Justiça determina que Zé Cabral vá para o mesmo presídio do pai
A Justiça Federal determinou que o empresário 💥️José Eduardo Neves Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral que foi alvo da Operação Smoke Free, seja transferido para o Batalhão Especial Prisional da PM, onde o pai está preso. Usualmente, para essa unidade vão 💥️militares e autoridades presos — o que não é o caso de Zé Cabral.
O empresário passou a noite na cadeia após se entregar à PF nesta quinta-feira (24), e a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que ele tinha dado entrada no Presídio Frederico Marques, em Benfica, onde aguardaria pela audiência de custódia.
Até a última atualização desta reportagem, não se sabia se Zé Cabral ficaria na mesma cela do ex-governador.
1 de 3 José Eduardo Neves Cabral, o Zé Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução/TV GloboJosé Eduardo Neves Cabral, o Zé Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução/TV Globo
A decisão pelo BEP consta de um ofício enviado ao comandante do batalhão.
No documento, a que a TV Globo teve acesso, a juíza 💥️Rosália Monteiro Figueira, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, informa do cumprimento do mandado de prisão e comunica que “este juízo determinou à Polícia Federal que proceda ao encaminhamento do referido requerido [Zé Cabral] ao Batalhão Especial Prisional, vedando seu ingresso na Seap”.
Rosália não explica por que proibiu que Zé Cabral ficasse sob a responsabilidade da Seap.
O ofício informa ainda que a audiência de custódia de Zé Cabral foi marcada para 💥️as 15h desta sexta-feira (25), “presencialmente na Sala de Audiências da 3ª Vara Federal Criminal”, na Saúde.
Para a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal, Zé Cabral é um dos "gerentes do bando" de uma organização criminosa "armada e transnacional" dedicada à venda ilegal de cigarros, além de responsável por causar prejuízos à União de cerca de R$ 2 bilhões.
Zé Cabral, de acordo com os investigadores, faz parte do esquema comandado por 💥️Adilson Coutinho Oliveira Filho, o 💥️Adilsinho, primo de 💥️Hélio Ribeiro de Oliveira, o 💥️Helinho, presidente de honra da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.
De acordo com os investigadores, a quadrilha comprava cigarros com notas fiscais adulteradas. Em seguida, os maços eram levados para centros de distribuições e chegavam aos comerciantes. Muitas das vezes, a venda final, segundo a polícia, tinha a associação de traficantes e milicianos.
Era uma das atribuições do filho de Cabral, segundo as investigações, pagar propina a policiais corruptos para que suas mercadorias não fossem apreendidas e nem que as informações do bando fossem vazadas - culminando em possíveis operações contra o grupo.
Ao saber do mandado de prisão contra o filho, Cabral passou mal e desmaiou na cadeia.
A defesa de José Eduardo Cabral disse que ele se apresentou espontaneamente, seguro de que sua inocência será provada no decorrer do processo.
A relação entre Zé Cabral, como era chamado pelos integrantes da quadrilha, e Adilsinho começou em maio de 2023, quando a empresa de eventos do filho do ex-governador, a 💥️ZC Entretenimento, foi contratada para promover uma festa milionária de Adilsinho no Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
A festa, excêntrica e com muito luxo, reuniu cerca de 💥️500 convidados em plena pandemia do coronavírus.
No vídeo-convite do aniversário, três homens apareciam fumando charutos e bebendo em um hotel luxuoso, tendo como música de fundo a trilha sonora do filme “O poderoso chefão”. A festa teve shows de Gusttavo Lima, Ludmilla, Alexandre Pires e Mumuzinho.
Os dois foram alvos da Operação Smoke Free, da PF e do MPF, nesta quarta-feira (23). Adilsinho é considerado foragido.
Para os investigadores, desde a festa, Zé Cabral passou a atender Adilsinho em operações financeiras, que incluíam o pagamento de seguranças, movimentação de dinheiro em bancos, transporte e guarda de valores "proveniente de infração penal".
A organização, segundo a força-tarefa, se valia da legalidade dos negócios de Zé Cabral para a lavagem de dinheiro. Ele responde por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
2 de 3 Adilson Coutinho: festa polêmica no Rio — Foto: Reprodução/ReproduçãoAdilson Coutinho: festa polêmica no Rio — Foto: Reprodução/Reprodução
A PF afirma que o grupo criminoso investigado é responsável por causar prejuízos à União de cerca de 💥️R$ 2 bilhões.
A força-tarefa conta com o apoio da💥️ US Homeland Security Investigations, a Agência de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos.
A 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro expediu também 50 mandados de busca e apreensão e determinou bloqueio, sequestro e apreensão de bens no valor de💥️ R$ 300 milhões. Dentre os bens, estão imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e depósitos em contas bancárias.
De acordo com a investigação, iniciada em 2023, desde 2023 “o grupo criminoso reiteradamente, com 💥️falsificação ou💥️ não emissão de notas fiscais, depositava, transportava e comercializava cigarros oriundos de crime em territórios dominados por outras organizações criminosas, como facções e milícias”.
“Em consequência, efetuava a lavagem dos recursos obtidos ilicitamente e remetia altas cifras ao exterior de forma irregular”, afirma a PF.
Ainda segundo os investigadores, a quadrilha contava com “💥️uma célula de serviço paralelo de segurança”, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros.
“O grupo econômico que suporta a organização criminosa investigada é devedor contumaz da União e possui débito tributário de aproximadamente R$ 2 bilhões, segundo informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional”, destaca a PF.
Os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capital e evasão de divisas.
Se condenados, podem pegar 66 anos de reclusão.
Em junho de 2023, a PF, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), e a Receita Federal deflagraram a Operação Fumus, contra uma quadrilha que impôs, com violência, um monopólio na venda de cigarros no RJ.
Adilsinho e o irmão, Cláudio Nunes Coutinho, eram procurados — Cláudio foi preso somente um ano depois, em julho passado, mas foi solto.
Os irmãos são apontados pelo MPRJ como os chefes da quadrilha. Os promotores dizem que eles obrigavam pequenos comerciantes de várias partes do RJ a comprar cigarros da organização criminosa. Quem não obedecia era roubado.
3 de 3 José Eduardo Cabral filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: ReproduçãoJosé Eduardo Cabral filho do ex-governador Sérgio Cabral — Foto: Reprodução
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