encerramento do evento. Também muito aplaudida pela militância, defendeu que num eventual governo Lula haja “uma nova arquitetura política no Brasil”.
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