Mantega pede adiamento de eleição de presidente do BID e contesta indicação de Ilan Goldfajn por Bolsonaro

O ex-ministro Guido Mantega confirmou nesta sexta-feira (11) em entrevista à 💥️GloboNews que entrou em contato com autoridades econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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Segundo Mantega – que foi ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff –, a intenção foi contestar a indicação, pelo governo Jair Bolsonaro, do economista e ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn para a presidência da instituição.

"Nós sabemos que o BID vem de uma crise forte justamente porque o seu presidente foi nomeado pelo [ex] presidente [Donald] Trump e não tinha a representatividade adequada entre os países membros do BID, que são da América Latina e da América Central."

"Por sinal, o presidente Bolsonaro apoiou esse presidente [Mauricio] Carone, que está sendo mandado embora de lá porque cometeu várias irregularidades e não representava bem a América Latina, que é o principal participante do BID", disse Mantega.

Em nota, o BID disse que não vai adiar a eleição. "O Banco Interamericano de Desenvolvimento agradece seu interesse na eleição para a nossa Presidência e informa que o regulamento não prevê adiamento do processo. Além disso, reiteramos que qualquer questão relativa à eleição deverá ser abordada pela Assembleia de Governadores do Banco", afirmou a instituição.

Mantega foi anunciado nesta quinta (10) como um dos membros da equipe de transição de governo na área de planejamento, orçamento e gestão.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou em entrevista, no fim da manhã desta sexta, que acharia "de bom tom" o adiamento da eleição para presidente do BID.

O ex-ministro afirmou que iniciou articulações para buscar um candidato de "união" entre os países latino-americanos.

"Recebi alguns telefonemas de antigos colegas, ministros, pessoas da área econômica da América Latina se queixando que não estavam satisfeitos com o encaminhamento dessa eleição para a presidência. Então, resolvi entrar em contato, mandei, sim, um email para a Janet Yellen, secretária do Tesouro americano. E andei conversando com vários ministros da Economia de vários países latino-americanos, no sentido de buscar um candidato de união para esses países", prosseguiu.

Segundo Mantega, o governo Jair Bolsonaro "tentou dar mais um golpe" ao enviar a candidatura de Ilan Goldfajn ao BID às vésperas da eleição presidencial. Com isso, mesmo derrotado nas urnas, Bolsonaro teria a chance de emplacar um nome de seu interesse na instituição financeira.

A eleição no BID está marcada para 20 de novembro. O presidente é eleito por um período de cinco anos, podendo ser reeleito apenas uma vez. O BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional de países da América Latina e do Caribe.

O presidente anterior do BID, o norte-americano Mauricio Claver-Carone, não concluiu o mandato e foi demitido após um escândalo sexual, acusado de favorecer uma funcionária com quem se relacionava. 💥️Veja detalhes no vídeo abaixo:

Questionado pela 💥️GloboNews, Mantega negou a hipótese de o governo eleito apoiar o nome de Ilan Goldfajn para o BID em uma tentativa de garantir uma presidência brasileira inédita no banco. Segundo o ex-ministro, Ilan "não tem o apoio de ninguém".

"Ele não tem apoio de ninguém. Essa é a questão. Você lançar um candidato, sem você negociar com os outros países, esse candidato vai falar sozinho porque, a essa altura, já foram lançados mais cinco candidatos. Então você veja: se houvesse uma unanimidade em relação a ele, os outros países não lançariam", afirmou.

O ex-ministro disse que conversou com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre o assunto e que, de fato, seria importante ter um brasileiro na presidência do BID. Mantega discordou, no entanto, de que a melhor forma de atingir esse objetivo seria apoiar a candidatura já colocada.

"Se houvesse uma prorrogação, aí, você poderia conversar com os outros e poderia ser um candidato brasileiro, ou poderia ser um argentino, poderia ser um colombiano. O importante é como você nomeia esse candidato, os compromissos que ele vai assumir, a composição da diretoria, porque tão importante quanto presidente são os vice-presidentes."

"O Bolsonaro não conseguiu um funcionário, um vice-presidente no BID. Ele apoiou o Trump, e colocaram esse americano lá, e não conseguiu eleger um candidato. Então, você veja, não vamos repetir esse comportamento equivocado", disse.

Na entrevista à 💥️GloboNews, Mantega também criticou a política econômica do governo Bolsonaro e disse que o Orçamento de 2023 – elaborado pela equipe de Guedes, mas a ser executado pelo governo Lula – é uma "catástrofe".

Segundo o economista, o governo atual só conseguirá fazer superávit fiscal (ou seja, arrecadar mais do que gastar) em 2023 porque cortou gastos essenciais na área social.

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