BC eleva estimativa de inflação em 2023 para 4,8% e passa a prever estouro do teto
O Banco Central informou terça-feira (1º) que elevou de 4,6% para 4,8% a previsão para a inflação do ano que vem. Com isso, o Banco Central passou a prever o estouro do teto de meta no próximo ano.
Isso porque o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que a meta de inflação para 2023 é de 3,25% e, pela margem de tolerância, será considerada cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
As informações constam da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida na semana passada. Na reunião, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ().
O BC também alertou para a alta de gastos públicos (💥️).
Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
O Copom reiterou, entretanto, que, ao fixar o nível da taxa Selic, está mirando na meta de inflação um pouco mais adiante, nos doze meses que se encerram no primeiro trimestre de 2024.
Além disso, voltou a indicar que manterá a taxa básica da economia em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos, por um "período suficientemente prolongado" de tempo, e não afastou a possibilidade de voltar ao subir a taxa Selic caso julgue necessário.
" O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", informou.
A interrupção do ciclo de alta, que contemplou 12 elevações seguidas na Selic, aconteceu em setembro. Foi o maior e mais longo processo de subida do juro em 23 anos.
Na ata do Copom, o Banco Central voltou a alertar para o aumento de gastos públicos, que se intensificou durante as eleições presidenciais, e a incerteza sobre a trajetória para as contas públicas a partir de 2023.
Por meio da chamada PEC Kamikaze, o governo concedeu uma série de benefícios sociais às vésperas da eleição presidencial.
No segundo turno, tanto Jair Bolsonaro quando o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fizeram promessas com impacto nas contas, como correção da tabela do Imposto de Renda, ampliação de gastos sociais e elevação real do salário mínimo.
O BC reiterou que o aumento de gastos pode afetar a inflação, pressionando-a, como, por exemplo, uma expansão maior do nível de atividade e no preço de ativos (como alta do dólar, por exemplo).
A expectativa do governo é de que, após registrar um saldo positivo neste ano, de cerca de R$ 40 bilhões, as contas do governo sofrerão deterioração em 2023. A previsão que consta no orçamento é de um rombo de R$ 65,9 bilhões.
Com o aumento de gastos e de promessas com a proximidade das eleições, analistas avaliam que essa projeção é pouco realista, pois o rombo será maior ano que vem.
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