MPF abre inquérito para investigar morte de adolescente no Complexo do Chapadão

O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação criminal para apurar a morte de Lorenzo Dias Palinhas, de 14 anos, após uma operação policial da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Complexo do Chapadão na madrugada da sexta-feira (28).

Para ajudar na investigação, o MPF determinou que a superintendência da PRF informe ou apresente, em até 72 horas:

Jovem morre em operação policial no Complexo do Chapadão — Foto: Arquivo pessoal 1 de 2 Jovem morre em operação policial no Complexo do Chapadão — Foto: Arquivo pessoal

Jovem morre em operação policial no Complexo do Chapadão — Foto: Arquivo pessoal

Também foram requisitados outros dados, como:

Para a operações da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o MPF requisita, em 5 dias, cópia dos boletins de ocorrência.

A Defensoria Pública esteve no Complexo do Chapadão e apresentou ao MPF registro de documentos do ocorrido durante a operação policial.

A família de Lorenzo contou que o menino estava trabalhando como entregador quando foi morto com tiro na cabeça.

O adolescente cursava o 7º ano do ensino fundamental, na Escola Municipal Comandante Arnaldo Varella, e trabalhava como entregador em uma lanchonete na rua de casa.

Segundo a mãe de Lorenzo, ele estava a caminho de casa quando foi baleado. Ela contou que o filho sonhava em juntar dinheiro para abrir um negócio próprio.

Mãe de Lorenzo Dias Palinhas defende a inocência do filho — Foto: Reprodução/TV Globo 2 de 2 Mãe de Lorenzo Dias Palinhas defende a inocência do filho — Foto: Reprodução/TV Globo

Mãe de Lorenzo Dias Palinhas defende a inocência do filho — Foto: Reprodução/TV Globo

Através de uma ligação, lhe contaram que Lorenzo tinha sido baleado. A mulher diz que foi imediatamente ao local, e viu o filho “estirado no chão”.

À ONG Rio de Paz, o vigilante Fernando Francisco, 55 anos, avô de Lorenzo, acusou policiais de matarem o menino enquanto trabalhava.

"Um dos policiais abordou ele (Lorenzo), revistou ele e mandou subir na moto. Quando ele subiu, ele (policial) alvejou ele na cabeça. Eles estão dizendo que meu neto foi alvejado por bala perdida e, na verdade, ele foi assassinado. Essa é a verdade. Mataram o meu neto", diz o avô.

Algumas testemunhas dizem que ele voltava de moto quando os policiais atiraram. Ele caiu junto com o veículo, que não consta no registro de apreensão da PRF. O jovem estaria com R$ 10 na mão, valor que recebeu de uma entrega que havia realizado.

Uma amiga da mãe conta que Lorenzo era um menino tranquilo, não dava trabalho e estava estudando.

Uma outra moradora, que conhece a família há anos, diz que ele era esforçado.

"Ele vinha me entregar hamburguer, sempre foi um bom menino. Ele trabalhava para ajudar a mãe em casa", afirma ela.

A Federação das Favelas informa que lideranças comunitárias estão na comunidade desde a madrugada e acionaram o Ministério Público e a Defensoria Pública.

O MPRJ informa que vai apurar as circunstâncias da morte do adolescente.

Em nota, a Defensoria Pública informa que está acompanhando os desdobramentos desde o início da ocorrência. Uma equipe formada pela Ouvidoria e pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) está a caminho do local, acompanhada por outras instituições.

A Defensoria informa, ainda, que vem prestando informações sobre o caso ao MPF, a quem cabe o controle externo da PRF.

O vereador Luciano Vieira (PL), nascido e criado no Complexo do Chapadão, passou a madrugada na comunidade prestando apoio à família da criança.

Em nota, a PRF conta que a ação foi iniciada depois da morte do agente rodoviário federal Bruno Vanzan, em uma tentativa de assalto na Transolímpica. Em perseguição, eles teriam ido até a Vila Kennedy em busca dos criminosos, onde ficaram sabendo que um deles havia sido morto pelo comando do tráfico e que o outro estava sob custódia dos criminosos.

Em uma denúncia, a corporação teria ficado sabendo que o carro do agente estava no Chapadão e se deslocou em busca de resgatar o veículo. Lá, segundo a PRF, teriam sido recebidos a tiros por cerca de 30 suspeitos.

Eles apreenderam dois menores e dizem ter "neutralizado" um terceiro, que supostamente seria Lorenzo. Segundo a corporação, os menores admitem fazer parte do tráfico de drogas e que, nas palavras da PRF, os três estavam de “plantão” no comércio da “boca de fumo” e na “contenção” da comunidade.

A Delegacia de Homicídios da Capital abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte.

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