Temperatura aumenta nos grupos de família no WhatsApp na reta final da eleição; leia histórias
Na semana final das eleições de 2022, o caldo entornou em muitos grupos de família no WhatsApp. O 💥️g1 mostrou o crescimento e as histórias das batalhas do Zap em 2018. Em setembro de 2022, as brigas voltaram, mas com pessoas exaustas de discutir. Mal elas sabiam que ia piorar...
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A explosão de menções a "briga no grupo da família" no Twitter em outubro de 2022 é um sinal de que o 2º turno está mais belicoso que o 1º no ambiente virtual. O 💥️g1 procurou pessoas que relatam esses embates e conta aqui três histórias:
O 💥️g1 também voltou a conversar com o psiquiatra que deu dicas em 2018 e em setembro de 2022 de como lidar com o embate, para dar orientações nestes últimos dias. Ele diz que é normal se sentir tenso – o anormal hoje é quem não está ansioso – e dá dicas para não transformar a tensão em explosão.
O contador Leandro Sebastian da Cunha, 26 anos, de Belo Horizonte, diz que virou um eleitor mais ferrenho de Jair Bolsonaro por causa dos primos, "todos petistas", em 2018. "O fato de eles me encherem muito fez até eu querer apoiar mais. Eu fui querer acompanhar mesmo os planos de governo do Bolsonaro."
"Digamos que eu comecei a virar Bolsonaro mais por briga familiar. A pessoa te faz tanta raiva que você arruma um jeito de provocar", ele diz. Ele estava tranquilo desde então, mas o clima final de 2022 fez voltar as provocações com os familiares. "Eles não me respeitavam em momento nenhum."
1 de 3 Leandro Sebastian Almeida Nunes da Cunha, contador de 26 anos, de Belo Horizonte — Foto: Arquivo PessoalLeandro Sebastian Almeida Nunes da Cunha, contador de 26 anos, de Belo Horizonte — Foto: Arquivo Pessoal
Leandro diz que votou no PT em 2014. "Eu sempre fui aberto a conversas. Tenho vários amigos que votam no Lula e no Bolsonaro. Mas eu sempre pedi argumentos plausíveis." Ele diz que os argumentos dos outros eleitores não o convenceram e parecem só "marcação por estar do outro lado".
A família de Emelin Sousa, servidora pública de Belém (PA), saiu abalada das eleições de 2018. "Grande parte das mulheres são de esquerda, e os homens são de direita. Começou uma briga de verdade. Aí meu tio, que é o administrador do grupo, falou: 'Está proibido de falar desse assunto.'"
A proibição de falar de política em grupos familiares é comum, mas eles foram além: baniram o tema também nos encontros pessoais. Emelin destaca a atuação do tio, rigoroso e rápido nas decisões, assim como Alexandre de Moraes, presidente do TSE, ela diz.
2 de 3 Emelin Sousa, 30 anos, servidora pública de Belém (PA) — Foto: Arquivo PessoalEmelin Sousa, 30 anos, servidora pública de Belém (PA) — Foto: Arquivo Pessoal
Mas uma briga entre os tios mais velhos foi inevitável nesta reta final de 2022. A atuação para acalmar os ânimos foi em dupla: tio Eder, com o poder da lei, e os primos mais novos, com figurinhas do Casimiro, que levaram a conversa para o humor. "Acabou virando brincadeira", diz Emelin, aliviada.
Diego Martins, publicitário de 29 anos, do Recife, conta que tem dois grupos de família: no da mãe, a maioria é petista e só há duas primas bolsonaristas, que ficam encurraladas pela maioria. Mas no grupo do pai, é Diego quem fica na minoria.
"Eles são evangélicos e mandam muita coisa de religião e Bolsonaro. Quando saiu o vídeo dele na maçonaria, eu mandei lá. Minha prima falou que estava fora de contexto, e começou a ser apoiada por vários primos, e eu comecei a brigar, porque estar na maçonaria contradiz um grupo evangélico", diz.
3 de 3 Diego Martins, 29 anos, publicitário do Recife — Foto: Arquivo pessoalDiego Martins, 29 anos, publicitário do Recife — Foto: Arquivo pessoal
E o que será que a prima achou da discussão? Diego passou o contato, e a percepção dela foi outra: "Acho que debater sobre um assunto específico, em que os envolvidos não concordam, não é briga. Briga de partido não é comigo. Não sou bolsonarista, sou de direita, contra o PT", ela disse – mas não quis conversar mais sobre o assunto.
Talvez por serem maioria no grupo, os primos percebam Diego como quem está brigando, não eles. Ele comenta: "Engraçado o contraste com o grupo da minha mãe, que fica todo mundo brigando com minhas duas primas bolsonaristas. Não sei como a gente conseguiu conviver por tanto tempo".
"Nessa semana, quem tem alguma saúde mental necessariamente está deprimido e ansioso. Quem não está deprimido e ansioso é que está louco. É um momento muito tenso mesmo", diz Pedro de Santi, psicanalista e professor da ESPM.
É um resultado indefinido. Tudo isso alimenta uma tensão muito grande, e a chance de isso ser explosivo é gigantesca. Não é difícil explodir numa briga, num gesto abrupto, numa ofensa a quem está votando diferente da gente", ele descreve. Pedro dá 5 passos para tentar conviver nos grupos:
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