Tiroteio entre policiais civis e bandidos deixa um morto e dois feridos em Manguinhos
Um homem morreu e duas pessoas ficaram feridas durante um confronto policial no final da manhã desta terça-feira (1°) na comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio.
Segundo a Polícia Civil, o morto era um suspeito. Entretanto, moradores e familiares afirmam que 💥️Bruno Esteves de Mello, 39 anos, era morador da região e dava aulas de professor de artes marciais.
Uma moradora foi baleada e encaminhada para o Hospital Geral de Bonsucesso, com uma perfuração no tórax. Na unidade, ela foi submetida a uma cirurgia. A Polícia Civil disse ainda que outro homem foi atingido na operação e fugiu do local. Não há informações sobre o estado de saúde dele.
1 de 2 Blindado da Core na comunidade de Manguinhos — Foto: Reprodução/redes sociaisBlindado da Core na comunidade de Manguinhos — Foto: Reprodução/redes sociais
Em nota, a Polícia Civil disse que "uma equipe da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) realizava diligência para repressão de roubo e transbordo de cargas, quando avistou pessoas ao redor de mercadorias na Rua Leopoldo Bulhões. Na ocasião da abordagem, houve fuga e foram ouvidos disparos de arma de fogo". Ainda de acordo com o comunicado, "a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi acionada para apoio".
Questionada sobre a morte de Bruno, a instituição afirmou que ele "tem anotações criminais por porte/posse ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e associação para o tráfico". Posteriormente, a Polícia Civil ainda afirmou que, com o homem, foram encontrados uma pistola e frascos de loló.
Familiares negam as passagens pela polícia e contam que a arma foi encontrada na mão direita de Bruno, mas que ele era canhoto.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizou perícia no local.
Nas redes sociais, moradores relatam o intenso tiroteio que acontece na favela desde pouco antes das 12h. "Bala voando em Manguinhos. Blindado na região", alertou um morador. "Várias ruas fechadas e a polícia fazendo operação em Manguinhos", disse outro. Ao menos dois blindados da Polícia Civil estavam na Rua Leopoldo de Bulhões, em frente a estação de trem da Supervia, por volta das 13h15.
Segundo familiares de Bruno, ele havia acabado de chegar da casa do pai e seguia para um comércio da região quando teria sido alvejado. De acordo com uma das cunhadas do lutador de muay thai, o homem deixa seis filhos e se preparava para disputar um campeonato de lutas marciais em São Paulo, no próximo mês. A mulher negou que houvesse operação na região e disse que os policiais teriam entrado atirando.
2 de 2 Corpo de Bruno é retirado de Manguinhos — Foto: Voz das ComunidadesCorpo de Bruno é retirado de Manguinhos — Foto: Voz das Comunidades
"Ele estava indo num mercado aqui próximo quando foi alvejado. Eles (os policiais) entraram atirando. Não tinha operação. O meu cunhado não era bandido. Era trabalhador. Ele estava se preparando para ir lutar em São Paulo no próximo mês. Atiraram, mataram ele e agora estão falando que era bandido. É sempre assim na favela", disse a vendedora de 40 anos, que por medo pediu anonimato.
De acordo com familiares de Bruno, ele era lutador profissional e dava aulas em uma acadêmia de lutas no Méier. Durante uma perícia na Civil no local, a esposa do homem, Suewelyn Santiago Rocha da Silva, rechaçou as denúncias da Civil. Ao 'Voz das Comunidades', ela mostrou os certificados de luta do homem.
“Olha o bandido que eles mataram (com os certificados na mão). Está vendo essa data aqui? (apontando para as datas). Ele ia viajar para São Paulo para lutar. O sonho dele era lutar no UFC. Ele já era lutador profissional. Destruíram um sonho, destruíram uma família”, disse a mulher. O corpo de Bruno foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que uma escola em Manguinhos faz atendimentos remotos nesta terça-feira para "garantir a segurança de alunos e funcionários, em decorrência de instabilidade na área". Até a última atualização, não havia mais unidades fechadas na cidade.
Já a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o Centro de Atenção Psicossocial Carlos Augusto Magal (CAPS) e a Clínica da Família Victor Valla interromperam o funcionamento nesta terça para "segurança de profissionais e usuários".
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