Tarcísio e Haddad debatem salário mínimo e outros temas nacionais e trocam acusações sobre o tiroteio em Paraisópolis e a Cracol
Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) passaram boa parte das duas horas do debate do segundo turno para governador de São Paulo da TV Globo, nesta quinta-feira (27), abordando temas nacionais, como o salário mínimo, o Auxílio Brasil e até o oxigênio em Manaus, no Amazonas.
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Os governos de seus padrinhos políticos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), foram criticados pelos adversários, bem como a prefeitura da capital paulista, que já foi administrada pelo petista.
Os temas estaduais foram abordados no embate sobre a privatização da Sabesp, o transporte sobre trilhos, a merenda das escolas e as obras de infraestrutura.
O tiroteio em Paraisópolis e seus desdobramentos vieram à tona ao final do debate, com questionamento de Haddad. Já Tarcísio criticou a gestão de Haddad frente à Cracolândia, no Centro de São Paulo.
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1 de 4 Os candidatos Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate do 2º turno ao governo de SP mediado pelo jornalista César Tralli — Foto: Fabio Tito/g1Os candidatos Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate do 2º turno ao governo de SP mediado pelo jornalista César Tralli — Foto: Fabio Tito/g1
Haddad disse que a equipe de Tarcísio não deveria ter pedido para o cinegrafista apagar as imagens do tiroteio, que ocorreu durante agenda do candidato do Republicanos, mas sim, ter levado à polícia.
"Se você tem uma imagem que você acha que pode colocar em risco a vida de alguém para quem você leva? Você apaga ou leva para alguma autoridade policial? É a autoridade que decide manter ou não em sigilo aquela imagem. Esse procedimento que ele acabou de relatar é um absurdo", questionou o petista.
Tarcísio, por sua vez, criticou mais de uma vez, ao longo do debate, o programa Braços Abertos na Cracolândia, da gestão Haddad, que, entre outras políticas, dava trabalho e pagava um salário aos usuários de drogas.
"Você falou tanto em Google. Se a gente procurar no Google, a gente vai ver lá ‘Bolsa Crack’. Bolsa Crack foi o que resultou seu programa de combate à Cracolândia. No final das contas, você acabou dando um dinheiro que incentivou as pessoas a consumir mais drogas e talvez por isso você tenha fracassado na questão do enfrentamento da Cracolândia. Não percebeu a complexidade de aliar várias políticas públicas, entre elas a de habitação, porque ninguém está indo para a rua para consumir drogas, pessoas estão consumindo droga porque estão na rua", disse.
No primeiro turno, que ocorreu em 2 de outubro, Tarcísio obteve 9.881.995 (42,32%) dos votos e Haddad, 8.337.139 (35,70%).
Pesquisa do Ipec (ex-Ibope) divulgada na tarde da terça (25) indica um empate técnico no estado, com Tarcísio numericamente à frente, somando 46% das intenções de voto, e Haddad, 43%.
O debate realizado pela TV Globo foi dividido em quatro blocos e teve duas horas de duração. Foi o último encontro entre os dois candidatos para a exposição de propostas e o contraste de ideias antes do segundo turno da eleição, no domingo (30).
2 de 4 Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas durante debate para governador de SP na Globo — Foto: Fábio Tito/g1Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas durante debate para governador de SP na Globo — Foto: Fábio Tito/g1
Haddad abriu sua fala no debate com temas nacionais, como o salário mínimo, dizendo que vai aumentar no estado, e sobre o SUS. Na sequência, entrou com tema sensível a Tarcísio, sobre a vacinação das crianças. Em entrevista ao💥️ g1, o candidato do Republicanos disse que é contra a obrigatoriedade da vacinação infantil.
Tarcísio não respondeu, mas disse que precisava desmentir fake news que estavam sendo divulgadas contra sua campanha, como a suposta certeza de que ele quer privatizar a Sabesp e aumentar a conta de água. O candidato, afilhado de Bolsonaro, também trouxe o debate para a questão nacional e disse ser mentira que o presidente não vai aumentar o salário mínimo.
3 de 4 Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate nos estúdios Globo em SP — Foto: Fábio Tito/g1Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate nos estúdios Globo em SP — Foto: Fábio Tito/g1
A ordem de quem começou questionando e quem iniciou respondendo em cada bloco foi definida em sorteio.
Depois, Haddad subiu o tom e afirmou que se baseia em reportagens para falar o que diz e que Tarcísio não pode falar mentiras. A discussão seguiu na temática nacional, trazendo a pandemia e as decisões do governo federal sobre a distribuição de equipamentos para os hospitais, como o caso do transporte do oxigênio para Manaus, que viveu um colapso durante a pandemia.
Sobre o reajuste do salário mínimo paulista, Haddad afirmou que propôs aumentar para R$ 1.580. Tarcísio disse que também vai dar reajuste acima da inflação, cerca de R$ 1.550, mas que economia não se resolve "na canetada" e que quer promover o emprego. O candidato petista, porém, sabedor da falta de reajuste do salário mínimo nacional durante o governo Bolsonaro, voltou ao tema diversas vezes.
Nos quatro anos do governo Bolsonaro não houve aumento real do salário mínimo, ou seja, sem reajuste acima da inflação. O salário mínimo atual é de R$ 1.212.
Já sobre o Auxílio Brasil, Haddad afirmou que o governo Bolsonaro está "espoliando, a palavra só pode ser essa, o beneficiário do Auxílio Brasil". "Esse [empréstimo] consignado que estão fazendo... Fizemos consignado para quem recebia contracheque no banco, foram as taxas mais baixas de juro já praticadas. Vocês estão fazendo no período eleitoral, estão fazendo consignado para arrancar o couro do beneficiário do Auxilio Brasil. O juro do consignado do Auxílio Brasil está chegando na casa do cheque especial. A quem estão pensando favorecer? O trabalhador que não consegue terminar o mês ou o banco que endivida as famílias. Concorda com a taxa de juros cobrada?", questionou Haddad.
"O que vemos nos últimos anos foi o aumento da oferta de crédito, uma revolução silenciosa do sistema financeiro", respondeu Tarcísio. "Se o consignado do Auxílio Brasil fosse tão ruim, ia ter gente que ia judicializar, ia reclamar, se contrapor. O Auxílio Brasil foi um grande alívio, foi o momento em que mais pessoas precisaram de dinheiro, na pandemia, com R$ 600. As chefes de família recebiam R$ 1.200. No primeiro momento virou poupança, depois virou consumo e girou a economia. Isso ajudou a preservar empregos, famílias a fazer reformas e ter sobrevivência. Auxílio emergencial correspondeu a mais de 10 anos do Bolsa Família."
Na sequência, o candidato do Republicanos mirou na relação de Haddad com o Movimento dos Sem Terra (MST), que desagrada ruralistas do interior de São Paulo, e quis saber o que o petista fará pelo agronegócio. Haddad, no entanto, retomou o tema da vacinação e da pandemia e, depois, comentou o governo Lula promoveu "o maior avanço da agricultura familiar e do agronegócio da nossa história".
Ao final do bloco, Haddad afirmou que o estado terá foco no controle de gastos, e Tarcísio complementou na mesma linha.
Tarcísio abriu o segundo bloco, temático, perguntando a Haddad qual a solução para o aumento de pessoas em situação de rua, tema compartilhado entre as esferas municipais e estaduais. O petista respondeu que o combate ao problema se dará em conjunto com prefeitos paulistas e também citou a questão dos usuários de drogas, repetindo o que respondeu ao 💥️g1 sobre a necessidade de internação, quando for necessário.
4 de 4 Haddad e Tarcísio, candidatos ao governo de SP, durante debate na TV Globo — Foto: Fabio Tito/g1Haddad e Tarcísio, candidatos ao governo de SP, durante debate na TV Globo — Foto: Fabio Tito/g1
O candidato do Republicanos, na réplica, citou que um morador de rua morreu de frio durante a gestão de Haddad. O petista falou que o adversário não podia entrar nesse tema, o da habitação, já que o "governo Bolsonaro acabou com o Minha Casa Minha Vida", voltando, assim, para a temática nacional, corroborada por Tarcísio ao falar do programa bolsonarista Casa Verde e Amarela.
O orçamento secreto, do governo federal, também foi mencionado pelo petista. Depois, Tarcísio enumerou o que teriam sido derrotas de Haddad à frente da prefeitura.
O segundo tema foi sobre a falta de médicos, e Haddad perguntou sobre a questão no Brasil, citando o congelamento dos valores da tabela SUS. Tarcísio disse que Haddad tem "fixação no governo federal" e pediu para ele "superar" e falar mais sobre São Paulo.
No fim do bloco, os candidatos abordaram o investimento federal no estado. Haddad disse que não houve ferrovia, que a atual gestão "não botou um centavo no Metrô" paulista, e disse que vai restabelecer programas paralisados. Tarcísio respondeu enumerando investimentos do governo Bolsonaro em São Paulo, entre eles, a "duplicação de Itirapina para Santos, contorno ferroviário de Catanduva, contorno ferroviário de Rio Preto recuperação do ramal de Colômbia".
As alianças partidárias do PT, e como Lula e Haddad vão compor seu ministério e secretariado, abriram o terceiro bloco. O ex-prefeito criticou as falas de Tarcísio que já aventaram secretários em eventual governo.
O petista voltou ao tema nacional e disse que o que ele já sabe é que "Paulo Guedes não vai ser ministro da Economia no governo Lula". Tarcísio rebateu que as ideias de Lula ficaram ultrapassadas e que o PT não fez um mea-culpa sobre erros do passado.
A respeito de mobilidade urbana, Haddad mencionou sua proposta de criar o Bilhete Único Metropolitano e perguntou se o adversário é favorável a ele. Tarcísio respondeu que apoia o projeto. "Essa proposta é antiga, mas, na época, o Alckmin, que é vice do Lula, não topou. Mas nós vamos implementar, já sabemos inclusive quanto custa, qual o valor do subsídio que nós temos que dar para implantar o Bilhete Único Metropolitano."
Ainda sobre o tema, Tarcísio diz que sua proposta para o transporte é retomar as linhas ferroviárias do estado e que vai fazer o trem intercidades. Ele elenca obras de infraestrutura, sua pasta quando fez parte do governo Bolsonaro. Para o petista, Tarcísio não fez obras no estado.
A Cracolândia, no Centro de São Paulo, voltou ao debate. Tarcísio também falou de obras do governo Dilma e Lula que, segundo ele, não priorizaram o Brasil, mas outros países.
“Nós temos aí no campo da infraestrutura o que o PT nos deixou de legado. Foi um cemitério de obras paralisadas, 14 mil obras do PAC inacabadas. Metade delas nós concluímos no último período, mas seria uma injustiça dizer que o PT é ruim de obra. O PT é bom de obra, afinal de contas, terminou o Porto de Mariel, só que ele fica em Cuba. Não fez o metrô de Belo Horizonte, mas fez o metrô de Caracas. Vocês são bons de obras, só não fizeram obras aqui, fizeram obras para os companheiros ditadores da Venezuela, de Cuba.”
Haddad abre o último bloco dizendo que muitas pessoas no país não respeitam as mulheres e questiona quais os projetos do candidato do Republicanos para o tema. Tarcísio diz que será "implacável" contra a violência de gênero e que criará uma Secretaria Especial da Mulher. Diz que é importante manter delegacias da mulher funcionando 24 horas, com "mulher sendo atendida por mulher". Também promete criar abrigos para acolher vítimas de violência. Haddad diz que mulher vítima de violência hoje passa por via sacra para ser atendida e promete unir os serviços em um mesmo espaço.
Só ao final do debate, Haddad trouxe o tiroteio de Paraisópolis abordado na semana. Tarcísio se dedica a explicar. E volta a dizer que apagou por preocupação com as pessoas.
"Eu quero me dirigir à população de São Paulo primeiro agradecendo toda a consideração, todo o carinho que eu tive. Agradecendo o fato de vocês terem ficado acordado até essa hora, acompanhando esse debate. Nós temos duas linhas muito diferentes para o estado de São Paulo, a linha do verde amarelo e a linha do vermelho, a linha da esperança e a linha do medo, a linha da prosperidade versus a linha do atraso. A linha da livre iniciativa versus a linha do estado gigante das obras que vão ficar inacabadas, das promessas que não vão ser cumpridas, de uma pessoa que não sabe fazer, porque quando esteve na prefeitura, o que fez? Passei por um governo que enfrentou todas as crises. Crise de Covid, crise hídrica, a guerra da Ucrânia, mas sobre entregar um Brasil que está crescendo, está gerando emprego, está gerando oportunidade. Temos um plano de governo que está focado no social, vai cuidar das pessoas e a gente vai saber cuidar das pessoas. A gente tem sensibilidade, nós temos um plano de governo que vai gerar emprego fortemente. Nós vamos fazer o estado de São Paulo ser novamente a locomotiva do Brasil. Portanto, dia 30 de outubro, eu peço o seu voto. Vote Tarcísio 10 governador e presidente Bolsonaro, 22, porque o alinhamento dos dois governos é fundamental. Tem gente que pode até não gostar do presidente Bolsonaro, mas olha o que ele fez, porque eu tenho certeza que, se você gosta do Brasil, você não vai digitar 13, você vai digitar 22. Eu conto com vocês".
“Eu agradeço a oportunidade de estar aqui. À Rede Globo, ao telespectador, que nos acompanha até agora ao Tarcísio, meu aniversário, quero dizer que essa é a eleição das nossas vidas. O mundo inteiro está olhando para o Brasil. São Paulo, São Paulo é um país dentro de um país. São Paulo é o nosso estado, é o estado onde eu nasci, onde eu casei, onde eu criei meus filhos, onde eu eduquei meus filhos, onde eu fiz minha vida, fiz minha vida como comerciante, como construtor, como consultor, como político, como prefeito, como ministro.
E deixei um legado por onde passei para São Paulo. Compare o que eu fiz por São Paulo com que o meu adversário fez, rigorosamente nada. Teve 4 anos e voltou as costas para o estado que só recentemente ele decidiu ser governador, ia ser senador lá em Goiás, decidiu na última hora vir para cá. Não é assim que se trata um estado da importância de São Paulo. São Paulo é muito importante para o Brasil. Eu tenho certeza que quando houver harmonia entre o governo federal e o governo estadual e programas de educação, de saúde, nós vamos fazer acelerar o ritmo da mudança. O Brasil está crescendo 1% ao ano nos últimos 4 anos, nós crescemos 4%, gerando emprego de qualidade. Foram mais de 20000000 de postos de trabalho formais. Nem estamos contando informal, nós precisamos voltar a sonhar grande, pensar grande. Esse estado é grande. Esse estado pode muito mais".
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