Embarcações abandonadas podem provocar desastres ambientais na Baía, diz ONG: 'Cemitério de navios'

O acidente entre um navio à deriva e a Ponte Rio-Niterói, na noite da última segunda-feira (14), ligou o alerta para possíveis desastres ambientais na Baía de Guanabara. Segundo o Movimento Baía Viva, o grande número de embarcações abandonadas aumenta o risco de vazamento de óleo e de outras substâncias químicas e metais pesados na região.

Fundado em 1984, a ONG vem alertando as autoridades federais e estaduais sobre a presença dessas embarcações há anos. Alguns barcos e navios estão afundados, o que também prejudica a navegabilidade por alguns trechos da baía.

"No Canal de São Lourenço, em Niterói, onde há cerca de 3 décadas mais de uma centena de barcos, chapas e outras embarcações de diferentes portes estão abandonadas, apodrecendo há décadas, tem provocado crescentes impactos e prejuízos à pesca e o impedimento da navegação naquele trecho da Baía de Guanabara", dizia um trecho da publicação feita pela ong.

Ainda segundo o Movimento Baía Viva, várias embarcações encontram-se ancoradas no espelho d'água de forma precária e insegura. A ONG acredita que essas estruturas estão "sem dispor da devida fiscalização periódica seja por parte dos órgãos ambientais (INEA e IBAMA), nem mesmo por parte da Capitania dos Portos".

O grupo que trabalha em defesa da Baía de Guanabara também criticou os responsáveis pelo Plano de Emergência da Baía de Guanabara (PEA-BG). Segundo o movimento, o protocolo é operado por grandes empresas instaladas no espelho d'água da Baía e tem a participação de Docas S/A, Petrobras, Capitania dos Portos.

Para os representantes da ONG, há décadas os responsáveis pelo plano fazem "vista grossa" para o "lixo náutico" presente na baia.

"Há poucos dias, o Baía Viva veiculou em suas redes sociais um vídeo inédito com imagens aéreas de uma enorme mancha de óleo que se espalhava pelo entorno da Ponte Rio Niterói até o Porto do Rio: nos dias seguintes ocorreu grande mortandade de peixes nas praias de São Gonçalo, bairro do Caju e praias da Ilha do Governador. Mas por incrível que pareça, além de demorar vários dias pra ir no local do vazamento de óleo, o INEA-RJ alegou vergonhosamente em nota enviada à imprensa que, pasmem, "não identificou a presença de óleo no mar"", dizia um trecho da nota.

Ainda segundo a ONG, durante a pandemia, a equipe técnica e ativistas do Baía Viva fizeram vistoria de barco no entorno do navio São Luiz, o mesmo que bateu na Ponte Rio-Niterói, constatando seu estado de abandono e insegurança.

"Em função da expansão ilimitada das petroleiras impulsionadas pelo Pré-sal, que provocou um processo de reindustrialização da Baía, os ecossistemas e o espelho d'água da Guanabara passam por um forte processo de 'sacrifício ambiental', sendo que os principais impactos e riscos recaem sobre a Pesca Artesanal e a biodiversidade marinha uma vez que algumas espécies marinhas já estão ameaçadas de extinção, tais como: o boto cinza que é a espécie símbolo ecológico do Rio de Janeiro, cavalo marinho, tartaruga verde e várias espécies de pescado de maior valor nutritivo e de valor econômico", dizia outro trecho.

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