Pescadores denunciam dificuldades para trabalhar causadas por embarcações abandonadas na Baía de Guanabara
Pescadores que trabalham na Baía de Guanabara denunciam o descaso com embarcações abandonadas e como elas atrapalham o trabalho diário na região. Na segunda-feira (14), um navio à deriva bateu na Ponte Rio-Niterói. Quem trabalha na área afirma que o problema existe há décadas, com riscos físicos e ambientais.
O graneleiro São Luiz, que estava ancorado na Baía de Guanabara desde 2016, foi levado pelo vento e se chocou contra a estrutura da ponte, perto de Niterói.
Os pescadores afirmam que, por segurança, não é possível se aproximar das embarcações abandonadas. Há muito ferro e madeira solta. Quem joga a rede na região não consegue trazer de volta.
“Impossível. Vai perder o material. Não tem como trazer a rede de volta. Se a maré puxar a rede pra cima dos ferros, tu perdeu teu material”, disse o pescador Charles Cruz, terceira geração de uma família de pescadores.
Os profissionais alertam que é fácil encontrar as carcaças de barcos de grande porte.
Balsas que são usadas somente uma vez por ano, durante o réveillon de Copacabana, ficam ancoradas sempre no mesmo lugar.
Em outro ponto, uma embarcação que já foi usada na produção de petróleo, está ancorada no mesmo local há anos.
Outros perigos também estão escondidos pelo caminho. Uma boia azul sinaliza onde um barco afundou na Praia da Ribeira. Segundo os pescadores, não é possível se aproximar.
“A gente pode se aproximar, pode ter uma ponta de ferro, alguma coisa pro alto e furar a nossa embarcação também”, destaca Charles.
O próprio navio São Luiz, que bateu na Ponte Rio-Niterói, já tinha aparecido em uma reportagem de 2023 do 💥️RJ1.
1 de 1 Pescadores denunciam que embarcações abandonadas na Baía de Guanabara atrapalham trabalho — Foto: Reprodução/ TV GloboPescadores denunciam que embarcações abandonadas na Baía de Guanabara atrapalham trabalho — Foto: Reprodução/ TV Globo
Mas o problema é ainda anterior. Uma outra denúncia sobre o mesmo problema aconteceu em 1992, há 30 anos.
Em 1996, um navio de carga bateu em um dos pilares de sustentação da ponte após ser arrastado pelo vento forte.
Em 2008, uma vistoria foi feita no local, acompanhada de um alerta de que o problema estava se agravando. Pelo menos 50 barcos de vários tamanhos foram identificados abandonados em diferentes pontos da Baía de Guanabara.
“A responsabilidade de fiscalizar, controlar, remover esse passivo ambiental que está contaminando a Baía de Guanabara, ela é compartilhada em três órgãos. A Capitania dos Portos, que é o órgão da Marinha do Brasil; o Ibama, que é o órgão ambiental federal; e também o Instituto Estadual do Ambiente, que é o órgão licenciador dessas atividades. O que estamos vendo é uma omissão generalizada”, afirmou Sérgio Ricardo, do Baía Viva.
Uma promessa de que a questão estaria solucionada em um ano foi feita por um órgão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou que trabalha para a recuperação de lagoas e da Baía de Guanabara, mas não explicou o motivo pelo qual a promessa não foi cumprida.
A Marinha foi questionada sobre quem deveria fiscalizar o abandono de embarcações na região, mas não enviou resposta até a última atualização desta reportagem.
O Inea afirmou que o controle das embarcações ancoradas na Baía de Guanabara é de responsabilidade da Marinha e que atua em casos de acidentes com derramamento de óleo ou produtos que causem dano ambiental.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro afirmou que está cobrando os responsáveis por abandonar embarcações e que é preciso considerar o risco de contaminação por óleo.
Sérgio Ricardo alerta para o risco.
“Esse passivo ambiental está provocando a contaminação da vida marinha da Baía de Guanabara. Estão vazando óleo e outras substâncias químicas há 30 anos nas águas da Baía”, destacou o representante do Baía Viva.
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