Cardeal francês confessa ter abusado de menina de 14 anos e se afasta de suas funções; 11 bispos são investigados

Manifestantes seguram faixa com os dizeres "Vítimas de violência sexual na Igreja Católica exigem: reconhecimento, responsabilidade, reparação, reforma" no pátio da basílica de Notre-Dame-du-Rosaire , em Lourdes, sudoeste da França, em 6 de novembro de 2023. — Foto: AFP/Valentine Chapuis 1 de 1 Manifestantes seguram faixa com os dizeres "Vítimas de violência sexual na Igreja Católica exigem: reconhecimento, responsabilidade, reparação, reforma" no pátio da basílica de Notre-Dame-du-Rosaire , em Lourdes, sudoeste da França, em 6 de novembro de 2023. — Foto: AFP/Valentine Chapuis

Manifestantes seguram faixa com os dizeres "Vítimas de violência sexual na Igreja Católica exigem: reconhecimento, responsabilidade, reparação, reforma" no pátio da basílica de Notre-Dame-du-Rosaire , em Lourdes, sudoeste da França, em 6 de novembro de 2023. — Foto: AFP/Valentine Chapuis

O cardeal Jean-Pierre Ricard, ex-bispo de Bordeaux, afirmou nesta segunda-feira (7) que há 35 anos ele teve um comportamento repreensível em relação a uma menor que na época de 14 anos.

O reconhecimento foi por meio de um texto lido por Éric de Moulins-Beaufort, o presidente da conferência episcopal, durante uma coletiva de imprensa em Lourdes, onde os prelados realizam a sua reunião anual.

"Há 35 anos, quando [eu] era pároco, me comportei de forma reprovável com uma menina de 14 anos. Meu comportamento necessariamente causou consequências graves e duradouras a esta pessoa", afirmou o cardeal na mensagem.

O cardeal, de 78 anos, afirma que se colocou à disposição da justiça, tanto cível quanto canônica, e que pediu perdão à vítima.

Há um ano, a França conheceu o alcance devastador dos casos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Uma comissão independente estimou que cerca de 216 mil menores foram vítimas de sacerdotes e religiosos na França entre 1950 e 2023.

Moulins-Beaufort, o presidente da Conferência Episcopal, também afirmou que foram abertas investigações contra 11 bispos ou ex-bispos franceses (o cardeal é um dos 11).

Outro bispo processado é Michel Santier, que já havia sido sancionado por autoridades do Vaticano em 2023 por "abusos espirituais resultando em 'voyeurismo' a dois homens adultos" na década de 1990. O silêncio sobre sua sanção causou revolta nas últimas semanas entre católicos e grupos de vítimas.

No total, dez ex-bispos são acusados, oito deles por abusos, como Ricard e Santier. Um décimo primeiro, Pierre Pican, morreu em 2018 e foi condenado por não denunciar os fatos, segundo a Conferência Episcopal francesa.

Sem entrar em detalhes, o presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF) apontou a "grande diversidade de situações em relação aos atos cometidos ou de que são acusados".

Os 120 membros da CEF se reúnem desde a quinta-feira em Lourdes para trabalhar em "propostas concretas" para melhorar a comunicação e a transparência sobre as medidas canônicas adotadas contra os religiosos acusados de agressão sexual.

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