Murais de Di Cavalcanti no Teatro João Caetano são restaurados e voltam às cores originais
Os murais 'Samba' e 'Carnaval', de Di Cavalcanti, passaram pelo processo de restauração no Teatro João Caetano — Foto: Paulo Cavassani/Divulgação/ Funarj
Dois painéis do pintor 💥️Emiliano Di Cavalcanti que ocupam as paredes do Teatro João Caetano, no Centro do Rio, então em fase final de restauração e devem ser devolvidos ao público em dezembro. As obras “Samba” e “Carnaval” são consideradas os primeiros murais modernistas brasileiros. A ação teve como objetivo restaurar as cores originais.
O professor 💥️Edson Motta Júnior, da Escola de Belas-Artes da UFRJ, que lidera o time de restauradores, conta que o trabalho começou em julho e tem previsão de terminar no fim de dezembro. O objetivo é deixar as obras com a aparência mais próxima possível do tempo da pintura, entre os anos de 1929 e 1930.
“Encontramos os painéis bastante deteriorados, com lacunas de perda de tinta durante os anos. Ao longo do tempo, os painéis sofreram muitos danos. E, aos pouquinhos, eles foram perdendo lacunas de tinta. Algumas foram restauradas e nem sempre elas foram perfeitas. E são 80, 90 anos de sujeira, pois elas estão em um centro urbano. O restauro se resumiu à consolidação da tinta e a limpeza da pintura”, disse.
As pinturas estão localizadas no foyer do segundo piso do teatro e têm 5,5 metros de altura por 4,5 de largura sobre argamassa, em superfície total de 49,75 metros quadrados.
Elas foram inauguradas com o atual edifício onde se localiza o teatro, no começo dos anos 1930.
2 de 3 Trabalho de restauração de mural de Di Cavalcanti no Teatro João Caetano — Foto: Gabriel Sobreira/ Divulgação/ FunarjTrabalho de restauração de mural de Di Cavalcanti no Teatro João Caetano — Foto: Gabriel Sobreira/ Divulgação/ Funarj
O trabalho foi executado por Di Cavalcanti com tintas a óleo e usando uma temática popular em um tempo em que o Brasil se enxergava de outra maneira.
O trabalho também valoriza o povo e as manifestações dele na arte.
“Se você olhar os painéis, não tem uma pessoa de raça branca. São pessoas miscigenadas, não brancas. Isso, em um Rio de Janeiro que pretendia ser europeu, era muito avançado montar um painel que fosse de temática popular, como é ‘Carnaval’ e ‘Samba’”, disse o professor.
Os recursos usados na restauração das obras são da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj), que mantém o Teatro João Caetano.
Além do professor Edson Motta Júnior, a equipe contou com dez restauradores, quatro estagiários e a colaboração de três professores especializados em análises de obras de arte.
Elizabeth Di Cavalcanti Veiga, filha do artista, destaca que os painéis são importantes para refletirmos a brasilidade.
“Acho que Di Cavalcanti é fundamental para que nós possamos rever onde nascemos e como nascemos e haver a identificação do povo, principalmente as crianças”, destacou a herdeira do artista.
3 de 3 Mural de Di Cavalcanti em processo de restauração no Teatro João Caetano — Foto: Divulgação/ FunarjMural de Di Cavalcanti em processo de restauração no Teatro João Caetano — Foto: Divulgação/ Funarj
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