Vizinhos das dark kitchens em SP dizem que projeto aprovado em 1º turno na Câmara Municipal ignora reclamações da população

Moradores que vivem do entorno das chamadas dark kitchens reclamam que o texto aprovado em 1º turno na Câmara Municipal de São Paulo que regulamenta a atividade ignora a reclamação dos vizinhos das cozinhas industriais.

O texto de regulamentação do setor discutido pelo legislativopPaulistano foi aprovado por 40 votos a favor, nove contra e uma abstenção na sessão da última quarta-feira (9).

Segundo a administradora Mariana Paker, que mora ao lado de uma dessas cozinhas na Vila Romana, na Zona Oeste de São Paulo, a proposta está longe de ser a solução para os problemas que ela vive com a família.

As cozinhas industriais incomodam os vizinhos de várias formas. Primeiro, o barulho dos equipamentos: um ruído constante, que começa de manhã e não cessa até a madrugada.

“Nós procuramos inicialmente a polícia, a subprefeitura. A sub não teve agilidade para atender no momento. procuramos os demais órgãos, Cetesb, Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros... Em todas as instâncias um órgão passava a responsabilidade para o outro”, disse o também administrador Marcos Rosier.

Outro ponto de reclamação é o cheiro. Os vizinhos dizem que no decorrer do dia sobe um odor da gordura dos alimentos que pega em tudo.

Na casa da Mariana e do Marcos, na Vila Romana, até uma obra foi feita para tentar minimizar isso. Embora o quintal seja ensolarado e arejado, eles mandaram fazer uma cobertura de vidro para que a roupa no varal não ficasse com o cheiro.

O casal da Vila Romana também reclama que a presença das dark kitchens na vizinhança eleva o número de entregadores de moto na rua e impedem o livre tráfego das pessoas que moram nas redondezas.

Em vídeo feito pela própria Mariana é possível ver que os moradores precisam desviar pelo meio da rua dos vários motoboys que esperam na calçada para carregar e fazer as entregas.

Fachada da Câmara Municipal de São Paulo. — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO 1 de 1 Fachada da Câmara Municipal de São Paulo. — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Fachada da Câmara Municipal de São Paulo. — Foto: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O Marcos conta que participou de inúmeras audiências públicas, que recebeu parlamentares da Câmara Municipal na casa da família para tentar mostrar todos os problemas. Mas que tem a sensação de que nada disso adiantou.

“Você tem uma obrigação como vereador para com os munícipes, essa tem que ser a obrigação. E nosso sentimento é que está sendo colocado no segundo plano”, completou o administrador.

O texto aprovado na Câmara Municipal em 1º turno estabelece duas categorias de dark kitchens: uma que pode reunir entre três e dez cozinhas, em um espaço total de até 500 metros quadrados.

E outra com mais de dez cozinhas em uma área total acima de 500 metros quadrados.

Cada uma deve ocupar área mínima de 12 metros quadrados. O espaço deve ter uma área interna para o estacionamento de motocicletas, bicicletas ou qualquer outro meio utilizado para entregas.

O diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Percival Maricato - que representa o setor de restaurantes - acredita que a população deve ser priorizada no projeto de lei em discussão no Legislativo.

“Todas as exigências feitas para bares e restaurantes devem ser feitas também às dark kitchens. Principalmente não incomodar o entorno, que é um dos grandes problemas das grandes reclamações que a gente recebe”, afirmou.

O cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que um projeto como este deveria levar mais em consideração a experiência dos moradores.

“Há uma série de instrumentos legais que o poder público pode dispor. Esse das audiências públicas é um. Nós também temos em São Paulo o Conselho de Políticas Públicas, que são estruturas que reúnem representantes governamentais e da sociedade civil. Exemplo de dois, conselho de saúde e de política urbana, que não foram consultados”, declarou.

O projeto aprovado na semana passada ainda precisa passar por uma segunda votação para se tornar lei na cidade, além de precisar da sanção do prefeito do município.

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