'Trabalharei com o novo governo na melhor maneira possível', diz presidente do Banco Central
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central — Foto: Alan Santos/PR
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (3) que irá trabalhar "na melhor maneira possível" com o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Campos Neto deu a declaração ao participar de uma conferência em Madri, na Espanha. A transição começou nesta quinta, como uma reunião entre o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL), Ciro Nogueira.
A legislação atualmente em vigor no país prevê mandato de quatro anos para o presidente do Banco Central. Com isso, Campos Neto, indicado por Bolsonaro, permanecerá no posto até dezembro de 2024 e, assim, ocupará o cargo nos dois primeiros anos do governo Lula.
"Nós temos uma agenda digital que está promovendo inclusão no setor financeiro, que está promovendo competição no sistema bancário, e eu trabalharei com o novo governo na melhor maneira possível para que possamos atingir essas coisas que, eu acho, serão melhores para a população brasileira", declarou o presidente do BC.
Em agosto deste ano, Campos Neto afirmou que não pretende ser reconduzido ao cargo após o fim do atual mandato.
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Durante a conferência, o presidente do BC ressaltou que a principal missão do Banco Central é combater a inflação. Acrescentou que ainda há "uma luta importante" contra a alta de preços.
"Precisamos achar um jeito de o país crescer de uma maneira sustentável", declarou.
O BC subiu os juros entre março de 2023 e setembro deste ano. Foram, ao todo, 12 elevações seguidas da taxa Selic, que avançou 11,75 pontos percentuais, configurando o maior e mais longo ciclo de alta desde 1999, ou seja, em 23 anos.
Mas o BC interrompeu a alta, mantendo a taxa básica da economia em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos.
O objetivo do ciclo da alta dos juros, segundo o BC, foi conter as pressões inflacionárias.
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
O BC já está de olho nos próximos anos para definir a taxa de juros. A meta de inflação para 2023 é de 3,25% e, pela margem de tolerância, será considerada cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75% e, para 2024, é de 3% (podendo oscilar de 1,5% a 4,5%).
Para o ano de 2022, o Banco Central já informou que vê chance grande de estouro da meta de inflação, assim como aconteceu no ano passado. Neste momento, a instituição está calibrando o nível da taxa de juros com foco maior no início de 2024. Para 2023, o BC estimou recentemente que a meta pode ser superada outra vez.
Depois de dois meses seguidos de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial do país – ficou em 0,16% em outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador acumula alta de 4,80% no ano e de 6,85% nos últimos 12 meses, ainda acima do teto da meta estabelecida pelo governo para este ano.
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