Interrogatório de madrinha de William a ativista negra expõe preconceito racial nas fileiras da monarquia britânica e representa

Susan Hussey (esq.), que foi dama de companhia da rainha Elizabeth II e é madrinha do príncipe William, e Ngozi Fulani (dir.), ativista que foi alvo de interrogatório sobre sua origem — Foto: Chris Radburn/PA via AP e Kin Cheung/POOL/AFP 1 de 2 Susan Hussey (esq.), que foi dama de companhia da rainha Elizabeth II e é madrinha do príncipe William, e Ngozi Fulani (dir.), ativista que foi alvo de interrogatório sobre sua origem — Foto: Chris Radburn/PA via AP e Kin Cheung/POOL/AFP

Susan Hussey (esq.), que foi dama de companhia da rainha Elizabeth II e é madrinha do príncipe William, e Ngozi Fulani (dir.), ativista que foi alvo de interrogatório sobre sua origem — Foto: Chris Radburn/PA via AP e Kin Cheung/POOL/AFP

O que era para ser um evento liderado pela rainha consorte Camilla no Palácio de Buckingham para ajudar no combate à violência doméstica acabou por transformar-se num episódio de racismo constrangedor para a monarquia britânica. Uma das convidadas, a ativista Ngozi Fulani foi alvo de um insistente e desagradável interrogatório sobre sua origem realizado por Susan Hussey, que durante 60 anos serviu como dama de companhia da rainha Elizabeth II e é madrinha do príncipe William.

Desta vez, a família real foi eficiente e reagiu rapidamente: para marcar distância do imbróglio racial, afastou a protagonista de suas funções e condenou toda e qualquer forma de discriminação. Vinte meses atrás, as denúncias vieram do príncipe Harry e de Meghan Markle, numa entrevista à Oprah Winfrey. Antes de o filho Archie nascer, contaram ter ouvido preocupações por parte de um membro da família sobre a cor de pele do bebê.

Na época, houve hesitação na resposta divulgada pelo Palácio. O tema foi varrido para debaixo do tapete até ser exposto novamente pela abordagem inconveniente de Lady Hussey a Fulani, representante da ONG Sistah Space, que ajuda mulheres de ascendência africana e caribenha vítimas de violência doméstica.

As perguntas repetitivas da aristocrata variavam sobre o mesmo assunto: “De onde você é realmente?”, “De que parte da África você vem?” “Mas de que nacionalidade você vem?”, “De onde vem o seu povo?” Amiga do rei, Hussey só pareceu acalmar-se quando obteve como resposta que os pais de Fulani, que é britânica, imigraram para o Reino na década de 1950. “Eu sabia que chegaríamos lá no final, você é caribenha!”

O abismo no diálogo entre Lady Hussey e a ativista Fulani evidenciou que a inclusão ainda é um assunto divisivo nas fileiras da família real, apesar de Charles III ter ressaltado o dever pessoal de proteger a diversidade do país, num de seus primeiros discursos como monarca. Para Fulani, o episódio mostra que nada mudou: “Isso é maior do que um indivíduo. É racismo institucional."

Lady Susan Hussey, à direita, ao lado da princesa de Gales, Kate Middleton, durante evento oficial da família real em 2012. — Foto: Kirsty Wigglesworth/ AP 2 de 2 Lady Susan Hussey, à direita, ao lado da princesa de Gales, Kate Middleton, durante evento oficial da família real em 2012. — Foto: Kirsty Wigglesworth/ AP

Lady Susan Hussey, à direita, ao lado da princesa de Gales, Kate Middleton, durante evento oficial da família real em 2012. — Foto: Kirsty Wigglesworth/ AP

A herança do passado colonial, os pedidos de reparação pela escravidão e pedidos de independência vêm ofuscando a visita de membros reais a países caribenhos. Em março passado, William e Kate, os mais populares da monarquia, enfrentaram protestos violentos em Belize, Jamaica e Bahamas, que obrigaram o casal a cancelar vários eventos.

O preconceito exposto por Lady Hussey só mostra que Charles precisa fazer muito mais para convencer os súditos e refletir uma monarquia moderna e inclusiva, além da agilidade na resposta às ofensas raciais.

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