Legado de Gal Costa inclui gravações inéditas com o violonista Raphael Rabello e sobras de álbuns de 1984, 1985, 1987 e 1998

♪ Nota desafinada que fez o Brasil entrar em choque há uma semana, a inesperada morte de Gal Costa (26 de setembro de 1945 – 9 de novembro de 2022), aos 77 anos, ainda parece inacreditável.

O único consolo para seguidores da cantora baiana é que o feixe do cristal luminoso de Gal permanece imortal em discografia que totalizou 44 álbuns lançados entre 1964 e 2023.

Há a intenção de ampliar a obra fonográfica da artista com a edição póstuma do registro audiovisual do show 💥 (2021 / 2022).

Contudo, há joias mais raras nos baús das gravadoras. Além de inéditos registros de shows dos anos 1970, o legado de Gal inclui seis gravações inéditas com o violonista fluminense Raphael Rabello (31 de outubro de 1962 – 27 de abril de 1995) e sobras também inéditas dos álbuns lançados pela cantora em 1984, 1985, 1987 e 1998.

As gravações de Gal com as sete cordas de Raphael Rabello – excepcional violonista que tocava com alma e que sabia acompanhar grandes cantoras sem se anular, mas tampouco sem buscar o protagonismo – foram feitas em 1990 no embalo da participação do músico no show 💥 (1990), no qual Rabello foi substituído ao longo da temporada por Marco Pereira.

São registros idealizados para dar origem a um disco de Gal com Rabello, projeto fonográfico nunca concretizado. As seis gravações flagram Gal no auge da elasticidade vocal, cantando músicas que nunca incluiu na discografia, casos de 💥(Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) e do refinado samba-canção 💥 (Garoto, 1951), ambas composições ainda hoje inéditas na voz da cantora.

Dentre as seis músicas gravadas por Gal com Raphael Rabello, duas são títulos do cancioneiro do compositor baiano Dorival Caymmi (1914 – 2008), ambas presentes na discografia da artista.

Canção praieira lançada pelo autor em 1954 e gravada por Gal no álbum 💥 (1978), lançado dois anos após o songbook 💥(1976), 💥 reluz com o cristal de Gal em tom aveludado e com o sotaque afro do violão em que Raphael Rabello evoca a negritude do toque do violonista Baden Powell (1937 – 2000).

Música apresentada por Caymmi em disco de 1945 e gravada por Gal em 1994 em disco em tributo ao compositor, 💥 desfila majestosa com fonograma em que Rabello percute a madeira do violão e na qual Gal modula a voz na região grave no arremate da gravação.

Em 💥 (Ary Barroso, 1939), samba gravado por Gal em álbuns lançados em 1980, 1997 e 2007, há molejo tanto na voz da cantora como no violão do músico, ambos em fina sintonia.

Um registro de 💥 (Cartola, 1976) – samba-canção interpretado por Gal com Rabello na abertura do show 💥 e gravado pela cantora no álbum 💥 (1992) – é a sexta música gravada por Gal em estúdio com Raphael Rabello.

Dentre as sobras inéditas de discos de Gal, há registro de 💥 (1958), autoproclamado baião do cancioneiro autoral de João Gilberto (1931 – 2023), principal referência de Gal no início da carreira.

Feita com violão presumivelmente tocado por Marco Pereira, a gravação de 💥 foi idealizada para o álbum 💥, lançado pela cantora em 1985, ano em que Gal gravou a canção 💥 para a trilha sonora da peça 💥, escrita por Maria Carmen Barbosa – autora da letra da balada – e encenada na cidade do Rio de Janeiro (RJ) naquele ano de 1985 com elenco que incluía as atrizes Cissa Guimarães, Claudia Jimenez (1958 – 2022) e Lúcia Veríssimo.

Do álbum seguinte de Gal, 💥 (1987), há duas sobras inéditas. São gravações feitas com os timbres do pop sintetizado dos anos 1980, no mesmo tom desse controvertido disco de Gal.

As duas músicas gravadas para 💥, mas limadas da seleção final, são 💥 (Caetano Veloso e Vinicius Cantuária, 1991) e 💥 (Lulu Santos e Bernardo Vilhena, 1993).

Embora tenha sonoridade similar, a gravação de 💥, versão em português – escrita por Ronaldo Bastos – de 💥 (Stevie Wonder e Yvonne Wright, 1979), é do sobra do disco 💥 (1984). Todas essas três músicas eram inéditas na época, sendo que a versão permaneceu inédita.

Por fim, há duas sobras do álbum 💥 (1998). Trata-se das gravações das músicas 💥 (José Miguel Wisnik) e 💥(Lenine).

Lançada por Jane Duboc naquele ano de 1998, no álbum 💥, a música de Lenine foi gravada por Gal em ritmo de afro-samba-funk em sintonia com a letra que exalta tanto a Bahia quanto a cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Se houver consenso entre os herdeiros de Gal Costa e as gravadoras, essas maravilhas contemporâneas poderão vir à tona para ampliar a discografia plural de Maria da Graça Costa Penna Burgos, a imortal Gal Costa.

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