Metrô de SP vai participar de implantação de monotrilho na República Dominicana
Vigas da Linha 17–Ouro do Monotrilho do Metrô de São Paulo em obra na Marginal Pinheiros — Foto: Divulgação
O Metrô de São Paulo vai participar da implantação de uma linha de monotrilho na República Dominicana, na América Central. A companhia faz parte de um consórcio, com mais duas empresas, que venceu a licitação.
Se para a empresa estatal isso é motivo de comemoração, quem usa o monotrilho na capital diz que o modal não é muito bem-sucedido: uma linha do monotrilho está em obras, com atraso de oito anos; a outra ainda opera parcialmente.
A secretária Simone Barbosa Costa considera que “precisa resolver a situação aqui primeiro para depois passar para fora essa ideia. Aqui ainda tá um pouquinho falha ainda. Um pouquinho precário”.
Será o primeiro monotrilho da América Central. Uma linha de 16 km que deve ligar bairros populosos da cidade de Santiago de Los Caballeros, a segunda maior da República Dominicana.
Segundo a companhia paulista, o consórcio vai contar com a “expertise do Metrô de São Paulo na implantação e operação de sistema de monotrilho de alta capacidade e de seus técnicos, que vão trabalhar neste projeto por 36 meses“.
Segundo o presidente do Metrô, Silvani Pereira afirmou nas redes sociais, "é a primeira vez que a companhia vai atuar na implantação de sistema de transporte no exterior".
Quando o governo do estado decidiu construir monotrilhos, anunciou que a novidade era mais barata e mais rápida para implantar do que uma linha de metrô convencional. Na prática, não foi uma coisa nem outra.
A Linha 15-Prata era para ligar a estação Ipiranga da CPTM ao hospital da Cidade Tiradentes. Deveria ter ficado pronta em 2012, mas, a construção se arrasta há 13 anos, e os trens só circulam entre a Vila Prudente e o Jardim Colonial. Quem usa a linha, tem críticas.
Para a costureira Marcia Oliveira, “não é de confiança”. “Por mim, não é de confiança pra ir trabalhar nele todos os dias. Opto por outra condução porque ele dá problema, de repente para, fica parado muito tempo. Muitas vezes eles anunciam que vai ter maior tempo de parada.”
Desde que a Linha 15 começou a funcionar, foram vários problemas graves. Em 2023, dois trens bateram. Por sorte, estavam vazios. Em 2023, a linha ficou três meses sem funcionar depois que os pneus dos trens começaram a estourar, do nada. Neste ano, pedaços de concreto da via por onde passam os trens despencaram na Avenida Anhaia Melo.
A Linha 17-Ouro foi prometida para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Já passou o Mundial da Rússia, está chegando o do Catar, e a linha nunca funcionou. Dois operários morreram em acidentes na construção.
A promessa era construir em dois anos uma linha o dobro do tamanho dessa que está em construção, segundo o governo.
Especialistas da área de transporte explicaram que é comum essa troca de experiência internacional, mas que, no caso do monotrilho, o Metrô ainda tem desafios em São Paulo para resolver.
O diretor da FGV Transportes Marcus Quintella afirma que “a parte dos sistemas, operacional, é que precisávamos ter operação mais contínua, com mais tempo, para que pudéssemos dizer que temos experiência nessa operação".
"Mas os engenheiros e nossos técnicos são bastante competentes, pode ser que tenham uma expertise que não tenham conseguido implantar aqui ou acompanhar aqui por vários outros motivos que não sejam eminentemente técnicos, porque se você olhar a história do monotrilho de São Paulo, houve outras interferências que não técnicas”, avaliou.
Peter Allouche, engenheiro e consultor em transportes, considera positiva a participação do Metrô paulista em uma obra fora do país, mas tem ressalvas.
“Eu penso a longo prazo. O Metrô de São Paulo tem capacidade de implantar essa tecnologia, mas essa tecnologia é retrógrada. Por que não implantam um metrô leve, VLT, por que não implantam um metrô pesado? O Metrô de São Paulo é o melhor do mundo em implantação. A longo prazo, o Metrô vai ser cobrado. Essa tecnologia não funciona. Nunca funcionou bem, em nenhum lugar do mundo, porque não é um transporte de massa. É um transporte de ponta a ponta. Haja visto a Linha 15 que um dia funciona, no outro não funciona. A Linha 17 eu digo e assino: não vai funcionar.”
Em nota, o Metrô disse que o fato de participar do empreendimento fora do país não causa nenhum prejuízo ao andamento das obras da empresa, na capital paulista e que os recursos que vai obter com o projeto vão compor as receitas não tarifárias da companhia, ajudando a custear a operação aqui.
O que você está lendo é [Metrô de SP vai participar de implantação de monotrilho na República Dominicana].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments