Assembleia de governadores do BID elege Ilan Goldfajn para presidente da instituição
A assembleia de governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu neste domingo (20) o 💥️economista Ilan Goldfajn, candidato brasileiro e ex-presidente do Banco Central, para o comando da instituição. Ele assume em 19 de dezembro.
Goldfajn recebeu 80,1% dos votos e derrotou outros quatro candidatos:
💥️É a primeira vez que um candidato brasileiro vai presidir o BID, fundado há 63 anos. O banco multilateral é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe.
llan Goldfajn foi indicado como candidato do Brasil pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em outubro, Guedes aproveitou as reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), nos Estados Unidos, para buscar apoio à candidatura brasileira.
Goldfajn foi presidente do Banco Central entre junho de 2016 e fevereiro de 2023, tendo sido indicado pelo ex-presidente da República Michel Temer. Recentemente, era diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.
1 de 1 Retrato de Ilan Goldfajn — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo/ArquivoRetrato de Ilan Goldfajn — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo/Arquivo
Ao indicá-lo para o BID, o Ministério da Economia destacou, em nota, que ele concilia "ampla e bem-sucedida" experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o "qualificam inequivocamente para o exercício do cargo de presidente" do banco multilateral.
Já o ex-ministro Guido Mantega, enquanto fazia parte do governo de transição, contestou a indicação de Goldfajn e entrou em contato com autoridades econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição, o que não conseguiu.
Ele queria, em nome do governo eleito, costurar apoio a outro candidato. A ação de Mantega repercutiu mal entre autoridades e especialistas, que temiam que o gesto poderia prejudicar a candidatura de Goldfajn, um dos economistas mais respeitados do Brasil.
Goldfajn foi eleito para ser presidente do BID por um período de cinco anos, podendo ser reeleito apenas uma vez.
Atualmente, o BID é conduzido por Reina Irene Mejía, presidente interina. Mauricio Claver-Caron, ex-presidente, foi demitido do cargo em setembro, após uma investigação concluir que ele teve um relacionamento com uma funcionária e autorizou dois aumentos do salário dela, violando o código de ética da instituição.
Após a divulgação do resultado pelo BID, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), parabenizou o brasileiro pela vitória.
"Pela primeira vez, o @el_BID terá um brasileiro no seu comando. Parabenizo o novo presidente Ilan Goldfajn pela vitória e, em nome do presidente @LulaOficial, reforço a disposição do Brasil em estreitar os laços com o banco pelo desenvolvimento econômico e social da nossa região", escreveu em uma rede social.
Em nota, Reina Irene Mejía, presidente interina do BID, também cumprimentou Goldfajn e afimou que trabalharão de "forma muito integrada e próxima no período de transição".
Já o Ministério da Economia disse, também em nota, que a vitória de Goldfajn é reconhecimento da plataforma apresentada pelo Brasil para o banco que prioriza três eixos centrais:
O presidente do BID é eleito pela assembleia de governadores, na qual cada um dos 48 países membros é representado por seu governador, normalmente ministros da Fazenda ou outras altas autoridades econômicas.
Para ser eleito, o candidato deve obter a maioria absoluta dos votos dos países membros. O poder de voto varia de acordo com o número de ações detidas por cada país membro. Os EUA são o país com maior poder de voto: 30%. Depois, aparecem Brasil e Argentina, ambos com 11,4%.
O candidato vencedor também deve ter o apoio da maioria absoluta dos 28 países regionais, ou seja, dos países das Américas. Também fazem parte e votam no BID 16 nações européias e quatro asiáticas.
Nascido em março de 1966, Ilan Goldfajn era diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional. Possui doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)), mestrado pela PUC-RJ e graduação pela UFRJ.
Foi presidente do Banco Central do Brasil entre 2016 e 2023 e diretor de Política Econômica da autoridade monetária entre 2000 e 2003. Teve, ainda, uma longa trajetória na iniciativa privada, passando pelo Credit Suisse Brasil, Itaú Unibanco, Ciano Investimentos e Gávea Investimentos.
Foi professor de universidades no Brasil e nos Estados Unidos, sendo também editor e autor de inúmeros livros e artigos.
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