Médico fala do resultado ao prescrever canabidiol para a mãe: 'Da depressão à alegria'
Dr José Fernandes com a mãe, Rosangela Luquetti, e o pai, Ivany Tiradentes — Foto: Arquivo pessoal
"Minha mãe passou da Depressão à alegria com Canabidiol. Hoje ela inclusive canta em casa!". O relato é do Dr. José Fernandes Vilas, especialista em neurologia e psiquiatria clínica, que prescreveu para a mãe o tratamento com Canabidiol.
O médico e a mãe são de Itaperuna, no Noroeste Fluminense.
A revogação da norma que restringia a prescrição de Canabidiol (CNB) tem sido comemorada por diversos médicos, entidades e pacientes desde o dia 24 de outubro quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) suspendeu "temporariamente" a resolução.
A decisão ocorreu no mesmo dia em que a entidade iniciou uma consulta pública para receber contribuições de toda a população sobre o tema. As sugestões podem ser feitas até 23 de dezembro pelo site do Conselho.
O 💥️g1 conversou com o especialista em neurologia e psiquiatria clínica que reforçou os benefícios do Canabidiol. O profissional acredita que a resolução poderia ser prejudicial aos pacientes que já fazem tratamento e que acabariam sendo submetidos a retirada abrupta do medicamento. De acordo com o médico poderia haver uma piora no quadro de saúde daqueles que dependem deste tratamento para as síndromes.
"O Canabidiol, para quem trabalha na área de saúde mental, veio como um divisor de águas no tratamento da grande maioria das doenças psiquiátricas. Claro que não é o tratamento convencional, porém, é um adjunto. Automaticamente, com isso, melhora muito a qualidade de vida dos pacientes. As doenças neuropsiquiátricas têm uma limitação farmacológica. Então, quando recebemos uma oportunidade para ampliar essa medicação, o tratamento e a acessibilidade dos pacientes recebemos como uma válvula de escape", disse o Dr. José Fernandes Vilas, que agora, além de médico, é filho de paciente.
Defensores do uso do CNB relatam que o medicamento auxilia no tratamento de autismo, fibromialgia, TDAH, transtornos comportamentais, epilepsia, dores crônicas, Alzheimer, Parkinson e até ajuda durante a quimioterapia.
"Temos diversos exemplos dentro das síndromes que são tratadas. Por exemplo: na fibromialgia, os pacientes têm melhora considerável da dor; já com a depressão, é possível melhorar a cognição, o humor e a qualidade de vida. Podemos citar também quanto aos pacientes com Alzheimer e doenças neurodegenerativas, que conseguem ter alívio dos sintomas de cada uma dessas doenças. Quando o CFM entrou com a liminar que limitava a recomendação, deixou todos os outros pacientes sem esses resultados extraordinários", completou.
Dr. José Fernandes destaca, ainda, que o Canabidiol funciona como um anti-inflamatório.
"As doenças neurológicas e neuropsiquiátricas geram uma inflamação cerebral e desorganizam o funcionamento dos neurotransmissores. Ou seja, elas desorganizam o funcionamento normal do cérebro", disse.
2 de 2 Dona Rosangela com o marido, filhos, genro e nora — Foto: Arquivo pessoal
Dona Rosangela com o marido, filhos, genro e nora — Foto: Arquivo pessoal
Dona Rosangela Luquetti de 58 anos, mãe do médico, usa o Canabidiol que inclusive foi prescrito pelo filho. O tratamento de depressão teve resultados positivos para a família.
"Depois que minha mãe passou a fazer o tratamento com Canabidiol somos surpreendidos por cenas dentro de casa como ver minha mãe cantando e louvando, ela está mais alegre e interage mais, enfim, situações que não aconteciam. Além de médico sou filho de uma paciente então posso falar com precisão de um caso que acompanho", concluiu.
O médico acrescenta que, ao usar o Canabidiol, é possível reduzir essa neuroinflamação e permitir que os neurotransmissores funcionem melhor. E que, além disso, o medicamento ainda potencializa o efeito de outras medicações.
"A regulação do CFM proibia o médico de prescrever a medicação à base de Cannabis para todas as outras doenças, e só permitia que fosse usada em pacientes com Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut, ou seja, um tipo de epilepsia raríssima. Com ela, a criança chega a ter quarenta crises convulsivas por dia, gerando retardo intelectual e também a Esclerose Tuberosa, que é de difícil controle com as medicações convencionais. Mas agora com a queda dessa regulação, automaticamente, estamos autorizados a continuar com a prescrição para todas as outras patologias que existem estudos", pontuou.
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