Filho de Sérgio Cabral era gerente de organização criminosa de comércio ilegal de cigarros que movimentou bilhões, diz MPF

Para a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal, o empresário José Eduardo Neves Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, é um dos "gerentes do bando", de uma organização criminosa "armada e transnacional" dedicada à venda ilegal de cigarros, além de responsável por causar prejuízos à União de cerca de R$ 2 bilhões.

Ele se entregou nesta quinta-feira à PF e já foi transferido para o sistema penitenciário.

Neves Cabral, de acordo com os investigadores, faz parte do esquema comandado por Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, primo de Hélio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente de honra da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.

De acordo com os investigadores, a quadrilha comprava cigarros com notas fiscais adulteradas. Em seguida, os maços eram levados para os centros de distribuições e chegavam aos comerciantes. Muitas das vezes, a venda final, segundo a polícia, tinha a associação de traficantes e milicianos.

Era uma das atribuições do filho de Cabral, segundo as investigações, pagar propina a policiais corruptos para que suas mercadorias não fossem apreendidas e nem que as informações do bando fossem vazadas - culminando em possíveis operações contra o grupo.

Ao saber do mandado de prisão contra o filho, Cabral passou mal e desmaiou na cadeia.

A defesa de José Eduardo Cabral disse que ele se apresentou espontaneamente, seguro de que sua inocência será provada no decorrer do processo.

A relação entre Zé Cabral, como era chamado pelos integrantes da quadrilha, e Adilsinho começou em maio de 2023, quando a empresa de eventos do filho do ex-governador, a ZC Entretenimento, foi contratada para promover uma festa milionária de Adilsinho no Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Os dois foram alvos da Operação Smoke Free, da PF e do MPF, nesta quarta-feira (23). Adilsinho é considerado foragido.

Para os investigadores, desde a festa, Zé Cabral passou a atender Adilsinho em operações financeiras, que incluíam o pagamento de seguranças, movimentação de dinheiro em bancos, transporte e guarda de valores "proveniente de infração penal".

Adilson Coutinho: festa polêmica no Rio — Foto: Reprodução/Reprodução 1 de 2 Adilson Coutinho: festa polêmica no Rio — Foto: Reprodução/Reprodução

Adilson Coutinho: festa polêmica no Rio — Foto: Reprodução/Reprodução

A organização se valia da legalidade dos negócios de José Eduardo Neves Cabral para a lavagem de dinheiro. Ele responde por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

A festa excêntrica e com muito luxo, no Copacabana Palace, reuniu cerca de 500 convidados em plena pandemia do coronavírus.

No vídeo-convite do aniversário, três homens apareciam fumando charutos e bebendo em um hotel luxuoso, tendo como música de fundo a trilha sonora do filme “O poderoso chefão”. A festa teve shows de Gusttavo Lima, Ludmilla, Alexandre Pires e Mumuzinho.

A PF afirma que o grupo criminoso investigado é responsável por causar prejuízos à União de cerca de 💥️R$ 2 bilhões.

A força-tarefa conta com o apoio da💥️ US Homeland Security Investigations, a Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos.

A 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro expediu também 50 mandados de busca e apreensão e determinou bloqueio, sequestro e apreensão de bens no valor de💥️ R$ 300 milhões. Dentre os bens, estão imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e depósitos em contas bancárias.

De acordo com a investigação, iniciada em 2023, desde 2023 “o grupo criminoso reiteradamente, com 💥️falsificação ou💥️ não emissão de notas fiscais, depositava, transportava e comercializava cigarros oriundos de crime em territórios dominados por outras organizações criminosas, como facções e milícias”.

“Em consequência, efetuava a lavagem dos recursos obtidos ilicitamente e remetia altas cifras ao exterior de forma irregular”, afirma a PF.

Ainda segundo os investigadores, a quadrilha contava com “💥️uma célula de serviço paralelo de segurança”, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros.

“O grupo econômico que suporta a organização criminosa investigada é devedor contumaz da União e possui débito tributário de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional”, destaca a PF.

Os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capital e evasão de divisas.

Se condenados, podem pegar 66 anos de reclusão.

Em junho de 2023, a PF, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), e a Receita Federal deflagraram a Operação Fumus, contra uma quadrilha que impôs, com violência, um monopólio na venda de cigarros no RJ.

Adilsinho e o irmão, Cláudio Nunes Coutinho, eram procurados — Cláudio foi preso somente um ano depois, em julho passado, mas foi solto.

Os irmãos são apontados pelo MPRJ como os chefes da quadrilha. Os promotores dizem que eles obrigavam pequenos comerciantes de várias partes do RJ a comprar cigarros da organização criminosa. Quem não obedecia era roubado.

José Eduardo Cabral filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução 2 de 2 José Eduardo Cabral filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução

José Eduardo Cabral filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução

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