Fotógrafos de favela: como artistas de comunidades atuam no combate ao preconceito social e exaltam os moradores
Crianças abraçadas no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/ Bruno Itan
Tiros, morte, sangue, tráfico, violência. Para tentar ir além da imagem estereotipada das favelas cariocas, jovens moradores assumiram o papel de mudar a narrativa ao ilustrar o cotidiano local sob uma outra ótica.
Com suas câmeras, fotografam o dia a dia das comunidades: a brincadeiras de crianças, o bate-papo de vizinhos, a rotina dos trabalhadores e as paisagens que o morro vê, mas não costuma exibir mundo afora – ou não costumava.
Em homenagem ao Dia da Favela, celebrado na sexta-feira (4), o g1 conversou com alguns desses fotógrafos. 💥️
2 de 16 Jovem solta pipa no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/ Bruno Itan
Jovem solta pipa no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/ Bruno Itan
Com quase 15 anos de profissão, o fotógrafo 💥️Bruno Itan, de 34, vai colecionando fãs nas redes sociais. Só no Instagram, são quase 💥️60 mil seguidores. Mas nem sempre a realidade foi essa.
3 de 16 Bruno Itan recebe mensagens de apoio e agradecimento nas redes sociais — Foto: Reprodução/ Bruno Itan
Bruno Itan recebe mensagens de apoio e agradecimento nas redes sociais — Foto: Reprodução/ Bruno Itan
Itan faz do seu perfil digital uma vitrine da favela. É no mundo virtual que o internauta encontra mais do que operações policiais – “faz parte e não tem como negar que acontece”, ele mesmo explica. Os cliques revelam o dia a dia dos moradores, as festas de carnaval. O final de semana agitado. O dia de chuva, o dia de sol. A criança que brinca de bola, boneca ou de pique.
Foi por meio do trabalho fotográfico e das redes sociais que, em 2018, Bruno Itan registrou o menino Wallace Silva, na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio, torcendo com uma camisa improvisada do jogador Phillipe Coutinho.
💥️Leia também:
4 de 16 Morador da Vila Cruzeiro Walace Rocha usou camisa improvisada de Coutinho — Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Morador da Vila Cruzeiro Walace Rocha usou camisa improvisada de Coutinho — Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Bastou uma fotografia e uma publicação nas redes sociais para que, em poucas horas, o menino de 11 anos que não tinha condições de comprar uma camisa do Brasil, receber uma mensagem do seu ídolo, diretamente da Rússia. Recebeu a camisa, além de presentes dele e de outras pessoas comovidas com a história.
“A fotografia tem a capacidade de mudar vidas e é por isso que eu insisto e incentivo dentro e fora da favela (...) Pessoas de longe dizem que mudaram a visão que elas tinham da favela através das minhas fotos. Recebo mensagens de pessoas de fora do país que falam que puderam conhecer o cotidiano de uma favela", conta Itan.
O trabalho dos fotógrafos locais impressiona até de quem vive nas favelas: "Já recebi mensagem dos próprios moradores falando que nunca tinham olhado pra comunidade da forma que eu vi".
5 de 16 Cotidiano da favela da Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
Cotidiano da favela da Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
A dicotomia entre o imaginário dentro e fora da favela também foi o pontapé inicial para 💥️Allan de Almeida e 💥️Diego Caroso iniciarem sua atividade para tentar mostrar uma outra Rocinha para o mundo.
Cria da maior comunidade da América Latina, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, Allan ficou incomodado ao ver uma operação militar realizada tomar uma proporção violenta nas notícias da cidade quando, na visão de quem vivia ali, não havia sido ação tão impactante assim.
Allan conta que começou com um celular, dando voltas pela comunidade e retratando aquilo seus olhos viam no cotidiano da favela, mas que o resto da sociedade não tinha acesso – seja por medo, falta de interesse ou por preconceito mesmo.
A estratégia deu certo. O 💥️Rocinha Sob Lentes é hoje uma porta de entrada para turistas e conterrâneos desmistificarem a imagem ruim que a sociedade, crê o fotógrafo.
6 de 16 Via movimentada na Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob LentesVia movimentada na Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
7 de 16 Pessoas de dentro e fora da Rocinha agradecem e apoiam o trabalho do fotógrafos — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
Pessoas de dentro e fora da Rocinha agradecem e apoiam o trabalho do fotógrafos — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
Moradores da comunidade, conhecidos entre vizinhos, mas anônimos para o grande público, são clicados pelos fotógrafos. Cenas belas, porém quase invisíveis para quem vive no asfalto, começaram a ser compartilhadas, curtidas e comentadas nas redes sociais.
8 de 16 Vendedor de flores segura um livro de fotos do Rocinha Sob Lentes com sua imagem — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
Vendedor de flores segura um livro de fotos do Rocinha Sob Lentes com sua imagem — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
9 de 16 Jovens de grupo musical do Morro do Turano seguram instrumentos no lugar de armas — Foto: Anderson Valentim/Projeto Favelagrafia
Jovens de grupo musical do Morro do Turano seguram instrumentos no lugar de armas — Foto: Anderson Valentim/Projeto Favelagrafia
Uma imagem de cinco jovens, com a cabeça coberta com camisas, portando instrumentos musicais, no morro do Turano, Zona Norte do Rio,💥️ rodou o mundo. Até o rapper norte-americano Snoop Dogg compartilhou a cena.
Para o diretor de cinema Anderson Valentim, conhecido como Tonvalentim, o segredo do sucesso da imagem que ele cilcou foi o impacto visual.
10 de 16 Menina posa para o Favela Grafia — Foto: Reprodução/ Tonvalentim
Menina posa para o Favela Grafia — Foto: Reprodução/ Tonvalentim
Segundo Tonvalentim, o projeto é o carro-chefe do seu trabalho e gerou um impacto positivo além do que ele poderia ter esperado.
"Durante uma exposição, uma menina que não me conhecia viu a foto e começou a chorar. Ela dizia que aquela imagem a tocou de uma forma inesperada e que a partir daquele momento iria buscar conhecer a realidade da favela sem os preconceitos que a sociedade gera. Esse foi o melhor elogio que eu poderia receber."
11 de 16 Menino curtindo dia de sol na Rocinha — Foto: Rocinha Sob Lentes
Menino curtindo dia de sol na Rocinha — Foto: Rocinha Sob Lentes
12 de 16 Crianças brincando no Complexo do Alemão — Foto: Bruno Itan/Arquivo pessoalCrianças brincando no Complexo do Alemão — Foto: Bruno Itan/Arquivo pessoal
13 de 16 Barbeiro se aprontando para trabalhar na Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob LentesBarbeiro se aprontando para trabalhar na Rocinha — Foto: Reprodução/ Rocinha Sob Lentes
14 de 16 Menino toca instrumento musical na favela do Borel, na Tijuca — Foto: Anderson Valentim/Projeto FavelagrafiaMenino toca instrumento musical na favela do Borel, na Tijuca — Foto: Anderson Valentim/Projeto Favelagrafia
15 de 16 Via movimentada na Rocinha — Foto: Rocinha Sob LentesVia movimentada na Rocinha — Foto: Rocinha Sob Lentes
16 de 16 Jovem da Providência fotografa antigos moradores da favela — Foto: Projeto Favela Grafia/ Joyce MarquesJovem da Providência fotografa antigos moradores da favela — Foto: Projeto Favela Grafia/ Joyce Marques
O que você está lendo é [Fotógrafos de favela: como artistas de comunidades atuam no combate ao preconceito social e exaltam os moradores].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments