Campos Neto diz que BC pode reagir se não houver convergência entre política monetária e fiscal

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Alan Santos/PR 1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Alan Santos/PR

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Alan Santos/PR

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, disse que é necessário haver convergência entre a política monetária praticada pela instituição e a política fiscal do governo. 💥️Se essa conversão não acontecer nos próximos anos de governo, o executivo afirma que o BC vai reagir e pode voltar a elevar a Selic, taxa básica de juros.

Campos Neto considera que é importante olhar para o lado social, mas destaca a importância de o governo ter atenção também ao mercado financeiro. "O mercado não é um monstro, é apenas uma máquina que aloca recursos", ressaltou, durante evento promovido pela Bloomberg nesta sexta-feira (18).

De acordo com o presidente do BC, é possível que o governo gaste mais do que os investidores esperavam previamente e sem causar grandes danos ao mercado. Para isso, entretanto, considera que é necessário que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e sua equipe tenham uma comunicação transparente sobre tudo o que planejam fazer.

O presidente disse que não é missão do BC falar sobre a política monetária, mas destacou que o Brasil tem "uma tarefa muito importante em comunicar que temos disciplina fiscal".

Segundo Campos Neto, o governo deve ser fiscalmente responsável, mas também precisa trabalhar para resolver os problemas sociais trazidos, sobretudo, pela pandemia e as altas nos preços de energia, combustíveis e alimentação causados pela guerra da Rússia na Ucrânia.

Em contrapartida, ele pontua que há um ponto de intersecção entre essas duas necessidades e é preciso entender que, "às vezes tentar passar esse ponto para fazer mais resultará em fazer menos pela população".

Sobre a inflação e os juros, Campos Neto ressalta que o BC fez um trabalho eficiente com a trajetória de alta da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. No entanto, o presidente reafirma que a instituição tem um compromisso com o controle dos preços e fará o que for necessário para diminuir a inflação, caso ela volte a subir muito.

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