Dólar fecha em queda, com foco na agenda fiscal de Lula e no Fed
Dólar opera em baixa nesta quarta-feira — Foto: Alexander Mils/Pexels
O dólar fechou em queda nesta terça-feira (1), com investidores focando a agenda fiscal do próximo governo, e em meio a expectativas de que o Federal Reserve (BC dos EUA) vá desacelerar o ritmo de aumentos dos juros no próximo mês.
A moeda norte-americana caiu 0,91%, cotada a R$ 5,1186. Veja mais cotações. Com o resultado de hoje, a moeda acumulou queda de 8,18% frente ao real.
No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 2,55%, cotada a R$ 5,1654, após chegar a R$ 5,4095 no começo do pregão.
O resultado de ontem foi a melhor resposta da moeda brasileira frente ao dólar à vista, com queda de 2,21%, segundo levantamento do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. Apenas na primeira eleição de FHC houve resultado parecido do real, com queda de 0,47%.
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Passado o resultado das eleições presidenciais, com a confirmação de que não haverá grandes turbulências políticas, a indicação de Lula para a chefia de sua pasta econômica - que deve ser desmembrada em Ministério da Fazenda e outros braços - passa a ser uma das principais prioridades do mercado, principalmente em meio a temores persistentes sobre o futuro das regras fiscais do país, destaca a Reuters.
As diretrizes do programa de governo do PT propõem a revogação do teto de gastos, considerado a principal âncora fiscal do Brasil, já no ano que vem. A ferramenta foi aprovada em 2016 para limitar o crescimento das despesas públicas federais à variação da inflação.
"O mercado gostaria com certeza de ter claridade sobre quem vai ser (o Ministro da Fazenda). Até porque a escolha do ministro por si só já é uma sinalização importante de que o que quer que venha a substituir o teto de gastos possa ser razoavelmente crível e sustentável", disse à Reuters o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel.
"O que importa, na verdade, não é o nome do mecanismo, mas a garantia de que não existe uma tendência de deterioração das contas públicas", disse Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Grupo Travelex Confidence.
Ajudam a tranquilizar os mercados os recentes acenos de Lula em relação à responsabilidade fiscal, com o petista dizendo que isso faz parte de sua agenda, acrescentou Weigt, bem como a eleição, no primeiro turno, de um Congresso moderado e alinhado a pautas liberais.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o mercado pode "comprar" a agenda de Lula, mesmo com alterações nas regras fiscais, caso o petista faça uma "narrativa bem construída", com a nomeação de uma pessoa confiável a ministro da Fazenda e indicação clara de qual será o rombo no ano que vem com gastos fora do Orçamento.
No fim do dia, Jair Bolsonaro (PL) fez seu primeiro pronunciamento após o resultado das eleições. pronunciamento por volta das 16h30. O presidente disse que continuará cumprindo a Constituição. Depois, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que dará início à transição de governo.
Para além da definição da pasta econômica, os mercados também ficarão atentos às nomeações de Lula para outros ministérios.
O Banco Central informou terça-feira (1º) que elevou de 4,6% para 4,8% a previsão para a inflação do ano que vem. Com isso, o BC passou a prever o estouro do teto de meta no próximo ano. Isso porque o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que a meta de inflação para 2023 é de 3,25% e, pela margem de tolerância, será considerada cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
No cenário externo, investidores aguardam o resultado da reunião de política monetária do banco central norte-americano realizada entre esta terça e quarta-feira.
As pressões inflacionárias nos EUA mostram que o Federal Reserve (BC norte-americano) pode aumentar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual nesta semana. Permanecem as expectativas de que o banco central adotará em dezembro uma alta menor, de 0,50 p.p.. O Fed aumentou sua taxa de juros de quase zero em março para a faixa atual de 3,00% a 3,25%, o ritmo mais rápido de aperto monetário.
Mas os mercados americanos, que vinham em alta nesta terça, viraram depois de dados do mercado de trabalho dos EUA. As vagas de emprego em aberto cresceram inesperadamente em setembro, sugerindo que a demanda por mão de obra continua forte, apesar dos aumentos agressivos da taxa de juros do Fed.
As vagas de emprego disponíveis, uma medida da demanda por trabalho, aumentaram em 437 mil para 10,7 milhões até o último dia de setembro, disse o Departamento do Trabalho em seu relatório mensal Jolts nesta terça-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 10 milhões de vagas disponíveis.
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