Lula diz que país terá responsabilidade fiscal sem precisar atender 'tudo que o sistema financeiro quer'
Lula e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, deram entrevista coletiva para a imprensa após reunião em Lisboa — Foto: Reprodução
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta sexta-feira (18) que o país terá responsabilidade fiscal em seu governo, sem necessariamente precisar atender "tudo que o sistema financeiro quer".
Lula deu as declarações em Lisboa, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, António Costa. Os dois tiveram um encontro nesta tarde (noite no horário local) e depois falaram com a imprensa.
Na entrevista, Lula também:
Já o primeiro-ministro português afirmou que o mundo estava com saudade do Brasil e que o país ficou isolado nos últimos anos.
Lula foi questionado sobre as críticas que o governo eleito tem recebido em relação à política fiscal. Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) elaborada pela equipe de Lula prevê que o próximo governo gaste além do teto de gastos para garantir benefícios sociais, como o Bolsa Família no valor de R$ 600.
"Eu vou voltar a aumentar o salário todo ano, eu vou voltar a gerar emprego neste país, e nós vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer", completou Lula.
O presidente comentou ainda a carta escrita por economistas que recomendaram ao presidente eleito seguir regras de responsabilidade fiscal.
"Primeiro, que eu queria dizer da minha alegria de ter uma carta, de pessoas importantes, ex-ministros, me alertando dos problemas econômicos e aconselhando. Eu sou um cara muito humilde e gosto de conselho. Se o conselho for bom, pode ter certeza que eu sigo", afirmou Lula.
Lula disse que o Brasil tem que voltar a "viver democraticamente com a diversidade". Lula também afirmou que deseja que a "paz volte a reinar no país".
"Queremos que na sociedade brasileira volte a reinar a paz, que a gente volte a conviver democraticamente na diversidade, porque sem tranquilidade não é possível fazer um país voltar a crescer, gerar empregos e distribuir as riquezas que o povo precisa", afirmou Lula.
Ao lado de Costa, Lula também reafirmou o compromisso do Brasil com a preservação do meio ambiente.
"Não temos dois planetas Terra", disse Lula.
"Vamos voltar a fazer aquilo que fizemos bem em 2003. Cuidar das questões climáticas. Esse compromissos nós assumimos de dizer ao mundo que não vamos aceitar garimpo ilegal. Se houve um tempo em que alguém não queria discutir questão climática, hoje a questão climática é um desafio da humanidade", completou o presidente eleito.
Lula visitou Portugal na volta do Egito, onde participou da COP 27, a conferência da ONU para assuntos climáticos.
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Lula foi questionado ainda sobre a carona que pegou no jatinho do empresário José Seripieri Junior, para ir à COP. Serpieri foi preso em 2023, pela operação Lava Jato, acusado de crime de caixa 2.
"Eu, sinceramente, sabia que essa pergunta ia vir. Primeiro, eu fui convidado pelos governadores da Amazônia para ir à COP 27, e os estados não podiam arcar com a minha despesa. Segundo, eu fui convidado pelo presidente do Egito – fiquei muito orgulhoso – mas também não pagava minhas despesas. E eu tinha um amigo que queria ir à COP e ele tinha um avião e eu fui com ele. Um avião novo, de boa qualidade, com muita segurança, porque é importante lembrar que um presidente eleito tem que cuidar da sua segurança", afirmou Lula.
António Costa, ao abrir a entrevista coletiva, disse que o mundo e Portugal estavam com saudades do Brasil. Ele afirmou que o Brasil ficou isolado da comunidade internacional nos úlitmos anos.
"O mundo tinha muitas saudades do Brasil, precisava que o Brasil regressasse à defesa da democracia, ao combate contra as alterações climáticas, à defesa do ambiente, àquilo que é proteção e defesa da cultura. Portugal tinha muitas saudades do Brasil, e eu pessoalmente tinha muitas saudades do presidente Lula", disse o primeiro-ministro português.
Em um momento de descontração, Lula e Sousa fizeram apostas sobre qual seleção deverá sair vencedora da Copa do Mundo, que começa no domingo (20).
“[Esta é] a única diferença que podemos ter mesmo com o presidente Lula: é quem é que vai ganhar a final”, afirmou o primeiro-ministro português.
O presidente eleito disse estar “esperançoso” de que o Brasil será campeão.
“Olha, eu posso, humildemente, dizer a vocês que, depois de 20 anos, chegou outra vez, a vez do Brasil voltar a ser campeão do mundo. Primeiro, porque algumas seleções importantes não estão bem. Segundo, porque um país que é tetracampeão não vai, que é a Itália. Terceiro, que o Cristiano Ronaldo não está jogando como há quinze anos atrás. Portanto, o Brasil tem muito mais chances de ganhar essa Copa do Mundo. Eu, sinceramente, nunca tive tão esperançoso que o Brasil ganhe a Copa do Mundo”, declarou.
“Mas se o Brasil não ganhar e Portugal ganhar, eu ficarei muito feliz, porque Portugal, depois de ganhar a Europa, merece ganhar a Copa do Mundo”, acrescentou.
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