Relatório aponta que 6 países gastaram R$ 4 milhões em hotel de Donald Trump

Trump International Hotel, em Washington (EUA) — Foto: Kevin Dietsch/Getty Images via AFP 1 de 1 Trump International Hotel, em Washington (EUA) — Foto: Kevin Dietsch/Getty Images via AFP

Trump International Hotel, em Washington (EUA) — Foto: Kevin Dietsch/Getty Images via AFP

Os governos de seis países gastaram mais de US$ 750.000, o equivalente a R$ 4 milhões, num hotel em Washington cujo dono é o ex-presidente Donald Trump, enquanto tentavam influenciar seu governo em 2017 e 2018, de acordo com um relatório do comitê do Congresso divulgado nesta segunda-feira (14).

Os gastos ---de autoridades da China, Malásia, Catar, Arábia Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos-- foram descritos em um relatório do Comitê de Supervisão da Câmara, que obteve documentos da Mazars USA, ex-empresa de contabilidade de Trump.

A deputada Carolyn Maloney, democrata de Nova York que preside o comitê, disse que os documentos revelam que, durante o tempo em que os funcionários ficaram no hotel de Trump, "eles estavam tentando influenciar a política externa americana".

Os documentos, acrescentou Maloney, “questionam fortemente até que ponto o presidente Trump foi guiado por seu interesse financeiro pessoal enquanto estava no cargo, e não pelos melhores interesses do povo americano”.

De acordo com o comitê, um total de US$ 259.724 foi gasto no hotel Trump em setembro de 2017 pelo então primeiro-ministro da Malásia Najib Razak e sua comitiva.

Razak ficou na suíte presidencial do hotel por US$ 10.000 por noite, disse o comitê, gastando US$ 44.562 em três dias e outros US$ 1.500 em um personal trainer.

Razak e membros de sua família estavam sob investigação do Departamento de Justiça na época por saquear um fundo soberano da Malásia, disse o comitê.

Ele disse que autoridades da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos também gastaram centenas de milhares de dólares no Trump Hotel em 2017 e 2018, enquanto os governos da Turquia e da China gastaram quantias menores.

Em comunicado ao "The New York Times", o filho de Trump, Eric Trump, disse que o lucro obtido com as estadias no hotel foi devolvido ao governo federal por meio de um pagamento anual ao Departamento do Tesouro.

"Como empresa, fizemos um esforço tremendo para evitar até mesmo a aparência de um conflito de interesses", disse Eric Trump. "Não por qualquer exigência legal, mas pelo respeito que temos pelo gabinete da presidência."

A Trump Organization vendeu o Trump International Hotel em Washington para um grupo de investidores em maio de 2022 por US$ 375 milhões (quase R$ 2 bilhões).

Em janeiro do ano passado, a Suprema Corte encerrou processos alegando que Trump violou as barreiras constitucionais contra um presidente que aceitava renda de fontes estrangeiras, dizendo que os casos eram discutíveis desde que Trump deixou a Casa Branca.

Esses casos se originaram da chamada cláusula de emolumentos da Constituição dos EUA, que proíbe funcionários públicos de receberem presentes, pagamentos ou títulos de estados estrangeiros sem permissão do Congresso.

Trump confiou a administração de seu império imobiliário a seus filhos depois de assumir o cargo em 2017, embora tenha mantido suas ações na Trump Organization, que gerou US$ 435 milhões (mais de R$ 2,3 bilhões) em receita em 2018.

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